A grande sede

VICENTE FRANZ CECIM


A menos que em ti

venha a Grande Sede,

é Assim,

secretamente,

perfeitamente instalado entre o nãoser e o Ser e o nãoser

 

que Tu despertas as tuas manhãs de Penumbra passas os teus dias de sonâmbulo,

apontas com um dedo breve, na longa Noite Escura

a Face que,

sem veres,

murmuras, só para Ti

– Ela me vê

?

a Soma dos caminhos são: oO Caminho? E não há hipótese de Regresso

sem a estreita adversidade em que ressoa a esperança de Delírio:

sem que te cegue a cintilação da Sombra

 

Porque já és

o Manto

E o desvelar do Manto

 

Então, é Assim que os dias Te encobrem, e passam por ti

 

A menos que em Ti venha a Grande Sede

que bebe os Desertos