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DA LITERATURA
com
ANNABELA RITA
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“O Silêncio” de Sophia:
diário de leitura |
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Continuo, com esta leitura de “O Silêncio” (1966),
de Sophia,
o mesmo movimento de sucessivas travessias do mesmo território,
recompondo e desdobrando um itinerário percorrido em aulas e em textos.
Um conto potenciando e
conciliando seis etapas e seis hipóteses interpretativas/analíticas,
articuladas por uma progressiva esteticização e pela polissemia e
conjugação de certos motivos (noite, prisão, muro, grito, silêncio). Uma
viagem sobre outras, depois delas (dispensando a observação do
pormenor já analisado nessa experiência anterior), apenas evidenciando o
raciocínio que conduz de uma hipótese interpretativa/analítica à
seguinte através de elementos textuais que promovem esse trânsito: do
nível mais literal à memória que lhe subjaz. |
Primeiro dia
A primeira impressão da leitura do
conto é a de que nele se narra um episódio da vida de Joana |
Narrativa
fortemente informada de descrição, o conto “O
Silêncio” (1966),
de Sophia de Mello Breyner Andresen, parece sintetizar e exprimir a vida
de uma personagem, Joana, através de um quotidiano dominado pela rotina
das suas tarefas domésticas.
Tripartido, nele se sucedem três
momentos completamente diversos: o das tarefas domésticas de Joana, o do
“grito” que a perturba e o do silêncio subsequente. Momentos com
enquadramentos que conferem ciclicidade ao texto: o da interioridade da
casa, o da exterioridade da rua observada da janela e, de novo, o da
interioridade doméstica da casa.
“O silêncio” anunciado pelo título
atravessa e modula todo o universo diegético, vivendo a metamorfose
que o conduz da tranquilidade, passando pela estranheza da limpeza
obsessiva de Joana, à inquietação “atenta” (primeiro momento ficcional),
ao contraste contrapontístico com “o grito” (segundo momento) e, deste,
à sua manifestação “opaco e sinistro” (p.54). Protagonista metamórfico,
acaba por se tornar equivalente do universo ficcional e da escrita em
que este se gera, insinuando-se como instância em que se projecta e se
duplica o sujeito de escrita no seu trabalho de elaboração estética,
arquitectónica, escultórica, plástica, enfim:
“O silêncio desenhava as
paredes, cobria as mesas, emoldurava os volumes, recortava
as linhas, aprofundava os espaços. Tudo era plástico e
vibrante, denso da própria realidade. O silêncio como um estremecer
profundo percorria a casa.” (p. 48, sublinhados meus)
Animizado, protagonista e autoral,
esteticizante, o silêncio emoldura, com a litera que o descreve,
o pictórico que nela vai inscrevendo. O “estremecimento profundo”
denuncia a progressão do encontro entre os discursos, os imaginários: o
do conto e o do quadro, o de Sophia e o de Munch.
O discurso cria, retoricamente, a
moldura para o narrativo, investindo esse mesmo silêncio
de uma transformação preparatória:
“O silêncio era agora maior. Era como
uma flor que tivesse desabrochado inteiramente e alimentasse todas as
suas pétalas” (p. 49)
E vai dirigindo a minha atenção e a de
toda a realidade ficcional para um acontecimento que, a um tempo,
anuncia, protela e centra:
“As coisas pareciam atentas. E a
mulher que lavara a loiça procurava o centro dessa atenção.” (p.49)
Até que acontece “o grito”,
também ele central, metamórfico (“Um longo grito agudo, desmedido. Um
grito que atravessava as paredes, as portas, a sala, os ramos do
cedro.”, p.51), e colocado em perspectiva pelo olhar de Joana
através da “janela”, triplamente emoldurado, portanto: pelo silêncio,
pela janela e pelo campo visual de Joana.
Depois, regressa “o silêncio”, “opaco e
sinistro”, enquadrando uma personagem igualmente transformada pelo
acontecimento:
“Joana voltou para a sala.
Tudo agora, desde o fogo da estrela até ao brilho polido da mesa, se
tinha tornado desconhecido. Tudo se tinha tornado acidente absurdo, sem
ligação, sem reino. As coisas não eram dela, nem eram ela, nem estavam
com ela. Tudo se tornara alheio, tudo se tornara ruína irreconhecível.
E, tocando sem os sentir o
vidro, a madeira, a cal, Joana atravessou como estrangeira a sua casa.”
