SUBSÍDIO PARA O CATÁLOGO DA TRATADÍSTICA ANTIGA (ATÉ 1800)
DE ALQUIMISTAS ESTRANGEIROS E
SEUS CONTRADITORES, EM CIRCULAÇÃO EM PORTUGAL (1)
Manuel Gandra
ABANO, Pietro d (1250-1316)
Médico e filósofo, adepto de Averróis. Cursou medicina e filosofia em Paris, tendo-se estabelecido em Pádua, onde ganhou reputação como médico, astrólogo e alquimista. Duas vezes incriminado pelo Santo Ofício, foi absolvido da primeira acusação, tendo falecido antes de julgado da segunda. Mesmo assim, a Inquisição ordenou que fosse exumado e queimado, o que um amigo frustrou, trasladando secretamente o seu cadáver. Em consequência, foi sentenciado em efígie. Autor do Conciliator controversiarum quae inter Philosophos et Medicos versantur (Veneza, 1565 [PNMafra: 1-18-8-3]), citado por Lúcio Cipião no interrogatório a que foi submetido pelo Santo Ofício português.
AEYRENAEO PHILALETHA
Pseudónimo de autor seiscentista, também denominado Cosmopolita. Declara ter obtido a Pedra Filosofal em 1645, com 23 anos, e feito amizade com Robert Boyle. Autor de El Mayor Thesoro: Tratado del Arte de la Alchimia, ò Chrysopoeya que ofrece la entrada abierta, al cerrado Palacio del Rey compuesto por [...], Philosopho, y Adepto de la Piedra Philosophal. Traducido de latin en lengua castellana por Theophilo, no Adepto, sino apto escrutador del Arte, Ilustrado de varias questiones, que real y physicamente, con razones, y experiencias, de la transmutacion de los metales, evidencian la possibilidad de la Alchimia, y de una Analysis del mismo Arte, para norte de sus aficionados, y alumnos. Anadido con una mantissa metalurgica, que clara, è individualmente ensena el modo de hazer los ensayes por fuego, y por azogue, muy util, y provechosa para el beneficio de Minas. Y le dedica Al Excelentissimo Senor Duque de Arcos, etc. (Madrid, 1727 [ACCiências: E 746 / 13]). Trata-se de tradução da iniciativa de D. Francisco António de Texeda, suscitada pelos escritos de Feijó contra a Alquimia. Edição citada in Ennoea. Ver Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 1, p. 236-326 (Entrada aberta no Palácio encerrado do Rei) [PNMafra: 2-32-3-26]; Manget, v. 2, p. 661 (idem, Tractatus de Mettalorum Metamorphosi e Brevis Manuductio ad Rubium Caelestem); Musaeum Hermeticum Reformatum (Introitus apertus ad occlusum regis palatium; Metallorum metamorphosis; Brevis manuductio ad rubinum coelestem e Fons chymicae veritatis). A propósito da polémica Texeda-Feijó, ver Diego Torres Villarroel (El Ermitano y Torres, 1726) e, ainda, Francisco Sebastián Bruno, Clara y verdadera explicación de la composición del mercurio simple de los filosofos, que enigmaticamente describió el anónimo AEyraneo Philaletha Cosmopolita.
AGRICOLA, George (1494-1555)
Georg Bauer. Pai da metalurgia ocidental. Estudou Filosofia e Teologia, em Leipzig, Medicina (com Berengario da Carpi), em Bolonha e Pádua. Médico (1543), Diplomata ao serviço do duque da Saxónia (1546) e Burgomestre (1546, 1548, 1551 e 1553), em Chemnitz.
Obra:
De natura eorum qui effluent ex terra, libri 3, in Balneis omnia [PNMafra: 1-18-12-17] O autor da Relação anónima da Destruição de Lisboa e famosa desgraça que padeceo no dia primeiro de Novembro de 1755 (Lisboa, 1756) não aceita a doutrina de Agricola aqui exposta, segundo a qual os terramotos podem ser causados por demónios subterrâneos que habitam no seio da terra;
De Ortu et Causis subterraneorum, libri V, Basileia, 1546 [BSRoque; BN: SA 1821 A], 1558 [BN: SA 1824 A]. Citado por Manuel Bocarro Francês (Anacephaleoses da Monarquia Lusitana);
De animantibus subterraneis, Basileia, 1549 [BSRoque, BN: cod. 7393] Sobre os animais subterrâneos. Trata dos elementais, dos bons e maus espíritos das minas, dos espíritos que matam com o hálito e dos kobolds;
De Re Metallica, Basileia, 1556 [BSRoque; BN: SA 1820-23 A], 1561 [BN: SA 4946 A], 1621 [BN: SA 1822 A], 1657 Obra dedicada ao duque Maurício de Sax, impressa postumamente e constituída por doze livros. Constitui a coroa de todo o seu labor e fonte de abundante informação sobre mineração, metalurgia e minerais, só suplantada pela obra de Schluter (1738). Edições em língua alemã (1557, 1580, 1621, 1928 e 1953), italiana (Florença, 1563), inglesa (Londres, 1912, trad. Herbert Hoover; Nova Iorque, 1950), russa (1962), japonesa (1968), espanhola (1972), húngara (1985) e francesa (1992). Regista dois métodos (sétimo e oitavo) de lavra do ouro utilizados pelos lusitanos: O oitavo método era utilizado nas regiões dominadas ou sob influência dos Lusitanos e não é diferente do anterior (sétimo método: sem corrente de água). Eles constroem uma grande série de valas fundas nos canais, declives e depressões dos montes. A água corre através destas valas - quer a neve derretida