miguel de carvalho:
|
|
Pupila dilatada |
Eu agora rapaz diante uma chave espreito através do espelho e vejo um naufrágio.
Eu agora rapaz com uma asa de areia escrevo palavras livres sobre o ventre duma flor.
Eu agora rapaz procuro na seiva do vôo o amor transformado em água tinta de sangue.
Eu agora rapaz do alto do mastro navego através dos seios à procura da noite, da infância inaudita.
Eu nunca criança regressarei à velhice sem encontrar as pétalas que dos lábios deixaste cair.
miguel de carvalho (debout sur l’œuf) abril 2006 |