Durante um passeio pelo Rio Arade, o patrão do barco chamou a atenção dos
poetas para os cágados que se avistavam na margem, alapados na rocha, entre
verdura, a apanharem sol. Se os Emys orbicularis não ultrapassam os
20 centímetros de comprimento, então é provável que fossem Mauremys
leprosa. Vimos umas duas dezenas, em grupos de quatro ou cinco, alguns
isolados. Os maiores pareciam ultrapassar os 30 centímetros. A Mauremys
leprosa atribui-se o comprimento de 18 a 21 centímetros e preferências
aquícolas ligeiramente diferentes das de Emys orbicularis: o
Cágado-mediterrânico não gosta muito de correntes, prefere águas paradas.
Também se garante que as duas espécies, ao contrário da lei natural,
vivem em simpatria na Península Ibérica.
Bem, que eu não conseguiria ver absolutamente nada se elas tivessem 20
centímetros, é facto. Como estou convencida (podendo estar errada, claro)
de que os animais que consegui ver, apesar das 7 e 8 dioptrias das lentes de
contacto, ultrapassam à vontade os 20 centímetros, então resta pôr a
hipótese de que indivíduos das duas espécies acasalaram e tiveram meninos.
Os híbridos são geralmente bem maiores (e mais escuros), e mais fortes e bem
apetrechados que os progenitores, não é verdade?
Os híbridos de Mauremys existem, e os de Emys também devem
andar por aí, veja-se por exemplo o link:
http://es.wikipedia.org/wiki/Clemmys
Maria Estela Guedes |