venda das raparigas . britiande . portugal . abertura: 2006


O BODE NA MAÇONARIA
Ivann Krebs Montenegro


    Amiúde ouvimos falar a palavra bode, tanto no meio maçônico como fora dele e, neste último caso, inclusive em relação a pseudo característica maçônica atribuída à prática suposta de adoração ou cultuação maçônica ao hirco, cabrão ou bode, que são as mais comuns denominações do hircino (que diz respeito ao bode ou que dele emana – cheiro hircino, desagradável odor hircino) animal.

    São múltiplas as expressões comuns que nos chegam aos ouvidos, dentre as quais destacamos, Cuidado com o bode! Vai domar o bode? Não vá cair do bode! Amarra direito o bode! Cuidado pro bode não te chifrar! Estas são as mais freqüentemente atribuídas ao relacionamento do maçom com a jocosidade da expressão. São expressões brasileiras que como maçônicas não têm razão de ser..

    Existem outras, de caráter genérico, como:" tá que parece um bode", "Cara de Bode", atribuindo-se à sisudez de alguém.Outras ainda relativas à expressão "Dar o Bode", que significa dar confusão, encrenca, desavença, problema, pandemônio, tumulto, rebuliço, alvoroço, etc.

    Aquelas expressões jocosas dão, aos leigos e néscios, uma ilusão de que o bode constitui objeto de prática ou instrumento maçônico de culto ao demônio, diabo, arrenegado, belzebu, canhoto, cão, cão-miúdo, cão-tinhoso, coisa, coisa-à-toa, coisa-má, coisa-ruim, condenado, cujo, demo, diacho, dragão, excomungado, feio, indivíduo, lúcifer, maldito, mal-encarado, maligno, malvado, mau,mefistófeles, pé-de-gancho, pimenta, porco, satã, satanás, serpente, tição, tinhoso, ou seja lá que nome for, entre tantos nomes com que o vulgo, no Brasil a fora, refere-se ao "anjo do mal ou das trevas", conforme a região, em particular.

    Nunca é demais conhecermos as razões que nos levaram a sermos chamados "Bodes".

    Antes, descrevamos o animal.

    O bode é um quadrúpede ruminante cavicórneo (que tem cornos ou chifres ocos), macho da cabra, notável pelos compridos pelos sob o queixo, como barba ou cavanhaque e pelo seu cheiro nauseabundo.

    O bode expiatório, ou mais raramente "emissário", era um bode que os antigos Hebreus espantavam para o deserto, na festa da expiação, depois de o haverem carregado de todas as iniqüidades (crime, pecado) e maldições que se as queriam afastar do povo. Graças a isso, o bode é um antigo símbolo da animalidade o que no homem corresponde aos impulsos que mais se assemelham ao animal.

    Seria, por analogia, o nosso ID, que é uma energia de fundo sexual, chamada libido, e que quando, no constante conflito com o superego e o Self, exorbita, "dá o bode".

    Em virtude de ser símbolo dos atributos animais é que na Estrela de Cinco Pontas invertida, inscreve-se a figura de um bode, enquanto que na Estrela em posição normal, inscreve-se a figura de um homem (é a Estrela Hominal dos pitagóricos). Esta representa os atributos da alta espiritualidade humana, enquanto que aquela simboliza os instintos animais do homem, interpretação que é adotada na simbologia maçônica.

    Já o Bode-preto é uma expressão popular brasileira, usada para designar o diabo.

    Houve época em que os setores retrógrados do clero brasileiro, explorando a ignorância e a credulidade de grande parte da população, transmitiam aos seus fiéis, aos seus seguidores, a falsa, a irreal, maldosa, tendenciosa e malévola crença de que a Maçonaria adorava o "bode-preto", personificação demoníaca.

    Com isso, em muitas localidades brasileiras atrasadas, pouco desenvolvidas, as pessoas, alteradas na sua normalidade religiosa, evitavam passar diante de um Templo Maçônico e se fossem contingenciadas a fazê-lo, além de atravessarem a rua antes e voltarem ao trajeto inicial depois, persignavam-se (benziam-se fazendo três sinais da cruz – um na testa, outro na boca e um último no peito, na altura do coração) e agarravam-se aos seus terços e medalhinhas.

    Nesses locais, os Maçons eram vistos como bruxos adoradores do bode-preto e cuidadosamente evitados e marginalizados pelas "ovelhas" do rebanho cristão, preocupadas em ir para o Céu e não provocar a ira do bom pároco (sacerdote encarregado da direção espiritual e da administração de uma paróquia; vigário, prior, cura) local.

    Ironizando tal situação de ignorância, atraso, incultura, obscurantismo, ingenuidade, inocência, apedeutismo e sectarismo, os Maçons passaram, jocosamente (graça, brincadeira, comicidade, hilaridade, humor, gozação, piada, zombaria) a assumir a alcunha, apelido ou cognome de "bode" ou "bode-preto", para si e para os seus trabalhos de Loja, prática que acabaria tornando-se enraizada no território nacional.

