Dez leis
para ser feliz
Me chega
um email
E fico
atônito pois
Seja de
Curys ou de Coelhos
Ou de
Gandhis
A
verdade é que sou assim,
Sem
felicidades e sem rumores
Apenas
interminável
Não sei
ser eficiente, inteligente e moralmente
Saudável
Em dez
lições,
Nem
alegre nem triste
Talvez
nem poeta
Seja
Este que
escreve
Apenas
um estar no mundo
Com uma
pré-disposição e
Alguns
dispositivos que acontecem
Em mim
No meio
de rizomas e platôs
E eu
comungando da comida
E SENDO
alface quando alface me vê
E
estando pepino quando pepino engulo
E
bonequinhos e suas falas invisíveis
No meio
de diálogos tão imaginários
porque
fortemente reais
Dos
tantos quereres do único filho que
tenho
E vejo
filmes e leio livros e sinto coisas
E sou
Kurosawa e Livro do Desassossego e sou coisa palpável
Maleável
ou dura
como aço
bem temperado
ou
um ferro
lá românico em igreja esquecida
numa
calada aldeia
do
extinto Portugal
E não
sei o que é ser feliz pois não procuro
A tal da
lagoa azul
Ou
o monte Kilimanjaro
Nem
Ottawa ou Nova York
Apenas
lembro enquanto tópico
que
já amei muito
E isso
era infinito e que duro na finitude
Do que
experimentei
E não
tenho mais fórmulas para viver
Não sei
o que fazer
deste
corpo
Talvez
uma fantasia maior
Sem
estrutura
Sem
prisão
Sem
função
Sem
salários por receber
Que ele
fosse essa alegria
Mais
clandestina
De uma
vida nômade e
proibida
De um
pensamento tuareg
Onde o
corpo
pudesse
SER,
isto
Sem
Órgãos
(
Luis Estrela de Matos)
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