VII Colóquio Internacional
"Discursos e Práticas Alquímicas"
LAMEGO - SALÃO NOBRE DA CÂMARA MUNICIPAL
22-24 de Junho de 2007

Corpo virtual e Web 2.0:
escritas do feminino na internet e na blogosfera.
Pedro de Andrade

Centro de Estudos de Comunicação e Linguagens da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa

1. Introdução.

Esta comunicação pretende tratar, antes de mais, a questão do corpo e da escrita que sobre ele se produz, especialmente a escrita produzida por mulheres autoras. Uma tal corporeidade praticada e reflectida revela-se fundamental não apenas para a interpretação da condição do feminino, mais igualmente para a compreensão da natureza do masculino.

Sociologicamente, o feminino parece ser uma espécie de vício da masculinidade, que serve de medida, pela negativa, da própria masculinidade, daquilo que é ‘normal’ ou legitimado. A mulher, no prisma dominante,  funciona quase como uma espécie de cigarro, que dá prazer mas também mata, e que se deita fora depois de consumido, transformando-se, no final desse processo, numa beata, nos 2 sentidos. Sendo  o risco desmedido uma das características desta suposta masculinidade, o feminino coincide frequentemente com qualquer coisa sobre a qual se aposta, por exemplo a ‘conquista’ de uma mulher. Dito de outro modo, a corrida às mulheres não se aparta muito de uma corrida de cavalos.

Perante uma tal situação discursiva por parte da masculinidade imperante, neste momento ocorre perguntar: será que alguma coisa mudou, quanto a esta questão, no contexto sócio-simbólico e cultural do ciberespaço?

2. Mulheres e ciberespaço.

Algumas mulheres revelaram-se pioneiras precisamente nesta temática do corpo virtual e da sua escrita.

Por exemplo, a socióloga Sherry Turkle produziu um dos primeiros clássicos sobre a cibercultura e, em particular, acerca da interacção homem/computador, no livro seminal A segunda subjectividade (The Second Self) em 1984. Treze anos mais tarde, em 1997, na obra Vida no Écran (Life in the Screen), a autora interroga as transformações que a identidade humana experimenta na era da Internet, e em especial o género. A rede instaura uma cultura da simulação, em vez da mera representação da realidade. Neste contexto, é possível simular mesmo o sexo. Em particular, diz-nos Turkle, jogar com o género no ciberespaço pemite uma melhor compreensão da articulação masculino/feminino na vida real. A autora fornece a ilustração de um homem que consegue ser mais assertivo na Internet do que na vida real, ao tomar fantasmaticamente o papel de uma mulher, porque acredita que ser assertivo por parte de uma mulher está na moda, enquanto que apresentar-se como um homem assertivo já não se encontra hoje tão legitimado como há algumas décadas. A mulher pode fazer a experiência inversa. Para ela, fingir que é homem no ciberspaço permite-lhe ser agressiva, mais facilmente do que na vida real, onde seria confundida como uma prostituta. Assim sendo, ambos o homem e a mulher estarão em condições, na internet, de expandir a sua emotividade.

Aliás, em diálogo anónimo com a sensibilidade desta autora e de outros (Andrade, 1985), num artigo que escrevi há mais de duas décadas, onde analisava os sistemas de informação globais, também chamava a atenção para o papel do sujeito utilizador dos computadores nas redes globais, que nesse momento se reduziam a algumas redes de administrações estatais, como o Exército, e a redes de algumas universidades e empresas. A estes sistemas ligavam-se alguns utilizadores particulares aficionados, através dos bulletin boards e de outros utensílios em rede pioneiros que anteciparam a Internet nos anos 80 do século passado. E em 1995, propus o conceito ‘efeito Pessoa’ (Andrade, 1995), para dar conta precisamente da multiplicidade de identidades, subjectividades, personalidades e corporeidades que se podem construir na Internet, por exemplo através da abertura, por uma só pessoa ou por um só Pessoa, de diversos e-mails, cada um subscrevendo uma identidade diferente.

Voltando a Sherry Turkle, esta autora alega que também a identidade colectiva se transforma no ciberespaço. Um exemplo são as comunidades virtuais conhecidas nos anos 90 como os MUDs (o que significa Multi-User Dimensions). Os seus membros trocavam informação entre si, de onde a sua opinião pública emergia. Desta feita, segundo Turkle, estes cidadãos (citizens) transmutam-se, na internet, em ‘netizens’. Em português, este conceito híbrido, embora interessante no seu conteúdo, é de difícil tradução. Derivando de ‘rede’ e de cidadãos’, obtemos qualquer coisa como ‘redadãos’, o que não apresenta uma sonoridade das mais harmoniosas.

