Ad astra

 

LÍGIA REYES


a luz é um feixe que desarma a tua carícia,

um sol que teima brilhar na tua boca:

é impossível inventar uma escuridão

que nos possa abrigar do desejo

 

os dias servem a nossa nudez

para que possamos reconhecer o corpo

depois do cansaço das estrelas:

o universo parece o abismo

 

quero mergulhar no que mais dói

e preencher-me com a tua cega brancura,

o meu orgasmo é a fatalidade de meteoros

e vence a escuridão das distâncias

 

temos o tempo da rapidez da luz,

mas a eternidade foi inventada

pelo medo da morte –

 

a tua pequena morte

sob a palidez de um rosto de marfim,

para que sujes a beleza dos espelhos,

escorrendo rios de memórias quentes.


DÉCIMO ENCONTRO TRIPLOV