LUÍS COSTA:::::::::::::

Poemas de Tomas Tranströmer (Nobel 2011) mudados por Luís Costa

 

MEDITAÇÃO AGITADA 

Uma tempestade faz rodar furiosamente as asas

do moinho, na escuridão nocturna, nada moendo  – as mesmas

leis matêm-te acordado. A barriga do tubarão

cinzento é a tua lâmpada fraca.

 

Memórias difusas descem às profundezas do mar

e petrificam-se ali em estátuas estranhas - verde

de algas é a tua muleta. Quem deambula

pelo mar regressa petrificado.

 

 

MANHÃ E ENTRADA 

O gaivotão-real, o navegador do sol, segue a sua rota.

Por baixo, a água.

O mundo ainda dormita como uma pedra

multicolor na água.

Mundo inexplicável. Dias  –

como os caracteres dos Astecas.

 

A música. E eu estou preso

na sua tapeçaria, com os

braços erguidos, como uma figura

da arte popular.

 

CALMA NA RODA DE PROA IMPETUOSA 

Numa manhã de inverno apercebemo-nos como a terra

rola para a frente. Uma aragem vinda

do oculto arremessa -se contra

as paredes da casa.

 

Banhada em movimento: a tenda do silêncio.

O leme misterioso no bando das aves migratórias.

Da escuridão invernal

sobe um tremolo

 

de instrumentos secretos. É como se estivéssemos

sob a alta tília do verão, de dez mil asas

de insectos

o fragor sobre a cabeça.

Luís Costa nasce a 17 de Abril de 1964 em Carregal do Sal, distrito de Viseu. É aí que passa a maior parte da sua juventude. Com a idade de 7 anos tem o seu primeiro contacto com a poesia, por meio de  Antero de quental, poeta/ filósofo, pelo qual nutre um amor de irmão espiritual. A partir dai não mais parou de escrever.

Depois de passar três anos  num internato católico, em Viseu, desencantado com a vida e com o sistema de ensino, resolve abandonar o liceu. No entanto nunca abandona o estudo.  Aprende autodidacticamente o Alemão, aprofunda os seus conhecimentos de Francês, bem como alguns princípios da língua latina. Lê, lê sem descanso: os surrealistas, a Geração de 27, Mário de Sá-Carneiro, Beckett, E. M. Cioran, Krolow, Homero, Goethe, Hölderlin, Schiller, Cesariny, Kafke e por aí adiante. Dedica-se também, ferverosamente, ao estudo da filosofia, mas uma filosofia viva. Lê os clássicos, mas ama, sobretudo, o poeta/ filósofo Nietzsche, o qual lera pela primeira vez com a idade de 16 anos : "A Origem da Tragédia" e o existencialista Karl Jaspers.

Mais tarde abandona Portugal rumo à Alemanha, pais onde se encontra hoje radicado.