pela acção do sol, quer a chuva transportam junto a terra e a areia e com ela pedras semelhantes ao estanho. No caso dos Lusitanos as partículas de ouro são separadas dos veios e torrentes. Assim que toda a água da corrente desaparece os mineiros tiram a matéria-prima das valas com pás de ferro e lavam-no num vulgar bolinete. [...] Outros povos, entre os quais os Lusitanos, fixavam nos lados do bolinete - com cerca de seis pés de comprimento e um e meio de largura - diversas travessas que retêm a areia num plano inclinado, as quais estão distanciadas entre si um palmo. O explorador ou a sua mulher deita a água na parte superior do bolinete onde se encontra a areia que contém partículas de ouro. À medida que a areia escorre, ele agita-a com um rodo de madeira movimentando-o transversalmente na caixa. Com um ponteiro de madeira ele vai retirando constantemente os sedimentos que se depositam nas bolsas entre as travessas, ficando ali alojadas as partículas de ouro, enquanto a areia e outros materiais estéreis são levados pela água para uma celha colocada por debaixo do bolinete. Retiram-se então as partículas do metal com uma pequena pá de madeira para uma bateia. Com esta bateia - que não excede as medidas de um pé e um quarto -, a qual ele movimenta para cima e para baixo na corrente, pode-se obter o ouro em partículas. Com aquele movimento a areia escorre do prato e o ouro em pó fica retido na concavidade central. Alguns utilizam uma bateia que é estriada interiormente como uma concha mas com uma pequena abertura por onde a água sai. Contudo, esta pequena abertura é mais estreita na parte anterior. As depressões e as estrias são escavadas ou queimadas paralelamente no fundo do bolinete. O fundo é formado por três pranchas de dez pés de comprimento e de cerca de quatro pés de largura mas só do lado inferior, através do qual a água é escoada. Este bolinete, que tem também tábuas laterais fixas nas bordas, está cheio de cavidades redondas e de estrias que lhes dão acesso, existindo duas estrias para uma cavidade, de modo a que a água misturada com a areia possa escorrer para essa cavidade através da estria inferior. Depois da areia ter sido parcialmente depositada, a água esgota-se pela estria inferior. O bolinete é colocado no rio, na corrente ou ainda na margem apoiado em dois tripés. O primeiro tripé fica mais alto do que o segundo, de modo a que o cascalho e as pequenas pedras possam rolar no plano inclinado. O explorador atira-lhe com a areia para cima com uma pá, abrindo uma vala e deitando a água que transporta as partículas de metal com pouca areia para as cavidades. Enquanto que o cascalho e as pequenas pedras caem para uma celha colocada por baixo do bolinete. Assim que as cavidades então cheias, ele escoa o concentrado e lava-o na bateia. O explorador repete esta operação várias vezes.
Bibliografia: CUSTÓDIO, Jorge, Almada mineira, manufactureira e Industrial, in Almadan, s. 2, n. 2 (Jul. 1993), p. 89-103.
ALBINEI, Nathanis
Ver Manget, v. 2, p. 387: Carmen Aureum e Aenygma.
ALDRETE Y SOTO, Luis de (c. 1600-1689 )
Aguazil-Mor da Inquisição, Regedor perpétuo da cidade de Málaga e seu Procurador-Mor na Corte de Madrid. Autor de La Verdad Acrisolada. Ilustrado con Letras Divinas y Humanas, Padres, y Doctores de la Iglesia. Respondiendo al auto del proto-medicato, en que prohibe la Medicina Universal. Y al Papel del Dr. Juan Guerrero, que intitula: Sol de la Medicina (Valência, 1682 [PNMafra: 2-30-12-21]). Contraditado por Justo Delgado de Vera (Defensa, y respuesta, justa y verdadera, de la medicina racional, y philosophica, profanada de las imposturas de la chimia, introductora de el remedio universal, y agua de la vida de Alderete, Madrid, 1687) e Pedro de Godoy (Segundo discurso serio-jocoso sobre la nueva inventiva de la agua de la vida, s. l., 1682 [PNMafra: 1-18-6-9]). No Castelo Forte (1723) de João Lopes Correia é citado o unguento de Alderete e na Farmacopeia Tubalense (1751) a água de vida de Alderete.
ALONSO BARBA, Alvaro
Religioso no México e célebre artista das minas de Potozi. Autor de Arte de los metales, en que se ensena el verdadero beneficio de los de oro y plata por azougue [...] nuevamente anadido con el tratado de las antiguas minas de Espana que escrivió D. Alonso Carrillo y Laso (Madrid, [1729]) [PNMafra: 2-41-4-29] A edição príncipe remonta a 1640. Tradução francesa: Traité de l Art métalique (Paris, 1730) com uma memória sobre as minas de França da responsabilidade do editor da obra e alegado alquimista, Charles Hautin de Villars.
[ANÓNIMO]
Ver Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 1, p. 13-48: Turba dos Filósofos ou Assembleia dos Discípulos de Pitágoras, chamado o Código de Verdade) [PNMafra: 2-32-3-26].
