Olaria Romana em Portugal

NUNO GONÇALVES RODRIGUES
Olaria Romana (Quinta do Rouxinol – Corroios, Portugal)


Nuno Gonçalves Rodrigues (2016)

A SUA DESCOBERTA  

Regendo-nos pelo site do Ecomuseu Municipal do Seixal, compreende-se que em 1960, e segundo fontes orais, dão-se os primeiros achados de origem romana na Quinta do Rouxinol.

Esta quinta era uma antiga propriedade agrícola que foi urbanizada no início da década de 1980.

As prospecções, realizadas pelo Ecomuseu Municipal do Seixal entre 1982 e 1983, revelaram pela primeira vez que naquele local poderia ter havido uma olaria romana.

Como é o caso de muitos achados arqueológicos, este foi descoberto quando os serviços camarários estavam a realizar obras com vista a dotar de saneamento básico aquela parte do concelho. Estávamos em 1986. (imagem abaixo) (1)

Descoberto um forno, a Câmara do Seixal deliberou conservar este achado in situ. (2)

As escavações, feitas em colaboração com o Centro de Arqueologia de Almada (C.A.A.) durante os verões de 1986 a 1990, iriam pôr a descoberto dois fornos de planta circular com aproximadamente 2,5 metros de diâmetro e respetiva fossa de desperdícios.

Estas prosseguiram até 1991, sempre inseridas num contexto duma investigação regional, e numa relação estreita com várias entidades, tais como, as câmaras municipais de Almada, Alcochete, Benavente e para além destas, com o C.A.A. e o Instituto Português do Património Cultural (3).

A partir de 1999 desenvolveram-se outros projetos, onde o C.A.A. participa, e ao qual se juntam o Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ) e o Instituto Tecnológico e Nuclear. Esta parceria possibilita o estudo arqueológico e arqueométrico (4) das produções de cerâmica no estuário do Tejo e o seu enquadramento na economia local e imperial da época romana.

É a primeira olaria romana conhecida no estuário do Tejo e neste mapa vê-se perfeitamente a sua localização que está assinalada por uma estrela junto a Corroios. (5)

Mas para que este espaço tivesse a envolvência que hoje conhecemos, muito trabalho foi feito, tal como passamos a descrever seguidamente:

Os trabalhos de escavação incidiram também sobre uma fossa – de despejo de materiais cerâmicos – que está localizada no espaço entre os fornos e a margem do estuário do rio Tejo, e que foi escavada no sedimento arenoso.

Nela descobriram o tipo de cerâmica que era fabricado naquele local. Esta fossa chegava quase ao nível freático, e na sua base, encontraram troncos e pequenos ramos – que iriam servir de combustão dos fornos – além de algumas ânforas quase completas, o que nos dá uma noção da relação comercial desta olaria com outros locais do império romano (7).

Para se perceber o que era uma olaria romana, como funcionava, e o que produzia, destacamos nas páginas seguintes, alguns esquemas e imagens, que nos ajudarão a uma melhor compreensão.

ESQUEMA TIPO DA CADEIA OPERATÓRIA
DE UMA OLARIA EM ÉPOCA ROMANA (8)

1- Poço para recolha de água.  2- Depósito de argila. 3-Tanque para decantação de argila.
4- Oficina do oleiro. 5- Forno. 6- Zona de despejo de peças partidas ou defeituosas.

TIPOS DE FORNOS DE ÉPOCA ROMANA (9)

1-Forno circular ou ovalizado, com pilar central. 2- Forno circular ou ovalizado, com apoios radiais e, por vezes, pilar longitudinal. 3- Forno circular ou ovalizado, com arcadas paralelas. 4- Forno circular ou ovalizado, com arcadas paralelas ou corredor central. 5-Forno quadrado ou retangular, com pilar longitudinal. 6- Forno quadrado ou retangular, com arcadas paralelas e corredor central. 7- Forno quadrado ou retangular, com arcadas paralelas duplas. 8- Forno quadrado ou retangular, com dupla entrada e arcadas paralelas.

RECONSTITUÍÇÃO DE UM FORNO
DA QUINTA DO ROUXINOL (10)

Esta imagem, que representa a reconstituição tridimensional de um dos fornos romanos da olaria situada na Quinta do Rouxinol, foi efetuada a partir do levantamento fotogramétrico da estrutura revelada pela escavação arqueológica. Para que este levantamento fosse o mais rigoroso possível, foi utilizada tecnologia laser com fotografia digital incorporada.

ÂNFORAS (11)

Na Quinta do Rouxinol produziam-se diferentes formas de ânforas, que eram usadas, principalmente, na conservação, entre outros produtos, do peixe e do vinho.

Uma das principais actividades económicas desse tempo era o fabrico e exportação de conservas e outros preparados de peixe. As ânforas tinham como função primordial que produtos como o vinho, azeite, cereais, frutos, peixe, entre outros, chegassem em boas condições a qualquer parte do império romano.