Por seu lado, Donna Haraway, historiadora da Ciência, que oscila entre o Marxismo e o pós-estruturalismo, no mesmo quadro de desassossego sobre o corpo e o género,  inventou o conceito ‘cyborg’, para dar conta da hibridação irreversível entre, de um lado, o homem/mulher e, de outro lado, a máquina. Esta autora, no texto já clássico Simians, Cyborgs and Women: The Reinvention of Nature (1996), propõe-se reflectir sobre aquilo que denomina Sociologia dos Animais e Economia Natural do Corpo Político. Por outras palavras, traça um panorama dos estudos da Primatologia, para explicar a origem do ‘princípio da dominação’ masculino que, na sua opinião, se encontra também presente em algum pensamento científico.

Através da biopolítica dos corpos pós-modernos, Haraway disseca a subjectividade biomédica e biotécnica. Por um lado, os corpos nunca aparecem por si só, são sempre construídos, a começar pelo acto da copulação. Paralelamente, no campo científico, a biomedicina traçou um discurso preciso sobre os corpos e, em particular, acerca do género. Nesta e noutras áreas científicas, as concepções modernas sobre a natureza e o corpo construiram, paulatinamente, um pedestal de cariz patriarcal. Para o demonstrar, a autora analisa narrativas históricas, contos e outras histórias, e diversas teorias como o evolucionismo, o construcionismo e a psicanálise.

Uma terceira pioneira dos estudos sobre o corpo digital é Katherine Hayles, especialmente num texto de 1999, How We Became Posthuman: Virtual Bodies in Cybernetics, Literature, and Informatics. Segundo ela, passámos de humanos para uma alteridade do humano, que se apreende e compreende não tanto em nós próprios, mas a partir dos nossos instrumentos, especialmente aqueles introduzidos pelas novas tecnologias. As TIC definem-nos tanto como indivíduos como enquanto espécie.

Hayes recenseia sistematicamente as teorias da Ciência e os escritos literários como a ficção científica, que indagam as similitudes entre os seres vivos e os sistemas computorizados. Daí conclui que algumas noções Ocidentais coevas sobre a identidade humana procuram reconciliá-la com a figura surpreendente e inesperada do pós-humano, o cyborg. Encontramo-nos na era dos computadores de ADN e da inteligência artificial, onde a própria informação se apresenta desincorporada, ou seja, separada dos seus instrumentos materiais que a transportavam tradicionalmente, como o livro ou a própria pessoa comunicante. O Ocidente, pura e simplesmente, acabou por ignorar a dimensão física e corpórea do real. Aliás, Foucault já nos tinha avisado que a cultura Ocidental, mais do que a celebração da prática do sexo, inventou o discurso sobre a sexualidade.

Situando-se na história da tecnologia, na teoria sociológica dos Cultural Studies e na corrente do Literary Criticism, Hayes comenta autores de ficção científica como Philip Dick, que, no livro Do Androids dream of Electric Sheeps?, promove explorações literárias incrustadas a meio caminho entre a realidade e a alucinação, e analisa algumas novelas pós-modernas bem como a vida artificial, onde os humanos são entendidos essencialmente enquanto sistemas cibernéticos.

Em suma, o pensamento de Hayes resume-se nestas 5 teses: 1. A informação perdeu o seu corpo, ou a sua presença física. 2. A consciência é apenas uma parte do que nos faz humanos. 3. Podemos pensar o corpo no seu todo como uma prótese. 4. Os humanos e as máquinas inteligentes tendem a hibridizar-se cada vez mais. 5. O discurso cibernético, talvez mais do que outros discursos, operou o desmantelamento da noção humanista do sujeito, que foi sendo substituíndo pelo pós-humano. Tudo isto converge numa revolução cultural eminente, onde o movimento pós-humano terá uma palavra a dizer.

No entanto, parece-me que a hibridação, pelo menos no sentido de comunicação íntima, raras vezes chegou a acontecer verdadeiramente entre o homem e a mulher ‘físicos’ ou mesmo virtuais. Dito de outro modo, o homem comunica, ao menos hoje, na contemporaneidade, mais com as máquinas tecnológicas como o computador, e com outros homens que utilizam as TIC, do que dialoga, real ou virtualmente, com as mulheres.

3. O corpo virtual na escrita da blogosfera.

As mulheres sempre escreveram, ou, quanto mais não seja, traçaram projectos interiorizados nunca possíveis de exteriorizar, devido a condicionalismos sufocantes. Cynthia Huff (2005) empreende uma recensão dos escritos auto-biográficos produzidos no feminino e das respectivas comunidades imaginadas, que reflectem os valores das respectivas mulheres autoras, não necessariamente coincidentes com os valores masculinos. O corpus de textos analisados por ela, emana de correntes como os Cultural Studies, o feminismo, o pós-modernismo e o Novo Historicismo. Estes textos são essencialmente memórias, auto-biografias, novelas, cartas, registos religiosos, antologias, narrativas de deportação, páginas da web e zines ou seja, revistas alternativas em linha.

