Uma lágrima

JOAQUIM SIMÕES

Uma lágrima (poema cantável com o Fado Maria Rita)


Para Nicolau Saião

 

Uma lágrima escondida

Num esconso da minha vida

Deu por si na claridade

Fantasmagórica fria

De um sonho que eu não sabia

Vir contra a sua vontade

 

Frágil cega apavorada

Como uma flor açoitada

Rolando na ventania

Fez-se de todas as cores

Do arco-íris de amores

De onde nascera um dia

 

Louca de dor quis fugir

Num desespero e ao cair

Na minha mão a tremer

Acordou-me suplicando

Pelo seu fim perguntando

Para que serve viver

 

Cantava a chuva à janela

Abri-a para que ela

Ouvisse e visse a torrente

Olhou olhou-me sorriu

Nem se despediu partiu

A juntar-se à sua gente