(p. 55) |
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Segundo dia
A semelhança entre a ficção e a
realidade portuguesa datada pelo e no texto (1966)
e os motivos emblemáticos
da repressão
(prisão, muro, rua, noite, silêncio, do grito reprimido ao uivo, etc.)
insinuam a suspeita de uma outra dimensão semântica:
a da denúncia do status quo de Portugal anterior
ao do 25 de Abril de 1974 |
A data de
escrita do conto, 1966, e a coincidência entre o esquema accional e o
quotidiano da sociedade portuguesa de então, marcado pela repressão
política sensibilizam-me a outra dimensão significativa do conto: a de
denúncia dessa situação, com a crítica ao poder e a expressão da
angústia da comunidade. A Ética subsumindo-se na Estética, como o
proclamava Sophia, interventiva… |
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Terceiro dia
A emblematicidade simbólica dos
motivos da repressão
(prisão, muro, rua, noite, silêncio, do grito reprimido ao uivo, etc.)
insinuam a suspeita de uma dimensão universal, parabólica:
a da denúncia da repressão política
em qualquer sociedade,
em qualquer tempo |
No entanto, os motivos da repressão têm
uma referencialidade indefinida: prisão, muro, rua, noite, silêncio,
grito, etc. dizem-nos de uma cidade nunca identificada. Essa
indefinição confere à sua simbólica universalidade: o episódio encena,
em jeito de parábola, uma hipótese existencial
de qualquer sociedade, em qualquer tempo, em qualquer lugar…
Quarto dia
Além disso, o simbolismo
da estrutura tripartida e contrastiva do conto
insinuam a suspeita
de um outro nível de significação ainda:
o de que o episódio da
vida de Joana evidencie
um conhecimento do
universo
e um itinerário
para aceder a ele.
Um episódio da vida de Joana como
símbolo de um conhecimento do universo e itinerário
para aceder a ele.
A dimensão simbólica do episódio
sugere-o como representação de um itinerário de perda da
inocência na compreensão/percepção da vida: da convicção do paraíso
existencial à de consciência de que a vida integra o
sofrimento e a morte. Conhecimento protagonizado emblematicamente
pelo anjo da Melancholia I (1514) de Dürer, sofrimento expresso
nesses
pathos
que a Arte tem simbolizado diversamente na
linhagem
das Pietàs
(de Miguel Ângelo, 1499, e tantos outros), dos Lamentos, dos
Requiems, dos memento mori (vanitas, danças
macabras, naturezas mortas, etc.), dentre outras.
E, nessa Joana que, após o regresso do
silêncio, mas “opaco e sinistro”, “atravess[a] como estrangeira a sua
casa” (p. 55), evocando a problemática existencialista equacionada por
Albert Camus (L’Étranger, 1942) e tantos outros, creio
reconhecer-me também a mim, leitora, a reler agora o texto, a
reinterpretá-lo em função do que evoquei… |
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Quinto dia
O reconhecimento
da quase coincidência entre a descrição do grito ficcional (conto
de Sophia) e
a do que está na origem
do pictórico (quadro de Munch) impõe a relação interdiscursiva de
um com o outro, mas também convoca toda uma linhagem estética a que
aquele deu origem |
A meio da estrutura ficcional de “O Silêncio”, de Sophia, o seu centro
nevrálgico,
abre-se “uma fenda” na unidade do universo para e evocação intertextual:
“o grito” (atente-se no artigo definido precedendo esta primeira
ocorrência do substantivo), “um longo grito agudo, desmedido” (p. 51)
e “o rosto torcido e desfigurado” (p. 52) da mulher lembram
irresistivelmente os seus correspondentes pictóricos
d’ “O grito” (1893), de Edvard Munch.
O discurso literário convoca outro, o pictórico, cuja alteridade faz
reconhecer no seu “tecido”, mesmo quando o assimila. Isto, mesmo quando
o evocado é substancialmente modificado, como acontece neste caso (em
vez da ponte, da figura solitária e do rio, p. ex., passamos a ter a
rua, o par e a cidade), e desde que o reconhecimento seja possível.
Porque ela “gritava como se quisesse atingir um ausente” e “acordar um
adormecido” (p. 54), como que desejando abalar-me a ponto de estimular
em mim a memória obrigando-me a recordar O Grito (1893), de E.
Munch.
Colocado, assim, em perspectiva, o
quadro de Munch deixa de ser um simples objecto para se tornar
acontecimento (até pela deformação dessa imagem original), captando
muito mais eficazmente a minha atenção, pois “a dinâmica é a própria
essência da experiência perceptiva”.
