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EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE SURREALISMO ACTUAL O Reverso do Olhar - Index |
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Surrealismo em Coimbra | ||
Um conjunto de 320 obras para fazer a circum-navegação ao actual panorama do Surrealismo. É a grande exposição internacional que a Galeria Pinho Diniz e a Casa Municipal da Coimbra promovem até ao próximo dia 28 de Junho, trazendo àquela cidade cerca de 130 artistas de todo o mundo. Uma mostra comissariada por Miguel de Carvalho, um livreiro e antiquário, ele próprio artista e devoto das potencialidades do inconsciente, tal como as advogava André Breton, naquele que foi um dos mais importantes manifestos artísticos do século XX. | ||
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Miguel de Carvalho: Coimbra esteve sempre arredada dos palcos das principais movimentações dos surrealistas portugueses, cujas acções se centralizavam sobretudo em Lisboa. Inclusive, Mário Cesariny chegou a realizar uma exposição na capital em 1984, de menores dimensões, mas mesmo assim foi a última. Contudo, tínhamos Coimbra que contribuiu com um dos mais importantes movimentos da modernidade portuguesa pela forma como abraçou a revista Presença, criada em 1927. Em Outubro passado pensei que os pintores, poetas, escritores, escultores, fotógrafos entre outros artistas surrealistas, mereciam uma homenagem na cidade. Contactei a Câmara Municipal, pelo Natal convidei os artistas e adesão foi surpreendente. Os participaram enviaram as obras porta e risco e os que vieram deslocaram-se por conta própria. Jornal de Letras: Em que pensava quando decidiu avançar, com poucos meios e muitas incertezas, tendo em conta que, tal como referiu, Coimbra andou “arredada” do movimento Surrealista? Miguel de Carvalho: Em abrir a mente das pessoas, provocar a mentalidade no sentido de eliminar tabus, preconceitos e ordens estabelecidas. O público conhece sobretudo as obras dos poetas e dos artistas surrealistas mais célebres – Salvador Dali, Joan Miro ou René Magritte -. Em contrapartida, a complexidade desta aventura, nos seus aspectos políticos, revolucionários e éticos, a sua oposição a todas as formas de opressão e obscurantismo, assim como a sua defesa apaixonante dos valores da liberdade, são na maioria dos casos os menos conhecidos. Em Portugal o Surrealismo é considerado tardio tendo em conta as datas do seu aparecimento. É essencialmente pelas mãos de Cruzeiro Seixas e de Mário Cesariny que ele tem sido conduzido até aos nossos dias e alimentado constantemente com diversas acções, tanto artísticas como editoriais através de livros e manifestos. Contudo, até há poucos anos, o surrealismo em Portugal tem sido na maioria das vezes injustamente marginalizado pelos historiadores e críticos de arte, tanto portugueses como internacionais. Pensei apenas em fazer alguma coisa para inverter essa tendência. Jornal de Letras: É apenas um amante e estudioso do Surrealismo, ou vai mais além? Miguel de Carvalho: O Surrealismo é a minha grande paixão cultural. Iniciei-me, em 1995, como colagista e no desenho. Jornal de Letras: Como é que se descobre que se é um artista surrealista? Miguel de Carvalho: O Manifesto Frida Kahlo & Eugénio Granell, publicado em 2006, constitui uma resposta a essa atitude quando refere que “ser surrealistas não se decide ser, não se come, nem se pinta; sente-se. O surrealismo é sentido sempre mas sempre por quem ama, quem sonha e por quem quer ser livre, não importando a forma como se expressa”.
Jornal de Letras, 18 Junho – 1 de Julho de 2008 |
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