MISIONES Fotos de Rita Bulffe, Gloria Miguel e Ana Luísa Janeira 25-11-2006 www.triplov.com |
NOTAS DE VIAGEM |
Quase uma banalidade para quem as visita: como são mágicas as ruínas missioneiras!!! Quase uma constante para quem as percorre: como terá sido o cataclismo para tamanha destruição?
Quase uma angústia civilizacional: uns construíram casas, ruas e cidades uns tantos desviaram estatuária outros roubaram cerâmicas outros tantos enriqueceram colecções próximas e museus distantes O desgaste natural fez também das suas, claro. Ao longo de séculos, viajantes, forasteiros e especialistas falaram dos remanescentes, segundo posições ideológicas diferentes e manifestando particularidades marcadas pelas épocas. Para gáudio de muitos, os mais importantes foram elevados a Património Mundial pela UNESCO, no final do século passado. A magia é inquestionável, como é inquestionável que coube ao paradigma romântico despertar o mistério, misto de materialidade e de inatingível, que os restos abraçam. E fê-lo pela poesia, romanceiro ou crónica de costumes. Todavia esta sensação primeira merece ser complementada pelo pensamento que pensa como estas ruínas demonstram: os limites de cada tempo (optimismo oitocentista e positivista)? os prejuízos étnicos (logocentrismo, eurocentismo)? o centrismo cultural (marginalização dos guarani)? o analfabetismo educativo (desvalorização do patrimómio material e imaterial)? os preconceitos anticlericais (antijesuitísmo)? etc,, etc.. Arrogância! Erros nossos! Trazendo a configuração para uma questão de cidadania e de responsabilidade actual: * que opções (valores humanos e projectos sociais) perpassam pelas construções nas reduções jesuíticas-guarani e pelas casas aborígenes em Santa Ana Miní? * o que se ganhou e se perdeu entretanto?
Ana Luísa Janeira, Montemor-o-Novo, Portugal num dia de chuva propício a recordar |