LUÍS COSTA:::::::::::::

Erosinfónico

os murmúrios de uma fonte antiga

subindo tornando-se fogo

o olor dos laranjais em flor

o jasmim

a lua cheia

no fundo do tanque grande

 

e os nossos corpos iluminados

desorientando as bússolas

 

                         *

 

um leito ancestral

todos os astros à nossa volta

e as harpas penduradas nas árvores

murmurando no vento

as conchas com o vinho suave

 

e os nossos corpos enlaçados um no outro

ao ritmo das harpas

 

                         *

 

os beijos os susssuros

as palavras inauditas

os teus lábios

ardendo sob o sismo dos meus lábios

 

o teu corpo abrindo-se

recebendo-me como um belo crime 


Luís COSTA

Luís Costa nasce a 17 de Abril de 1964 em Carregal do Sal, distrito de Viseu. É aí que passa a maior parte da sua juventude. Com a idade de 7 anos tem o seu primeiro contacto com a poesia, por meio de  Antero de quental, poeta/ filósofo, pelo qual nutre um amor de irmão espiritual. A partir dai não mais parou de escrever.

Depois de passar três anos  num internato católico, em Viseu, desencantado com a vida e com o sistema de ensino, resolve abandonar o liceu. No entanto nunca abandona o estudo.  Aprende autodidacticamente o Alemão, aprofunda os seus conhecimentos de Francês, bem como alguns princípios da língua latina. Lê, lê sem descanso: os surrealistas, a Geração de 27, Mário de Sá-Carneiro, Beckett, E. M. Cioran, Krolow, Homero, Goethe, Hölderlin, Schiller, Cesariny, Kafke e por aí adiante. Dedica-se também, ferverosamente, ao estudo da filosofia, mas uma filosofia viva. Lê os clássicos, mas ama, sobretudo, o poeta/ filósofo Nietzsche, o qual lera pela primeira vez com a idade de 16 anos : "A Origem da Tragédia" e o existencialista Karl Jaspers.

Mais tarde abandona Portugal rumo à Alemanha, pais onde se encontra hoje radicado.