RENATO SUTTANA
Frutos

VIII - Teus segredos não foram revelados

 

Teus segredos não foram revelados,
e entanto ei-los ali: junto à soleira,
pela mão de algum deus depositados,
que também nos legou a arte e a maneira.

(Portanto não se diga da videira
que seus caminhos foram sazonados;
mas diga-se: são muitos, não trilhados,
que é o mesmo que se diz da vida inteira.)

Do mistério da seiva, que trabalhas
pacientemente, enquanto a estação foge,
dê-se ao vencido a luz que se concede

ao vencedor de pugnas e batalhas:
o vasto esquecimento e o riso de hoje,
banhando como um rio a nossa sede.

 

FRUTOS

I - Estes frutos que o dia me oferece
II - Maçãs: não vos cantei como devia
III - Laranjas, de áurea cor que o olho medita
IV - Carne suave da pêra, que eu desvendo
V - Dorme – rugoso e espesso – o coração
VI - Apresento-vos, pois: eis a banana
VII - Uma festa de mangas em dezembro
VIII - Teus segredos não foram revelados
IX - O dia em vós se anima, em vossa chama
X - Abacate: entre tons de verde e escuro

 
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