ALUNOS DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL
ENTREVISTAM ADELTO GONÇALVES
O jornalista, professor e escritor brasileiro Adelto Gonçalves foi entrevistado, via sistema Zoom, por alunos do primeiro ano do curso de Comunicação Social da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal, Portugal, para um trabalho de grupo dentro da disciplina Contextos Profissionais. A entrevista, que durou uma hora e meia, passará por processo de edição e será apresentada em primeira mão para os professores e demais alunos da classe dia 9 de junho. O grupo é formado pelos alunos Lara Pereira, Rita Nideröst, Joana Nunes, Marta Silva e Tiago Trindade.
A entrevista versou sobre a atuação de Adelto Gonçalves como jornalista, escritor e professor de Jornalismo e de Língua e Literatura Portuguesas. Formado pela Faculdade de Comunicação Social (Facos) da Universidade Católica de Santos, em 1974, Adelto Gonçalves, nascido em 1951, completa em 2022 meio século de atuação no campo do jornalismo impresso. Iniciou-se em 1972 como repórter de esportes do jornal Cidade de Santos, do Grupo Folhas, tendo passado em seguida para a editoria de esportes do jornal A Tribuna, de Santos.
Trabalhou ainda como repórter, redator e subeditor nas editorias de Política (de 1975 a 1979) e de Esportes (de 1988 a 1992) de O Estado de S. Paulo, subeditor na seção de esportes da Folha da Tarde (atual Agora São Paulo), em 1988, e editor na Revista Placar, da Editora Abril, entre 1986 e 1987. Em 1999-2000, foi correspondente da Revista Época em Lisboa. Desde 2001, atua como assessor de imprensa para o Grupo Fiorde, de São Paulo, constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio Internacional (trading company).
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Desde a sua formação, tem atuado como crítico literário, tendo colaborado nas décadas de 70 e 80 no semanário Opinião, do Rio de Janeiro, e nas revistas Isto É e Veja. Desde 1994, tem sido colaborador assíduo da revista Vértice, de Lisboa, com mais de 50 textos publicados. Hoje, tem seus artigos publicados no Jornal Opção, de Goiânia, Diário do Nordeste, de Fortaleza, e As Artes Entre as Letras, do Porto, e em sites como Baía da Lusofonia, de Lisboa, e Pravda, de Moscou (edição em português), entre outros. Foi a inda colaborador assíduo do extinto suplemento Das Artes Das Letras do jornal O Primeiro de Janeiro, do Porto, de 1994 a 2009.
Além de jornalista, cumpriu brilhante carreira acadêmica como professor e pesquisador. É mestre em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana e doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). Seu trabalho de doutoramento Gonzaga, um poeta do Iluminismo, sobre Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), foi publicado em 1999 pela Editora Nova Fronteira, do Rio de Janeiro. Para tanto, com bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Calouste Gulbenk ian, de Lisboa, pesquisou em arquivos brasileiros e portugueses.
Em 1999, com bolsa de pós-doutoramento da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), desenvolveu projeto sobre a vida e a obra do poeta setubalense Manuel Maria de Barbosa du Bocage (1765-1805), publicado em 2003 pela Editorial Caminho, de Lisboa, sob o título Bocage – o perfil perdido, que terá sua edição brasileira em 2021 pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.
Foi professor titular da Universidade Paulista (Unip), nos cursos de Direito e Pedagogia, da Universidade Santa Cecília (Unisanta) e do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), nos cursos de Jornalismo, em Santos, e no curso de Letras das Faculdades Integradas de Amparo (Unifia). Com bolsa de pesquisa da Unip, desenvolveu em 2010-2012 o projeto Direito e Justiça em terras d´el-rei na São Paulo colonial (1709-1822), publicado em 2015 pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, obra que foi alvo de recensão publicada na Revista da Universidade de Cambridge, do Reino Unido, em 2016.
É sócio-correspondente da Academia Brasileira de Filologia (Abrafil) e assessor cultural do Centro Lusófono Camões da Universidade Estatal Pedagógica Hertzen, de São Petersburgo, Rússia. Escreveu prefácios para dois livros de contos de Machado de Assis publicados em 2006 e 2007 pelo Centro Lusófono Camões da Universidade Estatal Pedagógica Hertzen, de São Petersburgo, em edição bilíngue russo-portuguesa, com o apoio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Participou do livro Studi su Fernando Pessoa, publicado em 2010 por Edizioni dell´Urogallo, de Perugia, na Itália, com o ensaio “Ambiguità e ossimoro: simboli dell´universo e del mistero in Fernando Pessoa” (“Ambiguidade e oxímoro: símbolo do universo e do mistério em Fernando Pessoa”).—
Estreou na literatura em 1977, com Mariela morta (contos). Quando tinha 18/19 anos, escreveu o romance Os vira-latas da madrugada, que ficou um bom tempo no fundo da gaveta, até ser reescrito em 1977/1978. Tendo como cenário o porto de Santos, esse é o primeiro romance da Literatura Brasileira que tem como pano de fundo o golpe militar de 1964. Em 1980, o romance ganharia menção honrosa do Prêmio José Lins do Rego da Livraria José Olympio Editora, do Rio de Janeiro, e, como resultado da premiação, seria publicado no ano seguinte. A segunda edição saiu em 2015 pela Editora Letra Selvagem, de Taubaté-SP.–
Outros livros vieram: Estudos sobre Fernando Pessoa, em co-autoria com Simone Pereira Schmidt e Ana Helena Cizotto Belline (Rio de Janeiro, Fundação Cultural Brasil-Portugal, 1986); Fernando Pessoa: a voz de Deus (Santos, Editora da Universidade Santa Cecília, 1997, ensaios e artigos); Barcelona brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999, romance; São Paulo, Publisher Brasil, 2002); e Tomás Antônio Gonzaga (Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2012, ensaio biográfico).
Com o ensaio “O ideal político de Fernando Pessoa”, publicado em Estudos sobre Fernando Pessoa (1986), obteve o Prêmio Fernando Pessoa da Fundação Cultural Brasil-Portugal, do Rio de Janeiro. O estudo foi publicado também em Fernando Pessoa: a voz de Deus (1997). Conquistou os prêmios Assis Chateaubriand de 1987 e Aníbal Freire de 1994, ambos da Academia Brasileira de Letras.
Com Gonzaga, um poeta do Iluminismo, ganhou em 2000 o Prêmio Ivan Lins de Ensaios da União Brasileira de Escritores e da Academia Carioca de Letras. Em 2019, a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo publicou seu décimo livro: O reino, a colônia e o poder: o governo Lorena na capitania de São Paulo (1788-1797), ensaio histórico, que tem sido objeto de várias recensões publicadas em jornais e sites do Brasil e de Portugal.