PEDRO PROENÇA
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11-05-2004

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mb

73

 

Fulgurações divinas

em sexualíssimos hálitos

unânimes penetram:

na nada esquiva pedra

do exterior do templo

onde casa figura é uma nota de rodapé

na demiurgia orgíaca

o excesso convida-nos para o interior despojado:

no intervalo não é lavada a loiça:

entramos no Absoluto com um travo pornográfico.

Não há mantra que no eco do silêncio não se ouça.

.

74

 

Quando Cronos regurgita

em que oráculos acredita?

 

E quando engolimos sapos

seremos uns mentecaptos?

 

A dúvida pasta

entre o manjericão da pasta

e o gongórico macarrão?

 

A certeza ainda fulmina

com entradas de leão?

.

75

 

Negando negações sobre negações

não nos despedimos de afirmar.

Apenas nos exilamos

das traições do proclamar.

 

Nas afirmações recatadas

com que atrasamos as evidências

hipotecamos hipóteses

e endividamos clemências.

 

O misericordioso adia as ajudas com gozo?

 

76

 

Há vestígios de outras andanças

e ambições brejeiras

quando ascéticos ou ligeiros emudecemos

sem alusões certeiras.

 

(o poeta é o podre do invisível)