[ANÓNIMO]
Veritas Hermetica Veritatem Quaerenti (1620) [BN: IL 194]. Ms. papel, 124 fl. (330 x 207 mm), ostentando o carimbo da Biblioteca do Rei D. Carlos de Portugal. As primeiras séries consistentes de ilustrações alquímicas realizadas na Europa datam dos finais do séc. XIV e inícios do XV. Regra geral, têm sido sistematizadas em três grandes grupos: 1. O das ilustrações alegóricas, o qual se desdobra numa infinidade de tipologias e de que são conhecidos inúmeros exemplos (Libro della Santa Trinita, Aurora Consurgens, Atalanta Fugiens de Michel Meier, Viridarium de Stolcius, etc.); 2. O das cifras criptográficas, hieróglifos e esquemas geométricos, subentendendo a geometria pitagórica como ciência da proporção universal, a arte da memória, e a especulação sobre o valor místico dos números; 3. O dos instrumentos de laboratório, legitimando a simbiose entre uma téchné (arte com valor sapiencial e não meramente empírica) e a certeza da epistemé (a ciência à qual o alquimista confere carácter mistérico, inacessível à razão). Neste derradeiro grupo pode ser integrado Veritas Hermetica Veritatem Quaerenti. Tanto neste tratado, quanto nas séries idênticas da Sapientia Veterum sive doctrina eorundem de Summa et Universali Medicina (Bibliotecas do Arsenal de Paris: ms. 974; Marciana de Veneza: cod. Marc. Lat. VI. 305=2424; da Academia dei Lincei de Roma: Verginelli-Rota ms. 37; e Filosófica Hermética de Amesterdão) ou do Pretiosissimum Donum Dei [per] Georgium Anrach (Biblioteca do Arsenal de Paris: ms. 975), bem como na congénere Pyrosophia ou Elementa Chemiae de Johann Conrad Barchusen (1666-1723), estampada em Leyden (1698), encontram-se ilustradas as aplicações alquímicas da teoria dos elementos adoptada pela Filosofia Hermética, conforme o axioma maior da Obra: Solve et Coagula. O didactismo de que se revestem todos os ciclos enunciados mais salienta o valor noético da imaginação, distinta da fantasia gratuita, como instrumento fundamental das operações alquímicas. A exaltação da Quinta Essência resulta da conversão dos elementos mediante uma sucessão de operações que se resumem a uma única: a decocção filosófica ou circulação sublimatória reiterada até à perfeita fixação. Tal Quinta Essência constitui o Mercúrio dos Filósofos ou 5º Princípio dos mistos, composto daquilo que de mais puro existe nos elementos, os quais diferem, tal como as operações, dos da química vulgar, porquanto o fogo dos Filósofos está encerrado na sua terra e não se separa dela e o ar está contido na sua água (Dom Pernety). O carácter sagrado da Arte, assim iconografada, ressalta do discurso cosmogónico que o funda, o qual, centrado na actividade, ora descendente ora ascendente, da pomba ou Espírito Universal (simultaneamente agente e paciente da Grande Obra e sua verdadeira incógnita), ilustra o percurso da matéria pelas etapas vegetativas ou cristalizações que medeiam entre o caos original do Genesis e a perfeição derradeira do Filius Philosophorum, o Bem-aventurado que tem parte na Árvore da Vida e acede à Cidade Santa do Apocalipse pela porta.
Bibliografia: CASTELO BRANCO, Anselmo Caetano Munhós de Abreu Gusmão e, Ennoea: ou aplicação do entendimento sobre a Pedra Filosofal (ed. fac-similada com nota preambular de Manuel J. Gandra), Mafra, 1987; CORREIA, Francisco, Inventário da Colecção dos manuscritos iluminados da Biblioteca Nacional, in Bibliografia de Arquivos e Museus, v. 1, n. 2 (1986); FABRICIUS, Johannes, Alchemy, Copenhaga, 1976; FORIANI, Alexandre, Commentaires sur dix-sept figures attribués a Jean Conrad Barchusen, in Cahiers de lHermetisme: Alchimie, Paris, 1978, p. 73-132; GANDRA, Manuel J., A Filosofia Hermética em Portugal e no acervo da Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra, in Boletim Cultural 93 da Câmara Municipal de Mafra, Mafra, 1994, p. 11- 74; ROLA, Stanislas Klossowski de, Alchimie: florilège de lart secret, Paris, 1974, p. 108-117; Um Tratado alquímico iluminado da Biblioteca Nacional: Veritas Hermetica Veritatem Qvaerenti (ed. anastática com nota preambular de Manuel J. Gandra), Lisboa, 1987.
ARISTÓTELES (Pseudo)
Muitos apócrifos lhe são atribuídos, designadamente o Secreta Secretorum, um dos mais importantes textos mediévicos, onde, dialoga com Alexandre Magno, expondo algumas considerações sobre os elixires para prolongar a vida. Ver Manget, v. 1, p. 638: De perpetuo Magisterio.
ARNALDO DE VILANUEVA (1235-1311)
Um dos maiores cientistas medievais e professor de medicina emérito, reputado por alquimista, apesar de os textos que lhe andam atribuídos serem na maior parte apócrifos, salvo o Tratado da preservação da juventude e o Rosarius Philosophorum ou Thesaurus. Muito antes de Paracelso são-lhe creditados remédios alquímicos. Uma obra de Kabbalah, intitulada Tetragrammaton (1292) valer-lhe-ia a prisão em Paris. No De Adventu antichristi et fine mundi anunciou o advento do Anticristo para o ano de 1345. Citado in Ennoea.
