LUÍS COSTA:::::::::::::

Despertar com Brainstorm e metáforas poéticas

Sofia Ribeiro é natural de Lisboa, onde nasceu em 1965. A infância foi passada no meio da arte, através da galeria dos pais. Durante dez anos trabalhou na área de restauro, onde reuniu bagagem para se lançar no processo artístico. No ano passado começou a criar composições onde tecidos, botões, metal, pintura e um sem fim de objectivos se ligam para dar corpo a peças que não aceitam estereótipos fáceis.

Há dez anos que mora no concelho. Primeiro na zona do Juncal, numa casa que construiu com as próprias mãos. Agora no centro histórico de Porto de Mós. O tempo é dividido entre a criação artística e as três filhas, Rita, Joana e Mariana.

( tirado da internet )

1O da manhã. A noite foi longa. Por isso dormi até mais tarde. De súbito,  ouço uma campainha dentro dos meus sonhos. E ao mesmo tempo, outra campainha fora dos meus sonhos. Acordo. Ainda estremunhado  com esta  surreal sincronia, vou à porta. É o correio. Traz um sobrescrito na mão. Assino a recepção. Abro o sobrescrito. Uma alegria! É o catálogo da exposição “ Brainstorm , metáforas poéticas  2011 “ realizada em Agosto, Galeria Templários, Tomar, da artista plástica Sofia Ribeiro.  

Para além das excelentes fotografias ( com comentários de vários autores, entre os quais eu me encontro.O que é para mim uma honra ) dos trabalhos da Sofia, este catálogo traz um excelente prefácio de apresentação da autoria do artista plástico Miguel Gontijo. E só posso concordar com o Gontijo, quando, a certo passo escreve o seguinte : 

“Mesmo que os objectos que Sofia nos oferece sejam conhecidos, percebidos, talhados em “lugares comuns “, eles nos apresentam como um objecto para o espírito, imbuído de uma nova alma que vem instituir uma nova forma, habitá-la e deleitar-se com ela. Em um objeto poético é a alma que denuncia sua presença e não é preciso mais que um momento dela para que ela se manifeste como arte. “ 

Acrescento:  a Sofia , graças à sua imaginação, consegue, partindo de um impulso seminal, o Brainstrom, o que a meu ver a aproxima daquilo a que chamarei o fogo surreal, transfigurar objectos comuns numa nova realidade poética , uma nova linguagem, profundamente metafórica, que nos toca as vísceras e nos abre caminhos para percepções inesperadas, onde o lado critico e o lado filosófico também se encontram presentes.  

E poderei ainda aventar que a arte da Sofia, embora talvez não conscientemente, segue o ímpeto criativo da célebre frase do Conde Lautrémont: “Belo como (...) o encontro fortuito, sobre uma mesa de dissecação, de uma máquina de costura com um guarda-chuva!  “ Dado que ela consegue oferecer uma nova linguagem aos objectos, que vêm em muitos casos de “ mundos “ diferentes, transpondo-os para um novo lugar, ligando-os e intrincando-os, fazendo-os comunicar uns com os outros, e inventando assim realidades (até ali escondidas) objectivas que só os olhos poéticos são capazes de revelar. Sim, esta também é uma arte reveladora... 

E termino agradecendo à Sofia o envio deste magnífico catálogo e a sua magnífica arte. Das mais raras e originais que tenho vindo a conhecer ultimamente.

Luís Costa  

 

Transponível

Transponível - pormenor

 

Concílio

   

Luís Costa nasce a 17 de Abril de 1964 em Carregal do Sal, distrito de Viseu. É aí que passa a maior parte da sua juventude. Com a idade de 7 anos tem o seu primeiro contacto com a poesia, por meio de  Antero de quental, poeta/ filósofo, pelo qual nutre um amor de irmão espiritual. A partir dai não mais parou de escrever.

Depois de passar três anos  num internato católico, em Viseu, desencantado com a vida e com o sistema de ensino, resolve abandonar o liceu. No entanto nunca abandona o estudo.  Aprende autodidacticamente o Alemão, aprofunda os seus conhecimentos de Francês, bem como alguns princípios da língua latina. Lê, lê sem descanso: os surrealistas, a Geração de 27, Mário de Sá-Carneiro, Beckett, E. M. Cioran, Krolow, Homero, Goethe, Hölderlin, Schiller, Cesariny, Kafke e por aí adiante. Dedica-se também, ferverosamente, ao estudo da filosofia, mas uma filosofia viva. Lê os clássicos, mas ama, sobretudo, o poeta/ filósofo Nietzsche, o qual lera pela primeira vez com a idade de 16 anos : "A Origem da Tragédia" e o existencialista Karl Jaspers.

Mais tarde abandona Portugal rumo à Alemanha, pais onde se encontra hoje radicado.