PARQUE NACIONAL DAS SERRAS D'AIRE E CANDEEIROS / Na lagoa do Arrimal foi criminosamente introduzido o achigã, uma espécie originária do Canadá, cuja fome voraz acabou com várias espécies de anfíbios que ali viviam: a rã-verde (Rana perezi), a Salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra), o Tritão-de-ventre-laranja (Triturus boscai), o Pleurodelo (Pleurodeles waltl) e outras, mencionadas pelos guias que nos acompanharam na visita ao PNSAC, cujo nome não retive. Reafirmo que a introdução é tão criminosa como um fogo posto ou uma casa bombardeada, porque, vamos imaginar: eu, Maria Estela Guedes, escritora, queria assinar eu mesma esse lindo serviço. Como fazia? Ia ao supermercado comprar os achigãs? Há achigãs vivos à venda em Portugal? Onde? Mas calculo eu que esse lindo serviço não se faça com achigãs adultos, sim com ovos ou larvas, que certamente têm de ser transportados a dada temperatura, em recipientes apropriados. E também não deve bastar, depois de tanta canseira, despejar à toa as larvas ou os ovos na lagoa. Eu pergunto, como perguntaria qualquer detective: quem terá acesso à informação (know how) e ao material necessários para o lindo serviço? Não pergunto porque é que o serviço foi feito porque a resposta está patente: para liquidar as espécies de anfíbios que viviam na dependência da lagoa. Pergunto: quem tem o perfil próprio para levar a cabo o lindo serviço?
IX Colóquio Internacional «Discursos e Práticas Alquímicas»
04-06-2010
www.triplov.com

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