MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE
BOCAGE (Elmano Sadino)
Setúbal 1765-Lisboa 1805
Canta ao som dos grilhões o prisioneiro

Canta ao som dos grilhões o prisioneiro,
Ao som da tempestade o nauta ousado,
Um, porque espera o fim do cativeiro,
Outro, antevendo o porto desejado;

Exposta a vida ao tigre mosqueado
Gira sertões o sôfrego mineiro,
Da esperança dos lucros encantado,
Que anima o peito vil, e interesseiro:

Por entre armadas hostes destemido
Rompe o sequaz do horrífico Mavorte,
Co triunfo, côa glória no sentido:

Só eu ( tirano Amor! tirana Sorte! )
Só eu por Nise ingrata aborrecido
Para ter fim meu pranto espero a morte.