Daí que, por esta e por outras,  proponho esta questão, para especificar a temática aqui considerada: onde está e como está o corpo no seio da Web 2.0, por exemplo nos blogs? Sabemos que a chamada Web 2.0 corresponde a uma nova etapa da Internet, que posssui pelo menos 2 características principais:

1) Os softwares a utilizar encontram-se residentes no servidor do site que proporciona um dado serviço. Assim sendo, o utilizador pode utilizá-lo gratuita e directamente nesse site, sem ser necessário adquiri-lo ou instalá-lo no seu computador pessoal.

2) O utilizador participa activamente na produção dos conteúdos informativos, podendo, por exemplo, enviar comentários a textos apresentados em linha., como num blogue, ou mesmo propôr os seus próprios textos originais.

Os blogues foram os primeiros instrumentos que possibilitaram este advento da Web 2.0. Também nesta temática o pioneirismo se conjugou no feminino. O caso de Rebecca Blood, consultora da Internet, é paradigmático. A sua obra The Weblog Handbook, escrito em 2002, foi praticamente o primeiro livro a explicar, de modo sistemático, como os blogues funcionam. Nesse texto, ela assume-se quase como uma mentora, que fornece conselhos para definir uma estratégia credível na blogosfera por qualquer utilizador. Para tal, discorre sobre a cultura dos blogues e respectiva ética e etiqueta. Uma tal cultura, embora influenciada pelas outras culturas de massa, também as condiciona. Blood desvela a vida passada em linha, no ciberespaço, e faculta alguns conselhos sobre a maneira de persuadir um leitor digital a visitar um blogue. Estabelece ainda algumas relações entre blogues e jornalismo, e alerta para os perigos do ciberespaço.

Depois desta contribuição de Rebecca Blood, muitas outras mulheres escreveram sobre a blogosfera. Apenas indicarei aqui 2 tendências. Por um lado, as autoras que produziram livros de introdução e metodologia de construção dos blogues. Por outro lado, a utilização do blogue como veículo da escrita jornalística.

Quanto à primeira direcção, Susannah Gardner é uma profissional do jornalismo digital, autora multimédia e instrutora que escreveu em 2005 um manual para a publicação, publicitação e marketing de blogues na famosa e série ‘For Dummies’ (nas edições Portuguesas, trata-se da série ‘Para Tótós’). Por seu turno, Wendy Atterberry e Sarah Hatter receberam elogios de leitoras que destacam e apreciam a sua escrita de índole feminina, numa antologia de textos sobre a escrita específica de blogues, que coordenaram em 2005. Margaret Mason, escritora profissional na revista The Morning News e colaboradora do New York Times, ganhou recentemente, para o seu blogue pessoal, intitulado Mighty Girl, o prémio de melhor blogue comercial do ano, atribuído pelas revistas Business Week e Forbes. Num texto de 2006, relaciona os blogues aos estilos de vida, aproximando a blogosfera à dinâmica da alimentação.

No que respeita a segunda direcção, a escrita jornalística no feminino, no quadro de verdadeiro jornalismo de guerra, um blogue sobre o Iraque mostrou-se paradimático e único na cena global. Este blogue foi transformado em livro em 2005, sob o título Baghdad Burning: Girl Blog From Iraq . O blogue foi inaugurado por uma rapariga iraquiana de 25 anos, em 2003, momento da intervenção militar americana no Iraque, e 4 meses depois da queda de Sadam Hussein. A notoridade que esta blogueira alcançou, rivaliza com a fama do iraquiano Salam Pax, que, no seu blogue Where is Raed, traçou um testemunho in loco e por dentro dos acontecimentos, da situação no Iraque. Aquela bloguista, que adoptou o pseudónimo Riverbend para não ser detectada, antes da segunda guerra do Iraque pertencia às classes médias, sendo uma profissional programadora de informática. Desde o início das hostilidades, caíu no desemprego e restringe a sua vida à segurança relativa da sua casa. Não conseguiu voltar ao emprego, diz ela, em parte porque, na actual sociedade iraquiana, ninguém asseguraria a segurança de uma mulher no local de trabalho. As saídas de casa apenas se passam com a cabeça protegida e, com alguma sorte, com uma escolta masculina.

Os seus comentários e críticas exprimem a frustação, raiva e sarcasmo quanto à situação por ela vivida na Baghdad ocupada e em guerra interminável, em 4 aspectos centrais: o primeiro é o testemunho das situações dramáticas do quotidiano de guerra, como as faltas intermitentes dos bens essenciais, por exemplo a electricidade, a água, mas também as explosões inesperadas e as restrições a deslocações e viagens. Algumas histórias são curiosas, como o facto de a família se levantar a meio da noite, quando a água e a electricidade se repõem momentaneamente, para ir lavar a roupa e enviar e-mails.