    Trata-se, portanto, de uma autodenominação, titulação irônica e regional, a qual é desconhecida entre Maçons de outros países.

    É coisa de brasileiro, com resultados aparentemente inofensivos, mas que analisados sob vários aspectos, num país eminentemente Cristão, onde parte do Clero e de religiosos maldizem e difamam a nossa Ordem, é de se dispensar cuidado especial para não incorremos em situações negativas irreversíveis, pois do meu ponto de vista, somos uma organização fraterna e alegre, mas antes de tudo somos uma entidade séria que não se deveria deixar levar por situações desta natureza.

    Vejam que mencionei o fato de que pessoas nos enxergam como bruxos. E sobre este assunto, eu próprio, tive uma interessante experiência.

    Em l986 comprei uma pequena fazenda, de produção bastante diversificada (cacau, cravo, guaraná, coco, acerola, piaçava, etc) , na divisa entre Ituberá e Nilo Peçanha, na Bahia. Enquanto morava em Ituberá e mesmo depois, costumava freqüentar uma Loja Maçônica na Cidade de Valença, cerca de 46 Km de Ituberá. A aquisição foi feita quando eu ainda era Gerente do Banco do Brasil daquela cidade, tendo depois passado para Jequié e mais tarde para Itabuna, onde hoje resido. Após minha aposentadoria, morei três anos em Ilhéus. Durante todo este período, quinzenalmente eu ia à Fazenda para realizar pagamentos, vender o produto, visitar amigos e fazer compras no centro de Ituberá, de maneira que coincidisse com dia de Loja em Valença.

    Como a cidade é relativamente pequena (em torno de uns 50.000 habitantes) e nela também lecionei algumas disciplinas, tornei-me bastante conhecido e muita gente sabia que eu era Maçom e que com freqüência ia a Ituberá e a Valença.

    Numa dessas idas fui procurado por um cidadão ali residente, que insistia em que eu fosse visitar um outro morador que estava moribundo, e que rogava pela minha visita, como fonte capaz de curá-lo do mal que o afligia, pois acreditava na "bruxisse" dos maçons. Hesitei veementemente de me submeter a uma tamanha fraude e iludir o pobre doente.

    O cidadão voltou a casa do moribundo e transmitiu as minhas informações, mas ele insistia em que me queria ver e eu fui convencido a dar pelo menos um alento com a minha presença.

    Não me recordo de tê-lo visto antes. Tinha aparência cadavérica, com fácies pletórica, num estado de causar dó.

    Diante da sua credulidade no poder extraordinário de cura do Maçom e daquele quadro entristecedor, procurei dar estímulo ao doente, usando palavras que qualquer ser humano temente a Deus usaria e, surpreendentemente, num gesto mais rápido do que a sua fraqueza permitia ele tomou minha mão direita, levando-a sobre sua testa , pedindo que o abençoasse.

    Sem coragem de desestimular o doente, enquanto segurava minha mão sobre sua testa, eu disse que ele acreditasse em Deus, que tivesse fé que por certo ele se recuperaria.

    Agradeceu a minha visita e eu fui embora pra fazenda. Dois dias depois voltei à cidade e procurei saber do estado daquele pobre homem, e um seu sobrinho, que atendeu à porta , disse-me que ele estava bem melhor e queria falar comigo.

    Entrei no quarto e vi-o com melhor aparência. Sorriu para mim e novamente agradeceu o bem que, ele supunha, eu lhe tinha feito, pois ele se sentia muitíssimo melhor.

    Ora! Eu sabia que eu não tinha poder nenhum e somente aceitei fazer o que fiz em virtude da pena que eu sentia do pobre moribundo.

    A verdade é, que pela fé que ele tinha no "eu" bruxo, ele lentamente se recuperou e viveu mais uns poucos anos e veio a morrer de tuberculose.

    É óbvio que a fé dele foi que predispôs o seu cérebro para uma situação de melhora, e por um processo fisiológico, creio, chegou à quase cura total.

    Aquele moribundo acreditou no pseudo-bruxismo do Maçom para o bem, mas pode ser que os religiosos, mais fanáticos, passem a crer, realmente, que nos sejamos cultuadores do Demo, portanto, quanto menos admitirmos esta jocosidade, acredito melhor, pelo menos para não vermos pessoas ingênuas iludidas com uma crença que não é verdadeira.

    Deixemos o bode de lado ou usemo-lo somente para um bom espeto.
Ivann Krebs Montenegro, 33
Itabuna(BA), Setembro-2004
Hoje ao dar uma olha em minha biblioteca Virtual achei essa pérola deste fantástico Ir.'. que  na atualidade nos honra em ser Chanceler de nosso MESTRE-MAESTRO.
Resolvi então dividir com todos do Grupo.
TFA.'.
Weber Varrasquim.'.
16-04-2.005
Se Perguntarem: QUANTOS SOIS VÓS? Respondereis: SOMOS UM SÓ.
Grupo e Portal Maçônico Internacional MESTRE-MAESTRO
MAÇONARIA DO BRASIL: PELA SOBERANIA DE NOSSA PÁTRIA
visite: www.mestremaestro.com

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