Obra:
Opera Omnia, Londres, 1520 e Francfurt, 1603 [Citada por Manuel Bocarro Francês (Anacephaleoses da Monarquia Lusitana)]. Ver Opuscula de Alchymia, p. 69.
Semita Semitae (ver Helvetius, fl. 69 e Manget, v. 1)
Medicina Salermitana [BN: SA 9227 P; SA 9228 P]
De Conservanda bona valetudine [BN: SA 9224-25 P; SA 9226 P]
Libro de Medicina [BN: SA 2616 A]
Praxis Medicinalis, universorum morborum humani corporis [BN: SA 2615 A]
Regimen Sanitatis [BN: SA 8172 P; BPÉvora: E 747 D/23; trad. esp. BN: Res 399 P]
De consideratione Quinta Essentia rerum omnium opus [BPÉvora: E 748 D/35e];
Rosarius Philosophorum [BPÉvora: E 350/24e] (Ver Manget, v. 1);
Testamentum (ver Manget, v. 1);
Perfectum Magisterium et Gaudium (ver Manget, v. 1);
Epistola super Alchimia (ver Manget, v. 1);
Speculum Alchimia (ver Manget, v. 1);
Schola Salermitana sive de Conservanda Valetudine praecepta metrica [PNMafra: 2-30-2-2];
Regimen Compositum ad inclitum Regem Aragonum [BPorto: cod. 84, n. 753.219, n. 3 (ms. copiado por Afonso Gonçalves, capelão do regente D. Pedro. Ano de 1442)]
Miscelânea [BPÉvora: ms. CXXI / 2-19]
Zhelozo de los pobres: libro llamado Zhelozo de pobres, en romãce com el tratado o regimiento de sanidad, Sevilha, 1541 [ConvArrábida: n. 1172, p. 311]
ARTEPHIUS
Ver Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 2, p. 144-188: Livro da Arte Secreta ou da Pedra Filosofal [PNMafra: 2-32-3-26] e Manget, v. 1, p. 505: Clavis Majoris Sapientiae.
AUGURELLO, Jean Aurelle (1441-1524)
Alquimista e poeta italiano. Professor de grego e latim em Veneza e cónego em Treviso. Autor de Chrisopoiae libri tres (Veneza, 1515; trad. francesa: Art de Faire de lOr, Lyon, 1548), obra dedicada ao Papa Leão X, o qual lhe ofereceu uma bolsa vazia dizendo-lhe que quem sabia fabricar ouro não necessitava senão do recipiente para guardá-lo. Citado por Manuel Bocarro Francês (Anacephaleoses da Monarquia Lusitana). Ver Manget, v. 2, p. 373: Chrysopoeia e Vellus Aureum.
AVERRÓIS
Ver Balneis omni quae extent e Manget, v. 2, p. 192: Thesaurus Philosophiae.
AVICENA
Aceita a teoria da geração dos metais a partir do mercúrio-enxofre, arguindo que a prata sólida pode ser produzida pela virtude do enxofre branco, com adição do mercúrio, e que um enxofre muito puro e subtil combinado com o mercúrio pode solidificar em ouro. Foi esta a base da doutrina da transmutação dos metais durante a Idade Média. Citado in Ennoea. Ver Balneis omni quae extent, Helvetius e Manget, v. 1, p. 638: De Conglutinatione Lapidum.
BACON, Rogério (1214-1294)
Franciscano, discípulo de Robert Grosseteste. No Opus Majus [PNMafra: Veneza, 1650: 2-40-4-14] expõe uma síntese coerente da filosofia natural, atribuindo uma especial enfâse à matemática, chave das ciências, embora mantendo a Teologia como Regina Scientiarum. Considerou a alquimia um dos pilares da medicina, por possibilitar a separação dos ingredientes benéficos dos prejudiciais, no que foi precursor de Paracelso. No Opus tertium demonstra conhecer a distinção entre alquimia especulativa e prática. Citado in Ennoea. Ver Manget, v. 1, p. 613: Speculum Alchimiae e De Secretis operibus Artis et Naturae et de nulitate Magiae.
BALDUÍNO, Cristiano Adolfo
Ver Manget, v. 2, p. 856: Aurum Superius et Inferius Aurae Superioris et Inferiores Hermeticum.
BARCHUSEN, Johann Conrad (1666-1723)
Estudou Farmácia e Química na Alemanha e em Viena, tendo servido no exército veneziano como médico militar. Em 1694, mudou-se para Utrecht, onde deu lições privadas de Química e construiu um laboratório. Em 1698 foi agraciado pela Universidade de Utrecht, tornando-se leitor de química na Faculdade de Medicina e professor extraordinário, cargos que desempenhou até falecer.
