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FERNANDO BOTTO SEMEDO
Chama de água

As crianças que correm por este papel branco

O meu sangue branco é uma folha das infinitas

Na minha infância via corredores de hospitais

As nuvens passam como sinal do tempo mortal

Quiseram ceifar a primavera, cortando cerce

Doem-me estes poemas tão pobres, tão humildes

O meu sangue branco é uma folha das infinitas


O meu sangue branco é uma folha das infinitas

Arvores das primaveras, que hoje nasceram

Na alma de todos os homens, prisioneiros

Da realidade da matéria e do seu escandaloso

Peso e deformação.

Beijo aqui as palavras

Mais simples e os versos mais despojados,

Para que o Deus livre de tudo livre

Recolha as suas lágrimas de comoção pela Criação.