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A. MEIRELES GRAÇA
Darei um não sem favor!

Só este maldito Inverno

Num sol assim se refresca:

De seco se faz eterno

E não me deixa ir à pesca!

Mas se meu verso afinal

Vai assinado e com nome

E não chove em Portugal

Resta a seca, resta a fome

E do pouco que nos resta

De tão eterno perder

Sobrará o que não presta

E mingará o comer…

A lavoura à CEE

Requere a pedir esmola

Demonstrando como é

Real a seca que assola

Um país assim perdido

Onde afinal toda a gente

Canta o fado num gemido

Seja o tempo frio ou quente!

E sendo este povo assim

Tão choroso no cantar

Não lavra a terra e ao fim

Proibido de pescar

E mesmo já sem saber

No que pode trabalhar

Sem governo e sem querer…

Na seca vai sossobrar!

E apelando a Bruxelas

Da chuva que não lhe vem

Deixa água nas gamelas

De quem não bebe a que tem!

Pobre povo ignorado…

Pobre povo ignorante

Este que tenho a meu lado

E me julga tão distante!