Desse modo, o conto afirma uma relação cognoscente e
estético-cultural com o quadro e, mais ainda, denuncia essa relação
como uma força exercida no seu próprio desenvolvimento.
Em perspectiva, também adquire
monumentalidade, insinuando a homenagem ou a inscrição na
linhagem estético-cultural da modernidade: agónica, depressiva,
decadente. Linhagem que encontra emblemáticas figurações n’ O Grito
(c. 1898) de Rodin ou n’ A Mulher a chorar (1937, múltiplas
versões), de Picasso, que nela ensaiou diferentes estudos para uma das
figuras do seu Guernica (1937). |
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Sexto dia
O reconhecimento,
no conto, da centralidade de um dos motivos, imagem nuclear na História
de Arte Ocidental (a janela), na maiusculação da Arte, faz-me
pensar que também será possível encará-lo como uma espécie de lugar
onde se inscreve
esse padrão estético: a
perspectiva |
A meio da estrutura de “O Silêncio”, o
seu motivo e centro nevrálgico abre “uma fenda” na unidade do universo,
mas também nesse universo da unidade que constitui o próprio texto,
factor que é de evocação intertextual:
“Foi então que se ouviu o grito.” (p.
51)
“Um longo grito agudo, desmedido. Um
grito que atravessava as paredes, as portas, a sala, os ramos do cedro.”
(p.51)
“o rosto torcido e desfigurado [da
mulher]” (p. 52) |
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A “fenda” parece tornar-se também metáfora do procedimento citacional,
pelo qual um discurso convoca outro (abre-se-lhe, cria espaço para ele)
cuja alteridade faz reconhecer no seu ‘tecido’. Isto, mesmo quando o
evocado é substancialmente modificado, como acontece neste caso (em vez
da ponte, da figura solitária e do rio, p. ex., passamos a ter a rua, o
par e a cidade), e desde que o reconhecimento seja possível.
Em suma, o discurso dirige
o meu olhar, simulando acompanhar a observação da personagem Joana, que
institui como ponto de vista organizador da experiência perceptiva,
responsável por destacar e hierarquizar o perceptível em função do par
“figura” e “fundo” (portanto, de criar o seu próprio objecto
representando-o como uma parte de uma suposta realidade),
oferecendo-mo, emoldurando-mo.
Criada a moldura e
multiplicada por níveis perceptivos (da janela, do olhar,
da escuta e do discurso em que todos estes se vertem), a arquitectura
ficcional coloca em perspectiva o objecto “grito”, distribuindo
por esses níveis de intelecção diferentes hipóteses
interpretativas, distinguindo-as e demonstrando como as sobrepõe: as
que estamos a perscrutar e outras que não nos ocorrem...
Em suma, o conto encena, na
estrutura efabulativa, a equivalência processual entre citação e
perspectiva: abertura, recorte, selecção, convocação e integração. Ut
pictura poesis… |
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Então:
Eis-me a expandir a ideia da
museologia de uma memória íntima deste conto à da imbrincação de uma
interdiscursividade textual numa intermedialidade estética
ocidental.
Neste texto, como no objecto
artístico, em geral, certos momentos textuais insinuam e/ou
sublinham imagens que me fazem evocar também outros
autores e discursos estéticos, reconhecer outra memória, que
excede a obra lida e a do próprio autor, mas que a esclarece e lhe
confere maior densidade. Memória textual em que semi-coincidem,
sobreimprimindo-se, a autoral, a(s) do(s) leitor(es) efectivo(s) e
potencial(is)… |
Notas |
Sophia
de Mello Breyner Andresen. “O Silêncio” (1966) in Histórias
da Terra e do Mar, 7ª ed., Lisboa, Texto Editora, 1994, pp.
45/55.
Dispersos
e diversos, esses ensaios estão sintetizados no capítulo ”Munch,
Sophia e Rui Nunes: quando o grito ecoa” do volume II de No
Fundo dos Espelhos. Em visita, Porto, Edições Caixotim, pp.
209-242. Originalmente, os ensaios foram: Annabela Rita. “Quando
o grito ecoa no silêncio”, Românica (8), Lisboa,
Departamento de Literaturas Românicas da Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa, 1999, pp. 131/142 (também em separata);
“Entre o grito e o silêncio, em exaltação e espanto de Sophia de
Mello Breyner. De Sophia a Rui Nunes”, Faces de Eva. Estudos
sobre a Mulher (nº11), Lisboa, Centro de Estudos sobre a
Mulher, 2004, pp. 89/104.
