DAVID AUGUSTO BENE
[Sinonímia do partir]
À mana Glória
De que me convém
a infinidade dos significados
se no ocaso de tudo
parto o silêncio do partir?
Em mim
não me vivem sentidos
que não sejam destinos
Partir é ficar.
Δ
[…]
Agora é um dia
Depois, o será na mesma
Agora diga-me:
Para quê serve o tempo?
Δ
[…]
As ondas
Eram o colo
O resto, destino.
Δ
[Pirilampos na senda do medo]
Talvez
Seja apenas uma
Questão de hábito
O sol nasce para
Rasgar o azul do céu
Não que ele tenha
Medos dos pirilampos.
Δ
[…]
À mana Glória
A essa hora deves estar
A silenciar pratos na despensa
A bisbilhotar noites da janela
A vestir a pequenada de sonhos
Assim como fazias comigo.
Mana!
Onde quer que estejas
Desmembra-te de tudo
Sinta-me pouco pequeno
Neste vasto poema
Como quem diz, Feliz aniversário.
David Augusto Bene (16/08/1993). Poeta moçambicano, natural da Cidade de Manica, Província do mesmo nome. Licenciado em Geologia pela Universidade Eduardo Mondlane. Mestrando em Geologia Económica na Universidade Japonesa de Akita. Escreve e recita poesia desde a infância. Os seus trabalhos estão publicados em colectâneas (Galiza, Portugal e Brasil) e nas diversas plataformas sociais.