Obra:
Elementa Chemiae, quibus subjuncta est confectura Lapidis Philosophici imaginibus repraesentata, Leiden, 1718 [BPPorto: 1718] Informa (p. 502) que o ciclo de imagens que edita havia sido copiado de um documento existente num mosteiro beneditino da Suábia, identificado por Joahnnes Fabricius como aquele actualmente na posse da Sidney M. Edelstein Foundation Library de Nova Iorque. O manuscrito em apreço é composto por 67 aguarelas e intitulado A Coroa da Natureza ou a doutrina da medicina soberana declarada em 67 figuras hieroglíficas por um anónimo, podendo ser considerado, apesar da incorporação de algum material original, uma paráfrase do Rosarium Philosophorum. Presume-se haja sido iluminado no início do séc. XVII, uma vez que cita este tratado (1550) e a 1ª aguarela parece reproduzir um gravado do Della transmutatione metallica sogni tre (1599) de Giovanni Battista Nazari. Inspirou diversas obras congéneres: Veritas Hermetica Veritatem quaerenti [BN: IL 194]; Sapientia Veterum sive doctrina eorundem de Summa et Universali Medicina [BArsenal de Paris: ms. 974; BMarciana de Veneza: cod. Marc. Lat. VI. 305=2424; BAcademia dei Lincei de Roma: Verginelli-Rota ms. 37; BFilosófica Hermética de Amesterdão], ou o Pretiosissimum Donum Dei [per] Georgium Anrach [BArsenal de Paris: ms. 975]. É, ainda possível adivinhar parentescos com outros ciclos de imagens, tais como as do Rosarium Philosophorum, do Splendor Solis de Salomão Trimosin, do Mutus Liber, ou das Doze Chaves da Filosofia de Basile Valentin. A versão adoptada por Barchusen contém, relativamente ao protótipo, mais doze imagens, num total de 78 (introduz as 1 a 6, 9, 16-17, 74 e 77-78), acréscimo que apenas confere uma maior extensão às etapas simbólicas iconografadas: 1-5 início da Obra alquímica; 6-9 encontro inicial do Sol e da Lua; 10-13 Amor crescente do Sol e da Lua; 14-17 abertura do Vaso do Renascimento; 18-21 primeira conjunção da Obra; 22-25 desenvolvimento da Estrela da Perfeição; 26-29 putrefação do homúnculo; 30-33 embranquecimento da Obra pela ablução; 34-37 destilação circular dos elementos; 38-41 calcinação dos elementos; 42-45 fogo de reverberação calcinante; 46-49 segunda ou conjunção branca; 50-53 fermentação da pedra branca; 54-57 divisão do ovo lunar; 58-61 transformação solar do ovo lunar; 62-65 conquista da serpente mercurial; 66-69 terceira ou conjunção amarela; 70-73 putrefação da pedra amarela; 74-78 quarta ou conjunção vermelha.
Pyrosophia, [BFacCienciasLisboa]
Manual sistemático e formal, que trata os princípios da química tanto teóricos como práticos e tenta aplicar as suas demonstrações à filosofia natural, medicina, metalurgia e alquimia. A parte principal da obra descreve a iatroquímica preparadora do tipo convencional, mas o programa do seu curso de laboratório de 1695 a 1697 inclui, como apêndice ao volume, tendem a afirmar a química como a análise e síntese dos corpos pelo fogo, relegando a iatroquímica preparadora para a segunda parte do programa. Todo o curso contém secções dedicadas à análise e à alquimia.
Bibliografia: FABRICIUS, Johannes, Alchemy, Copenhaga, 1976; FORIANI, Alexandre, Commentaires sur dix-sept figures attribués a Jean Conrad Barchusen, in Cahiers de lHermetisme: Alchimie, Paris, 1978, p. 73-132; GANDRA, Manuel J., A Filosofia Hermética em Portugal e no acervo da Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra, in Boletim Cultural 93 da Câmara Municipal de Mafra, Mafra, 1994, p. 11- 74.
BECHER, Johann Joachim (1635-1682)
Químico alemão. Caído em desgraça na corte do seu mecenas, o conde de Zinzendorf, fugiria para Viena, daí passando à Holanda e, posteriormente, à Inglaterra, onde terminaria os seus dias. Os estudos que empreendeu sobre a combustão conduziram-no à aceitação da existência de um espírito do fogo, que, embora escapando para o ar, podia ser novamente aprisionado numa substância à qual transmitiria a propriedade da combustibilidade. A teoria flogística exposta pelo discípulo G. E. Stahl, havia de consagrar as suas ideias a este respeito.
Obra:
Physica Subterranea, Lipsiae, 1738 [PNMafra: 2-37-8-4] obra (cuja edição príncipe saíu em 1669) que sintetiza as teorias de Becher acerca dos minerais e outras substâncias;
OEdipus chymicus, Frankfurt, 1716 (ver Manget, v. 1, p. 306).
BERNARD Trevisan (c. 1380)
Carteou-se com Tomás de Bolonha, astrólogo e médico de Carlos V de França. Numa das cartas (1385) expõe a sua teoria dos metais (mercúrio-enxofre), afirmando que o mercúrio é o único constitutivo do ouro. Demonstra grande animosidade contra Rhazes e Geber. Citado por Manuel Bocarro Francês (Anacephaleoses da Monarquia Lusitana). Fiama Brandão afirma conhecer uma obra sua em Portugal, sem contudo, indicar qual e onde se arquiva. Ver Manget (v. 2, p. 388) e Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 1, p. 99-150: Livro da Filosofia Natural dos Metais [PNMafra: 2-32-3-26].
BERNAUDI, Nicolas
Ver Manget, v. 2, p. 713: Aenygmaticum quodam Epitaphium Bononiae ante multa Secula Marmoreo Lapidi insculptum Commentariolus.
