A Escrituras Editora, dentro da Coleção Ponte Velha, edição apoiada pelo Ministério da Cultura de Portugal e pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (IPLB), publica Música do mundo, antologia poética da obra de Casimiro de Brito, organizada por Carlos Nejar, membro da Academia Brasileira de Letras.
Em sua maioria, os poemas de Casimiro de Brito constituem blocos imagéticos, em que fundo é forma e forma é fundo, numa perfeita harmonia expressiva, sem truques, sem acrobacias de palavras, sem falsas prestidigitações. No âmbito de seu discurso aparentemente plano, Casimiro consegue esconder pérolas do seu pensamento, freqüentemente alinhavado com o sentimento ou numa estrutura pendular que ora vai, ora vem, de um pólo ao outro e muitas vezes se equilibra num processo de fusão barroca.
Uma formação complexa dotou Casimiro desta grande maestria de linguagem, que se evidencia progressivamente em boa parte de sua obra. Ele vai desbastando os adjetivos, os advérbios, concentrando-se num estilo majoritariamente nominal, atingindo o cerne dos seres e das coisas, pois visa identificar-se com as coisas e não representá-las discursivamente, como dito antes. Em alguns momentos, a poesia de Casimiro beira a onomatopéia, o mimetismo; e é importante ressaltar que, de toda influência oriental ? que vem de seu trabalho como tradutor de haicais, tradicionais e modernos, assim como autor de vários deles ?, Casimiro extraiu uma poesia ocidental e genuinamente portuguesa. Uma poesia extremamente significativa; uma poesia “de ponta” no atual cenário da literatura da língua portuguesa.
Casimiro de Brito nasceu no Algarve, Portugal, em 1938. É poeta, romancista, contista e ensaísta, com 50 anos de vida literária. Começou a escrever em 1957 (Poemas da solidão imperfeita) e, desde então, publicou mais de 40 títulos. Dirigiu várias revistas literárias, entre elas Cadernos do meio-dia (com António Ramos Rosa), os Cadernos outubro / fevereiro/ novembro (com Gastão Cruz) e Loreto 13 (órgão da Associação Portuguesa de Escritores) e atualmente é responsável pela colaboração portuguesa na revista internacional Serta. Esteve ligado ao movimento Poesia 61, um dos mais importantes da poesia portuguesa do século XX. Ganhou vários prêmios literários, entre eles o Prêmio Internacional Versilia, de Viareggio (Melhor obra de poesia, com Ode & Ceia, 1985), Prêmio Internacional de Poesia Leopold Sédar Senghor, por sua carreira literária (Académie Mondiale de Poésie, da Fundação Martin Luther King, 2002), o Prêmio Europeu de Poesia Aleramo-Mario Luzi (Melhor Livro de Poesia Estrangeiro publicado na Itália em 2004) e a medalha Oskar Nobiling por serviços distintos no campo da literatura (Academia Brasileira de Filologia, do Rio de Janeiro). Obras suas foram gravadas para a Library of the Congress, de Washington. Diretor dos festivais internacionais de poesia de Lisboa, Porto Santo (Madeira) e Faro e Conselheiro da Associação Mundial de Haiku (Tóquio), foi vice-presidente da Associação Portuguesa de Escritores, presidente da Association Européenne pour la Promotion de la Poésie, de Lovaina e é presidente do PEN Clube Português. Sua obra já foi traduzida para 25 línguas.
Visite: www.escrituras.com.br. |