Escrituras Editora
Colecção Ponte Velha
Autores portugueses publicados no Brasil

Animal Olhar
António Ramos Rosa
Escrituras Editora
Coleção Ponte Velha
2005, São Paulo . Brasil

A Escrituras Editora publica Animal Olhar, uma antologia da obra poética de António Ramos Rosa, organizada por Rosa Alice Branco e Rodrigo Petrônio.

Animal olhar vem mostrar a poesia de Ramos Rosa, premiadíssimo autor português, que insere o homem no seio do mundo, poética operada pela palavra: geradora, rito de passagem e circulação entre eles. A palavra gera, na medida em que cria o mundo dos possíveis e é operadora da transformação do possível em real. Em sua poesia, cada coisa pode ser tudo e nada, o que nos leva à polissemia infinita da palavra.

A obra de Ramos Rosa pode ser vista como metapoética, em que a interrogação sobre o poema acrescenta ao ser o não saber de si e o amor da busca para pertencer ao mundo, que é também o mundo das palavras. Ele a correlaciona com a metafísica, na medida em que esta é a reflexão do poeta sobre a percepção do mundo. Mas, de fato, esta reflexão é apenas a luz que as coisas lhe devolvem em forma de palavras. "Escrevo para ser contemporâneo das nuvens / para pertencer à nua e pobre pátria inerte", diz ele.

Sobre o autor:
António Ramos Rosa nasceu em 17 de Outubro de 1924, em Faro, região do Algarve, sul de Portugal. Fez estudos secundários e trabalhou como funcionário em escritório, como professor e como tradutor, até se dedicar exclusivamente à poesia, opção que levou Bernard Nöel a considerá-lo o São Francisco de Assis da poesia. Co-dirigiu as revistas literárias Árvore (1952-1954), Cassiopeia (1956) e Cadernos do Meio-Dia (1958-1960), onde colaborou como ensaísta e poeta, além de exercer a crítica de poesia, atividade esta em que prosseguiu durante alguns anos, principalmente, nas revistas Seara Nova e Colóquio/Letras.

Colaborou também nos suplementos literários de O Diário de Lisboa, Diário Popular, Capital, O Comércio, da cidade do Porto, Diário de Notícias e Diário de Coimbra e na revista O Tempo e o Modo, entre outras publicações. Prêmios conferidos ao autor ao longo da carreira: Fernando Pessoa (1960), da Casa da Imprensa e o Nacional de Poesia, ambos em 1971, de Tradução, da Fundação Hautvillers, em 1976; em 1980, Prêmio do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, e o PEN Clube de Poesia; Café Nicola e o Prêmio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores/CTT em 1989; Internacional de Poesia em 1990, por unanimidade; Bienal da Poesia e Prêmio Ruy Belo da Câmara Municipal de Cintra em 1991; neste mesmo ano, foi condecorado com a honraria de Poeta Europeu da Década pelo Collège de L'Europe; em 1992, o Jean Malrieu; recebeu ainda os títulos de Grande Oficial da Ordem de Sant'Iago, em 1984, e o de Grão Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique, em 1997.

Sobre sua obra há duas teses de doutoramento em Portugal e uma tese de mestrado no Brasil, de autoria de Maria Heloísa Martins Dias, além de outros estudos que lhe têm sido dedicados, em Portugal e em outros países. Em 1999, durante os Encontros de Outono, foi inaugurada oficialmente a Casa da Poesia António Ramos Rosa, sediada em Faro. E, em 17 de outubro de 2003, é agraciado com o título de doutor Honoris Causa pela universidade desta mesma cidade.

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