RUY BELO
Inês Morreu

inês morreu e nem se defendeu

Da morte com as asas da andorinha

pois diminuta era a morte que esperava

aquela que de amor morria cada dia

aquela ovelha mansa que até mesmo cansa

olhar vestir de si o dia a dia

aquele colo claro sob o qual se erguia

o rosto envolto em loura cabeleira

pedro distante soube tudo num instante

que tudo terminou e mais do que a inês

o frio ferro matou a ele

Nunca havia chorado é a primeira vez que chora

agora quando a terra já encerra

aquele monumento de beleza

que pode pedro achar em toda a natureza

pode pedro esperar senão ouvir chorar

as próprias pedras já que da beleza

se comovam talvez uma vez que os humanos corações

consentiram na morte da inocente inês

E pedro pouco diz só diz talvez

satanás excedeu o seu poder em mim

deixem-me só na morte só na vida

a morte é sem nenhuma dúvida a melhor jogada

que o sangue limpe agora as minhas mãos cheias de nada

ó vida ó madrugada coisas do princípio vida

começada logo terminada