A última mercearia a fechar

 

 

 

 

 

 

JONAS PULIDO VALENTE


Lembro-me que da última vez em que estive em Macau todos os 7/11 parecia que tinham mudado de sítio. Passava das 20h, dang e ok. Uma mercearia junto ao Memorial dos Combatentes da Grande Guerra, eu, o Tintin e a Vivienne Westwood fomos para lá beber. Depois de deixar a Vivienne no Hotel Lisboa para apanhar o seu autocarro regressámos a pé pela San Ma Lou, depois virando ao redor do centro por ruelas até chegarmos paralelos às Pontes Cais que dão para a zona dos antiquários encontrámos uma loja aberta a vender o máximo de médias e litrosas que podia antes de fechar.

Vou ter que dizer isto. Foi interessante. Muito interessante.

70% Chineses, 15% de anónimos do Magrebe ao Hindustão, 10% camones e parece que todos os salesianos estavam aviados pois vieram 5% de portugueses, eu e o Tintim.

O plástico dos sacos esticava na subida ligeira para o enfiamento do Pak Kap Chau, mas uma vez em casa sentados a VER o Preço Certo do dia anterior, foi óbvio, mas muito óbvio que corríamos à frente do relógio. Raramente quero ficar parado num sítio quando lá estou, mas em todo o lado sempre à procura de sítios onde parar. E ali, naquela romaria de Camonianos, imagino que um observador ou observado, inteiramente imparcial nos contasse como os 5% de mais malta destoando dos outros, indo com os sacos para um sítio qualquer, uma estatística.

E lá sentaríamos, a mamar jolas, vodka com iced tea, baijiu de Singapura a Banguecoque, em todas as Chinatowns menos em feriados budistas ou muçulmanos, um ano sem beber na Tailândia em homenagem ao Rei falecido. O amigo de um gajo que conheci abriu lá um bar por essa altura.

Felizmente as proibições são tão frequentes lá que até eu apanhei com uma, que felizmenrte durava até às 20:45.

Só havia cinco pessoas naquele hotel de luxo a baixo preço quando apanhei essa proibição. Eu, o Holandês, o Tintin, a recepcionista e o concierge. Com a tranny que comi seis.

Deixem-me  explicar, pelotão de fuzilamento, não havia ninguém que quisesse vir ao hotel a não ser ela. A monção acabava.

Felizardo que tinha eu testemunha mais próxima de mim do que a minha primeira.

Não foi essa tranny, nem na primeira vex tive a minha “primeira vez”.

Igreja do Bastardo de- Ju!

Quando um rapaz é novo quer pôr o pastel em qualquer coisa.

Qualquer coisa?

Veio Poseidon observar-me como os micro-peixes nos micro corais?

E depois um saco desaparece e fica tudo ok.

Ouvir os Creedence numa cabana acima do Mekong.

Um estereotipo ambulante, mas raro. Muito raro.

Se fores a Singapura, ou à Indonésia não cometas crimes.

Tenta falar por ti mesmo. No rim que ainda tem vida. Pois se a cirrose é lá foi lá também que foi fabricada a molécula do prazer. É na metamorfose do açúcar que talvez um campeão desça de divisão. Tenham cabeça. Não está a ficar mais fácil.

Mas se forem à Malásia ou a Singapura comam o chilli crab. Experimentem polvos do tamanho do vosso polegar. Tentem descobrir pessoas boas, e espalhem o bem-estar.

Mas primeiro têm qua passar a tropa com a vossa mãe como comandante e quintal de trás como centro de recruta. Ma’am Oh Ma’am. Depois – Ásia.

Já dizia o Vitelli “Vamos ver se antes de condenado ainda acabo condecorado”. Dez mil Nixons a beijar Tian’An’Men.

É esse o amor que um europeu pesado como eu tem pela Ásia.