A segunda temática das críticas do blogue, contempla os responsáveis políticos pela situação criada, como a administação Bush, o actual governo interno iraquiano, mas também o fundamentalismo islãmico, que retira dividendos da sociedade caótica surgida do pós-guerra. Uma tal situação, de acordo com a blogueira, ditará o fim da sociedade laica no Iraque. Para o demonstrar, a bloguista empreende verdadeiras reportagens sobre os seus vizinhos e parentes. Alguns deles encontram-se desaparecidos; outros têm as casas devassadas pelas rusgas americanas; muitas crianças foram regularmente raptadas por milícias iraquianas para serem vendidas com o objectivo de angariar fundos; alguns sobreviventes procuram, sem sucesso, sepultar os seus mortos em cemitérios superlotados.

A terceira problemática fundada pela blogueira é a cultura do seu País. Qual socióloga em exercício quotidiano de reflexividade, ela discorre sobre a situação das mulheres no Iraque, o Ramadão, os rituais de luto, a educação iraquiana ou o sgnificado simbólico das palmeiras de tâmaras. Sendo ela prória originária de uma família híbrida, com membros xiiitas e sunitas, afirma que antes da guerra existia alguma tolerância mútua entre as duas facções religiosas, o que não deixa de ser discutível. No entanto, alguns direitros das mulheres eram então possíveis na sociedade laica do Iraque de Hassam Hussein, como ela também afirma.

O quarto tema central, os mass media, também não escapam ao olho clínico da bloguista, desde as estações e jornais americanas à Al-Jazzeera. Algo simbolicamente, ela propôs um reality show que incluiria diversos apoiantes de Bush e da guerra, que seriam colocados em casas iraquianas, para poderem apreciar melhor a guerra em directo que tanto apreciam.

Conclusão.

O blogue de Riverbend registrou um sucesso ubíquo. A primeira prova disso é a sua aclamação global e do livro respectivo, contando com milhares de leitores fiéis pelo mundo inteiro. A segunda legitimação deste protagonismo foi a atribuição de um importante prémio de jornalismo na secção da reportagem literária, o Lettre Ulysse Award for the Art of Literary Reportage. O seu terceiro reconhecimento planetário consisitiu na publicação de um livro em 2006, complementar ao primeiro, que actualiza a mesma temática.

Assim sendo, concluamos com a seguinte constatação e apelo: é necessário reunir e comentar mais obras que surgem sobre o corpo e temáticas adjacentes, escritas por mulheres autoras, em particular nesta arena da informação e do conhecimento global que é o ciberspaço e o cibertempo, e em especial a Web 2.0 e a blogosfera.

Bibliografia

Andrade, Pedro, 1985, "Para uma Sociologia da Documentação: sensibilização à necessidade da sua construção", In Actas do 1º Congresso Nacional de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas ´A informação em tempo de mudança´, Porto, 19-21/6/85, pp. 421-450.

Andrade, Pedro, 1995, “Editorial Português”, Atalaia (1/2), pp. 73-93.

Al-Radi, Nuha, 2003, Baghdad Diaries: A Woman's Chronicle of War and Exile. Vintage.

Atterberry, Wendy; Hatter, Sarah, 2006,The Very Best Weblog Writing Ever By Anyone Anywhere In The Whole Wide World, Vol. 1., Misc. Books & Press.

Blood, Rebecca, 2002,The Weblog Handbook: Practical Advice on Creating and Maintaining Your Blog, Perseus Books Group.

Gardner, Susannah, 2005, Buzz Marketing with Blogs For Dummies, For Dummies.

Haraway, Donna, 1996, Simians, Cyborgs and Women: The Reinvention of Nature, Free Association Books.

Hayles, N. Katherine, 1999, How We Became Posthuman: Virtual Bodies in Cybernetics, Literature, and Informatics, University of Chicago Press.

http://riverbendblog.blogspot.com/

Huff, Cynthia, 2005, Women's Life Writing and Imagined Communities, Routledge.

Mason, Margaret, 2006, No One Cares What You Had for Lunch: 100 Ideas for Your Blog, Peachpit Press.

Riverbend, 2005, Baghdad Burning: Girl Blog From Iraq, Feminist Press.

Riverbend, 2006, Baghdad Burning II: More Girl Blog from Iraq, Feminist Press.

Turkle, Sherry, 1984, The Second Self: Computers and the Human Spirit, The MIT Press.

Turkle, Sherry, 1997, Life on the Screen: Identity in the Age of the Internet, Simon & Schuster.

INICIATIVA:
Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa (CICTSUL)
Instituto São Tomás de Aquino (ISTA)
www.triplov.org

Patrocinadores:
Câmara Municipal de Lamego
IDP - Complexo Desportivo de Lamego
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