BLAVENSTEIN, Salomão
Ver Manget, v. 1, p. 113-118: Contra Antichymisticum Mundum Subterraneum de A. Kircher.
BOERHAAVE, Hermann
Iatroquímico, representante máximo da escola humoral, denominado Communis Europae Praeceptor. Declinou convite de D. João V para vir ensinar em Portugal, onde o seu sistema, baseado na articulação de determinados fundamentos galénicos, a iatromecânica e certos príncipios da iatroquímica (aquele que mais influenciou a medicina durante o século XVIII), derrotou o animismo de Stahl, representado por José Rodrigues de Abreu. Ribeiro Sanches conta-se entre os seus discípulos. Citado por Fr. António da Anunciação. Algumas das suas obras constam do Catálogo de Livros [...] dos extintos Conventos da Estremadura (1864).
Obra:
Elementa Chemiae, Leide, 1732, 2 vols. [PNMafra: 2-30-12-12 / 13];
Elemens de Chymie, Paris, 1754, 6 vols. [PNMafra: 2-32-3-7 / 12];
Traité de la matière médicale pour servir a la composition des remedes indiqués dans les Aphorismes, Paris, 1739; [PNMafra: 2-31-2-6];
Aphorismi de cognoscendis et curandis morbis, Paris, 1755 [FacMedPorto: Paris, 1755; Lípsia e Frankfurt, 1758].
Bibliografia: WILLEMSE, David, António Nunes Ribeiro Sanches - élève de Boerhaave - et son importance pour la Russie, Leiden: E. J. Brill, 1966.
BONUS, Petrus (1300?-?)
Filósofo hermético e alquimista, natural de Ferrara (?). Autor de Pretiosa Margarita Novella de Thesauro, ac Pretiosissimo Philosophorum Lapide (Veneza, 1546), redigido em Pola, na Ístria, em 1330. Num catálogo do livreiro João Santos é descrito um exemplar (n. 2095). Ver Manget, v. 2, p. 1-80.
BORRICHIO, Oswald
Ver Manget, v. 1, p. 1-37: De ortu et progressu Chemiae.
BRACESCO, João
Alquimista. Residiu em Brescia e, além dos comentários de Geber, publicou uma dissertação sobre o uso da pedra filosofal na medicina (Roma, 1542).
Obra:
La espositione di Geber philosopho, Veneza, 1544 (trad: inglesa: Gebri explicatio, Londres, 1548) Citado por Manuel Bocarro Francês (Anacephaleoses da Monarquia Lusitana); Dialogus Verum et germinem (ver Manget, v. 1, p. 565);
Lignum Vitae (idem, p. 911-938).
CLAUDERO, Gabriel
Ver Manget, v. 1, p. 119-168: Tractatus de Tinctura Universali contra A. Kircher.
CNOFFELLI, André
Ver Manget, v. 2, p. 880: Responsum ad Positiones de Spiritu Mundi.
CORTALANEI
Ver Manget, v. 2, p. 619: Mysterium occultae Naturae e De duobus Floribus Astralibus Agricola minoris.
CREMER, John
Alquimista inglês.
Ver Tripus Aureus: Testamentum.
CROLLIUS, Oswald (c. 1560-1609)
Paracelsiano, autor de Basilica Chymica, Frankfurt, 1611 e 1622; Genebra, 1635 e 1658; Colónia, 1710 [BUCoimbra] Remete constantemente para Hermes Trismegisto e para os textos herméticos, demonstrando, tal como qualquer neoplatónico renascentista, enorme reverência por eles. Trad. francesa: La Royalle Chymie, Ruão, 1633 (I. Marcel de Boulene), incluindo: I. Prefácio contendo os mistérios muito profundos e mais raros da Filosofia tanto natural quanto da Graça, no tocante à medicina química e dimensão do microcosmos; II. A Química Real; III. Tratado das Signaturas ou verdadeira e viva anatomia do grande e do pequeno mundo.
DAUSTENI, João
Ver Manget, v. 2, p. 309: Rosarium Arcanorum Philosophorum.
DOM ESPAGNET
Ver Manget, v. 2, p. 626: Enchiridion Physicae restitutae.
DORN, Gerard
Dom Vicente Nogueira possuía obras deste autor [BNParis: ms. Port. 51, 5.51897, fl. 24 e 47], discípulo de Adam von Bodenstein. Com Miguel Toxites publicou Paracelso pela primeira vez. Responsável pelo glossário de termos paracélsicos e relato das posições de Tritémio sobre a Espagíria. Ver Manget, v. 1, p. 380: Tabula Smaragdina.
ERASTUS, Thomas (1524-1583)
Thomas Erhard ou Erhardt. Físico e teólogo. Condena, por motivos teológicos, a unificação neoplatónica da matéria e do espírito e a sua contínua reversibilidade de transformação e reconversão. Não aceita a comparação da Criação com uma separação química, nem a analogia entre macro e microcosmos, repudiando, ainda, magia, milagres e mistérios. Citado in Ennoea.
FABRI, Pedro João
Alquimista francês seiscentista de Castelnaudary.
