Procurar textos
 
 

 

 

 



 





:::::::::::::::::::::::::::::::::Ana Luísa Janeira

 NOTAS DE VIAGEM*
SOBRE FORMAS DE GLOBALIZAÇÃO HISTÓRICA
EM MISIONES

III - MBYA KMRA O MOMBARETE ORE REKO
(OS GUARANI FORTIFICAM A SUA CULTURA)

O território de Missões (Nordeste da Argentina, Sul do Brasil e Paraguai) tem dentro de si uma singularidade histórica, pois foi revelando, ao longo dos séculos, a qualidade de mostrar grande abertura ao acolhimento.

Na verdade, nele ocorreu uma capacidade de abrigo muito especial, guardando no seu passado acontecimentos onde se destacaram duas chegadas fundamentais: os jesuítas e os emigrantes.

Infelizmente, verifica-se um vazio entre ambas, a ponto dos habitantes integrarem mal esses dois momentos: por um lado, a realidade missioneira não é devidamente incorporada no quotidiano, não ajudando à definição de uma identidade cultural, sendo que esta é ainda mais necessária em tempos de globalização; por outro lado, os aborígenes não estão sendo devidamente integrados, continuando numa procura interna de si mesmos, não sendo ouvidos nas suas demandas.

Assim, a complexa situação deste território merece uma reconfiguração da realidade guarani-missioneira, tendo em conta que esta cultura deve ser valorizada como a estrutura primeira onde ele foi modelado.

Neste sentido, é importante que se estabeleçam dinâmicas e concretizações que permitam que todos os seus habitantes adquiram uma formação básica, para que reconheçam um fundo cultural comum, o que terá de envolver um mais intimo conhecimento mútuo.

Segundo uma perspectiva educativa voltada para a necessidade de destacar as capacidades que os jesuítas conseguiram encontrar nos nativos, tem de se salientar que as oficinas corresponderam a uma filosofia bem determinada e precisa sobre o modo de estabelecer os contactos.

Se é certo que havia um fundo comum de condições requeridas para garantir a sobrevivência, a que os padres davam especial atenção, também é certo que as oficinas traduziram a materialização de um modelo inaciano adaptado à realidade envolvente. O que significa desenvolver apetências em que o manual e artístico se encontram integrados como elementos de autoprodução e de autoconsumo.

COORDENAÇÃO

Geral – Ana Luisa Janeira

Local – Rita Bulffe (área educativa), Lorena Halberstadt (área artística)

EQUIPA

Argentina

PRODUTOS

- Na sequência do pedido de uma escola bilingue (mbyá guarani + castelhano), expresso pelo Cacique Antonio da Comunidad Aborigen Santa Ana Mini, julga-se muito conveniente que o processo oficial do seu estabelecimento seja acompanhado por este caminho confluente: uma escola-oficina experimental (ex: trabalho na madeira, construcão de instrumentos musicais, coro, redescoberta da cerâmica, reconstrucão da história guarani por eles próprios, etc), que se chamará, por escolha do Cacique, ARAPYAU – Novo Dia/Novo Amanhecer, e estará localizada dentro da comunidade.

- Julga-se ainda conveniente que se prepare um livro artesanal bilingue onde, ouvidos os guaranis e reunidos textos e imagens históricas, se transmitam, numa linguagem muito acessível para a população do ensino primário de Misiones, Aspectos da História e da Cultura Quotidiana dos Guarani.

CRONOGRAMA

- A escola-oficina começará em Outubro de 2006.

- Cada participante escreverá um texto de 10 páginas – arial 12, intervalo de 1,5 – sobre um tema da sua escolha, até à Páscoa de 2007. Depois de lidos por toda a equipa e preenchidas as lacunas, os textos serão entregues a um(a) escritor(a) de livros para crianças.

 

 NOTAS DE VIAGEM-INDEX

ANA LUÍSA JANEIRA . Professora Associada com Agregação em Filosofia das Ciências do Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa .

Rua Ernesto de Vasconcelos, 1700 Lisboa, tel. 351.217573141, fax 351.217500088 .

Co-fundadora, primeira coordenadora e actualmente investigadora do Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa (CICTSUL) .

Instituto de Investigação Científica Bento da Rocha Cabral .

Calçada Bento da Rocha Cabral, 14 - 1250-047 Lisboa

janeira@fc.ul.pt . aljaneira@sapo.pt