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TÍLIA RAMOS |
ELEKTRACHOCA-ME |
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REESCREVO HOJE A "MALDITA" VIAGEM DE CARRO A LAMEGO, HÁ ANOS, MUITOS, POUCOS, MAS QUE SE ME AFIGURAM HOJE TÃO DISTANTES E LONGÍNQUOS COMO SÉCULOS. AS ÁRVORES CARBONIZADAS DEPOIS DE UM INCÊNDIO, QUAIS VIÚVAS NEGRAS ERGUENDO OS BRAÇOS AOS CÉUS À ESPERA TALVEZ DA DÁDIVA DA ÁGUA, O CALOR DA ESTRADA DE ALCATRÃO, A PAISAGEM DOBRANDO-SE À PASSAGEM DE MAIS UM CAVALO METÁLICO. E EU UM PÊNDULO OSCILANDO EM TORNO DE MIM PRÓPRIA, PERDIDA, SEM RUMO CERTO A SEGUIR... A PORTA DA QUINTA ONDE O CÃO DE GUARDA NOS BARROU A ENTRADA. ESTOU AGORA TÃO DISTANTE E LONGE DESSA DOR, O AMARGOR EU NÃO COMPREENDIA PORQUÊ E PARA QUÊ. ALGUÉM (RAUL) DISSE: ELECKTRACHOCA-ME, HOJE, TALVEZ SEMPRE, ÉDIPO ANDA A PAR COM AINDA BEM QUE SOU DIFERENTE DELES, O CARDO OU O FARDO DO PAI E |
A MÃO TORTURADA POR UM OLHAR |
Somos duas chamas ardentes, somos duas estrelas cadentes. Somos como cão e gato, como um ser inadaptado com vontade de viver e condenados a amar. A mão torturada por um olhar um lírio e uma margarida amando-se, sem deixar de abrir a cúpula de uma ferida sentida e de vida sofrida. No entanto, a sereia canta como lira de Orfeu para aliviar a alma do seu amor ateu... |