Obra:
Alchymista Christianus in quo Deus rerum author omnium et quamplurima Fidei Christianorum que orthodoxa doctrina, vita et probitas non oscitanter ex chymica arte demonstrantur, Toulouse, 1632 [PNMafra: 2-32-3-1] Obra dedicada ao Papa Urbano VIII, na qual pretende demonstrar que os símbolos e os ritos da religião católica correspondem às diversas operações da Grande Obra: o baptismo à calcinação, a confirmação à fixação, a penitência à putrefação, a Eucaristia à própria Pedra;
Res Alchymiorum obscuras extraordinaria perspicuitate esplanans (Ver Manget, v. 1, p. 291).
FANIANO, João Crisipo
Ver Manget, v. 1, p. 210: De Jure Artis Alchemiae.
FERNELIUS, Johannes
Galeno moderno. Médico do rei Henrique II.
Obra:
Universa Medicina, s. l., 1577 [PNMafra: 1-18-4-6] e 1604;
De abditis Rerum Causis, Paris, 1560 Citado por Manuel Bocarro Francês (Anacephaleoses da Monarquia Lusitana).
FEYJÓO Y MONTENEGRO, Padre Benito Jeronimo (1676-1764)
Beneditino. A filosofia natural ensinada pelos padres do Oratório, apoiada pelas apologias de António Pereira de Figueiredo, abriu-lhe vastos auditórios em Portugal. No entanto, foi alvo de pertinentes contestações e refutações, como, por exemplo, as do dominicano Frei Bernardino de Santa Rosa ou do médico e hermetista coimbrão Anselmo Caetano de Abreu Gusmão Castelo Branco. Autor de Theatro Critico Universal (1726-1729), obra em oito tomos mais um suplemento (1741). Inclui ainda as Cartas Eruditas (1744-1760, em cinco tomos, a Justa Repulsa [...] e a Ilustração Apologética. Dedica grande número de estudos às tradições e ao que considera superstições populares (astrologia, artes divinatórias, magia, saludadores, duendes, espíritos familiares e outros seres sobrenaturais, pedra filosofal [tomo III, discurso VIII e tomo IV, discurso XVII], animais fantásticos, etc). Foram extraordinárias em Portugal as repercussões da doutrina gassendista expendida nos tomos III (discurso VIII) e V (discurso XVII), no contexto da disputa entre antigos (peripatéticos ou aristotélicos, i. e., os Jesuítas) e modernos (iatromecânicos ou atomistas, i. e., os Oratorianos) [PNMafra: 2-25-6-2/14 e 19/20 = 15 tomos].
Bibliografia: LUCAS, A. Castillo de, El Padre Feijóo y las tradiciones populares, in Rev. de Etnografia, v. 5, t. 2, n. 10 (1965), p. 384-418; SANTOS, Joseph, Indice alfabético de las cosas notables que contienen todas las obras del M. I. S. Dr. Fray Benito Jerónimo Feijóo y los dos tomos del P. Sarmiento, Madrid, 1774
FICINO, Marsilio
Ver Manget, v. 2, p. 172-183: De Arte Chimica.
FIORAVANTI, Leonardo (1531-1588)
Médico bolonhês, responsável pela cura, em 1555, da família do cardeal Fernando de Médicis. Representa a transição da mentalidade especificamente mágico-astrológica para outra mais dada ao experimentalismo e baseada na constante aplicação da iatroquímica. Permaneceu em Espanha até 1576, tendo visitado Portugal antes de 1564. Autor de um bálsamo composto por diversos ingredientes e denominado a partir do seu nome. Autor de Il Tesoro della Vita Humana, Veneza, 1570 e 1629 [BN: SA 8723P; SA 8525 P].
Bibliografia: RODRIGUEZ MARTÍN, F., Felipe II y la Alquimia, Madrid, 1898.
FLAMEL, Nicolas (c. 1330-1418)
De acordo com um documento supostamente seu, comprou, em 1357, por dois florins, um livro atribuído a Abraão, o Judeu, o qual ensinava a transmutação dos metais por intermédio de figuras simbólicas. Trabalharia durante mais de duas décadas, até lograr a decifração do sentido oculto do texto, o que terá acontecido em 1382, ano em que transmutou mercúrio em ouro e prata. Ver Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 1, p. 49-98: Livro das Figuras Hieroglíficas [PNMafra: 2-32-3-26]; Musæum Hermeticum: Summarium Philosophicum [FacCienciasLisboa]; Manget, v. 2, p. 350: Commentarium e Tractatus brevis seu summarium Philosophum [PNMafra].
FLUDD, Robert (1574-1637)
Manteve animadas controvérsias com Pierre Gassendi, o padre Mersenne e Kepler. Dom Vicente Nogueira refere-lhe-se em duas cartas enviadas a Dom Vasco da Gama, embaixador de D. João IV: [...] as obras de roberto aflud que aqui se vendem a vinte e trinta escudos pude eu haver por dez, e inda menos: é de meu parecer deve V. S. lançar de sy como os de Scoto e o mesmo lhe dissera dos de S. Thomas [...] (Carta XXXIX, 22 de Novembro 1649) e Perdoe Deus quem aconselhou a V. S. que comprasse o Roberto de flud, autor meyo feiticeiro e mal acreditado, despesa tão desnecessaria como os concilios do Louvre, e obras de Scotto que são obras para uma Livraria Regia como a do Escurial [...] (Carta XLIX, 29 de Junho a 19 de Setembro 1650).
