EDUARDO AROSO
Nos recortes do musgo
Habitam calendários ilegíveis.
Depois dos anúncios de morte
A tarde glosa a abundância da luz.
Na desordem dos pesticidas
Os ramos do imperturbável equinócio.
O primeiro aroma desprende-se
Bastando olhar as laranjeiras.
Regressamos ao Génesis
Quando dentro do ninho
Um ovo se mexe a primeira vez.
Os ribeiros insistem
No que lhes é próprio:
A música talha os caminhos da terra.
Vertical é o alecrim
Verdes arcadas inebriantes,
Espanto das primeiras harpas.
O dia começa no suave diapasão
E deixa soltos os melros,
A música soa e esvoaça.
Eduardo Aroso