MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE
BOCAGE (Elmano Sadino)
Setúbal 1765-Lisboa 1805
No abismo tragador da Humanidade

No abismo tragador da Humanidade
(dela, dela não só, de quanto existe)
coa mesma rapidez, Elmano, ah! viste
sumir-se a florescente, e a murcha idade!

Olha em muros, que veste a escuridade,
Olha a cor de teu fado, a cor mais triste:
Talvez (agora!... agora!...) ele te aliste
No volume, em que lê a eternidade!

Oh tochas funerais! Clarão medonho!
Da morte oh mudas, solitárias cenas!
Em vós arrepiado os olhos ponho!...

Ah, porque tremes, louco? Ah! Porque penas?
sonhas num ermo, e surgirás do sonho
em climas de ouro, em regiões amenas.