Obra:
Utriusque Cosmi Maioris scilicet et Minoris Metaphysica, Physica atque Technica Historia, in duo volumina secundum Cosmi differentiam divisa: Tomus primus De Macrocosmi Historia, Oppenheim, 1617 [BUCoimbra; BN: SA 72 A; PNMafra: 1-51-13-6 = Proibido por decreto de 4 de Fevereiro de 1627];
Tractatus Secundus De Naturae Simia Seu Technica macrocosmi historia in partes undecim divisa, Oppenheim, 1618 [PNMafra: 1-51-13-7] A História Metafísica, Física, Técnica dos mundos maior e menor, dividida em 2 tomos, atendendo à diferença entre ambos: I. História, Metafísica e Física; II. Do Símio da Natureza é uma tentativa de ressuscitar a magia operativa e cabalística tal como Ficino e Pico a haviam teorizado, fundada sobre as relações entre macro e microcosmos e sobre a figura do homem mago delineada pelo Corpus Hermeticum; ignora deliberadamente os estudos críticos de Isaac Casaubon acerca da datação pós-cristã dos tratados, a qual constitui a definitiva demolição da teoria da prisca filosofia proposta por Ficino; publicada por John Bulwer, precursor da utilização da linguagem gestual para comunicar com surdos-mudos: os termos quiromânticos são ilustrados com diagramas de espantosa modernidade, tal como o texto, de resto, reimpresso por João Praetorius no Ludicrum chiromanticum [PNMafra: 2-51-4-16]; P. V. Piobb editou o capítulo relativo à Geomância do Tractatus Secundus De Naturae Simia [...], in Traité de géomancie (Paris, 1947 [BUCoimbra]);
Tomus secundus De Supernaturali, Naturali, Praeternaturali et Contranaturali Microcosmi Historia, Oppenheim, 1619 [PNMafra: 1-49-13-5] I. e., Da História Sobrenatural, Natural, Prenatural e Antinatural do Microcosmos;
Tomi secundi Tractatus Secundus De Praeternaturali Utriusque Mundi Historia, Frankfurt, 1621 [PNMafra: 1-49-13-5] Este Da História Prenatural de ambos os Mundos inclui o Discurso Teosófico, Cabalístico e Fisiológico de ambos os Mundos;
Anatomiae Amphitheatrum Effigie Triplici, More et Conditione Varia Designatum, Frankfurt, 1623 [BUCoimbra] inclui o Monochordum Mundi (p. 287-331);
Summum Bonum quod est verum Magiae, Cabalae, Alchymiae Verae, [Frankfurt], 1629 (também atribuído a Joachim Frizius) Defesa de Fludd contra Mersenne, tratando da verdadeira Kabbala, i. e., Bereschit e Mercabah, que é necessário distinguir da Kabbala supersticiosa, denominada Guematria, Notarikon e Temurah;
Medicina Catholica, seu Mysticum Artis Medicandi Sacrarium, in Tomos divisum duos, Frankfurt, 1629 [BUCoimbra] Sobre as causas da doença: ventos e demónios;
Integrum Morborum Mysterium: sive Medicinae Catholicae tomi primi tractatus secundus, Frankfurt, 1631 [BUCoimbra] Três partes em um volume [1629]-1631. Esta obra representa o ponto culminante da disputa entre Fludd e Mersenne, o qual no seu Quaestiones in Genesim (1623) havia defendido a teologia ortodoxa contra ateus e magos, deístas e outros que tais, certamente pensando em Fludd e atacando atomismo, hermetismo, cabala e as doutrinas sobre as harmonias na Criação;
Clavis Philosophiae et Alchymiae Fluddanae, sive Roberti Fluddi Armigeri, et Medicinae Doctoris, ad Epistolicam Petri Gassendi Theologi Exercitationem Responsum, Frankfurt, 1633 [PNMafra: 2-49-13-3 e 4 = 2 exemplares] Inclui: Responsum ad Hoplocrisma-Spongum M. Fosteri Presbiteri, ab ipso, ad unguenti armarii validitatem delendam ordinantum, i. e., Resposta ao Hoplocrisma-spongus, do presbítero William Foster, composto por ele para destruir a validade do unguento armarium (Londres, 1631);
Philosophia Moysaica. In qua Sapientia et Scientia creationis et creaturarum sacra vereque Christiana (ut pote cuius basis sive Fundamentum est unicus ille Lapis Angularis Iesus Christus) ad amussim et enucleate explicatur, Gouda, 1638 [PNMafra: 2-49-13-3; BUCoimbra] Derradeira obra publicada por Fludd e a única traduzida para inglês no seu tempo (Mosaicall Philosophy: Griunded upon the Essential Truth, or Eternal Sapience, Londres, 1659). Trata-se de uma das mais importantes para a compreensão da metafísica fludiana.
FRèRE DE ROSE CROIX
La Fontaine des Fontaines qui decouvre le secret de Nature. Du secret ouvert de Nature dans lequel la Vraye Pierre des sages ou lapis phõrum en bref et fondamentalment est déscrit et declarée mise en lumiere pour laffection que je poch [sic] aux enfans de la Doctrine [BAjuda: 46-VIII-6 (ms. com 48 fl., datado de 1654)].
FROBÉNIO, Melchior
Ver Manget, v. 2, p. 875: Brevis enumeratio hactemus a se in chemia actorum.
CONTINUA
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