Sophia
de Mello Breyner Andresen. “O Silêncio” (1966) in Histórias
da Terra e do Mar, 7ª ed., Lisboa, Texto Editora, 1994, pp.
45/55.
Milan Kundera, n’ A Arte do Romance, distingue o
romancista do historiador, dizendo que ele “não examina a
realidade, mas sim a existência”, acrescentando:
“E a existência não é o que se passou, a existência é o campo
das possibilidades humanas /.../. Os romancistas elaboram o mapa
da existência ao descobrir esta ou aquela possibilidade humana.
Mas /.../: existir significa: ‘estar-no-mundo’. É preciso,
portanto, compreender quer a personagem quer o seu mundo como
possibilidades.”
”Um
romancista não é nem um historiador nem um profeta: é um
explorador da existência.”
(A
Arte do Romance, Lisboa, Dom Quixote, 1988, pp. 58 e 60).
T. S. Eliot. Ensaios de Doutrina Crítica (com pref.,
selecção e notas de J. Monteiro-Grillo), Lisboa, Guimarães
Editores,1962; “A tradição e o talento individual”, pp. 19/32.
Sobre a
pregnância semântica do centro, cf. Rudolf Arnheim.
O Poder do Centro, Lisboa, Edições 70, 1990.
É quase
irresistível a evocação de uma passagem do diário de Munch que
faz lembrar a cena do quadro de 1893, do qual existem múltiplas
versões:
“Eu
estava a passear cá fora com dois amigos e o Sol começava a
pôr-se - de repente o céu ficou vermelho, cor de sangue -. Eu
parei, sentia-me exausto a apoiei-me a uma cerca - havia sangue
e línguas de fogo por cima do fiorde azul-escuro e da cidade -
os meus amigos continuaram a andar e eu ali fiquei, em pé, a
tremer de medo - e senti um grito infindável a atravessar a
Natureza.” (cit. por Ulrich Bischoff. Munch, Lisboa,
Taschen, s.d., p. 53, sublinhados meus)
As
descrições de Sophia e de Munch assemelham-se de modo
incontornável: “Um longo grito agudo, desmedido. Um grito que
atravessava as paredes, as portas, a sala, os ramos do cedro.”
(p.51) faz ecoar “um grito infindável a atravessar a Natureza”.
Referir-me-ei ao quadro de 1893, do qual existem múltiplas
versões.
Rudolf
Arnheim. Arte & Percepção Visual. Uma Psicologia da Visão
Criadora, 2ª ed., S. Paulo, Livraria Pioneira Editora, 1984,
p. 409. Cf. também sobre este assunto pp. 363/400.
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Annabela Rita (n. 1958). Doutorada em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea pela Universidade de Lisboa, em cuja Faculdade de Letras é professora. Integrou a MRPB - Missão para o Relatório sobre o Processo de Bolonha (2003-04) e, actualmente, é Conselheira para a Igualdade de Oportunidades do MCTES. Directora do Centro de Literaturas de Expressão Portuguesa das Universidades de Lisboa, investigadora do Centro de Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira (Universidade Católica Portuguesa) da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, coordenadora de um projecto do Centro de Estudos de Culturas Lusófonas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, membro da Direcção da Associação Portuguesa de Tradutores, do P.E.N. Clube Português, da Associação Portuguesa de Críticos Literários, etc., além de integrar os Conselhos Consultivos da Fundação Marquês de Pombal e do Instituto de Cultura Europeia e Atlântica, tem colaboração ensaística dispersa em periódicos e obras colectivas da especialidade em Portugal e no estrangeiro. As suas principais publicações: Eça de Queirós Cronista. Do “Distrito de Évora” (1867) às “Farpas” (1871-72), Lisboa, Cosmos, 1998; No Fundo dos Espelhos. Incursões na Cena Literária (vol. I), Porto, Edições Caixotim, 2003; Labirinto Sensível (em co-autoria com Casimiro de Brito), Lisboa, Roma Editora, 2003; Breves & Longas no País das Maravilhas, Lisboa, Roma Editora, 2004; O Mito do Marquês de Pombal (em co-autoria com José Eduardo Franco), Lisboa, Prefácio, 2004; Emergências Estéticas, Lisboa, Roma Editora, 2005 (a sair); No Fundo dos Espelhos. Em Visita, Porto, Edições Caixotim, 2005 (a sair). Tem a direcção de três colecções literárias: “Obras de Almeida Garrett” (Edições Caixotim), “Faces de Vénus” e “Faces de Penélope” (Roma Editora). |
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