Cada produto tinha uma ânfora, que pela sua forma, era a mais adequada para o seu transporte, isto sem esquecer um factor muito importante, que era o sítio onde cada ânfora era colocada nas embarcações, para que o seu transporte decorresse o mais tranquilo possível. Esta é a razão pela qual existem tantas ânforas de diferentes formas e tamanhos, como podemos ver alguns exemplos na imagem abaixo.

Para além das ânforas fabricadas na Quinta do Rouxinol, encontraram por lá outras que eram doutros locais do império romano, como o norte de África ou do sul da atual Espanha, tal como podemos contemplar na imagem seguinte.

LOIÇA DOMÉSTICA (12)

Esta imagem, tal como a anterior, são achados da olaria da Quinta do Rouxinol, e que estão devidamente identificados e catalogados pelo Ecomuseu Municipal do Seixal.

Esta loiça que se destinava ao uso doméstico é abundante e diversificada, e tinha como objetivo, abastecer as populações locais.

Destacamos os pratos, tigelas, malgas, jarros, bilhas, potes, panelas, tachos, entre muitas outras peças que serviam para cozinhar e servir à mesa.

LUCERNAS (13)

Na olaria de Corroios terão sido fabricadas lucernas. Estas eram utilizadas como utensílios para iluminação e eram as mais comuns na época Romana.

Como combustível usavam azeite – ou outro tipo de óleos colocados no interior da lucerna – e em seguida embebiam pequenas mechas de fibras vegetais entrelaçadas, que saíam por um ou mais bicos, e eram altamente inflamáveis.

Maioritariamente estas peças eram feitas em cerâmica, e para que a sua produção fosse mais rápida e económica, os oleiros recorriam a moldes. O facto de serem baratas possibilitava à maioria da população a sua compra.

Na Quinta do Rouxinol foram encontrados alguns desses moldes, assim como exemplares modelados à mão.

ASSINATURA DO OLEIRO (13)

Os oleiros usavam suportes tubulares para apoiar as ânforas, cujo fundo em bico, facilitava o transporte fluvial e marítimo, mas não garantia sustentação autónoma, ou seja, tinham que estar bem acomodadas para não se partirem durante as viagens.

Por vezes, os artesãos marcavam-nas com símbolos (grafitos), e como as ânforas secavam assentes sobre a boca, esses grafitos eram desenhados junto ao fundo da peça, o que faz com que, para serem lidos corretamente, esta deverá estar invertida.

SIMBOLOGIA (14)

A simbologia de inspiração cristã está bastante presente na decoração das peças de uso doméstico, o que não deixa de transparecer o contexto social vivido àquela época.

As telhas, tijolos e as gárgulas de várias eram usadas para a construção das habitações locais.

Os pesos cerâmicos, que eram usados nos teares e nas redes de pesca, supriam a procura daqueles que faziam do estuário do rio Tejo a sua fonte de proveito.

Todos os achados representados, tanto nesta imagem como nas anteriores, referem-se a uma parte do espólio encontrado na Quinta do Rouxinol e estão inventariados pelo Ecomuseu Municipal do Seixal.

EXPOSIÇÃO
(Museu Nacional de Arqueologia)

O que encontraram nesta olaria representa uma das mais importantes coleções de cerâmica romana em Portugal, o que atesta bem da sua importância, no abastecimento aos vários centros conserveiros da região, com destaque para Olisipo (Lisboa), entre o final do século II, e pelo menos, até às primeiras décadas do século V.

Todo o espólio foi inserido no Ecomuseu Municipal do Seixal e foram por este expostas. No entanto, a exposição de maior relevo aconteceu sob a forma de parceria entre o Ecomuseu Municipal do Seixal e o Museu Nacional de Arqueologia (M.N.A.).

À exposição foi dado o nome de “Quinta do Rouxinol (Corroios, Seixal): Uma Olaria Romana no Estuário do Tejo”, e esteve patente neste museu de 19 de Março de 2009 a 26 de Maio de 2013.

A apresentação desta exposição é-nos descrita da seguinte forma (15):

“O programa da exposição tem por objectivo primordial apresentar o sítio arqueológico, enquadrando-o devidamente nos mecanismos da economia local e imperial romana, de modo a explorar o seu potencial enquanto elemento mediador da transmissão de conhecimentos sobre a temática dos centros produtores de cerâmica na época.

Atendendo ao público-alvo preferencial, o projecto museológico adopta um discurso assumidamente didáctico, suportado em acervo do Ecomuseu Municipal do Seixal e em elementos gráficos e audiovisuais representativos das produções cerâmicas locais e dos materiais de importação. Procurou-se também abordar de modo integrado a cadeia operatória da actividade oleira em Época Romana, por comparação etno-arqueológica com a realidade da olaria tradicional portuguesa.

Na Quinta do Rouxinol (Corroios, Seixal) localiza-se uma olaria de Época Romana identificada em 1986. Foi possível preservar e estudar parte de dois fornos que, dos finais do século II às primeiras décadas do século V, produziram loiça de cozinha e de mesa e ânforas destinadas ao envase e transporte de preparados de peixe e, provavelmente, de vinho. Há ainda vestígios de um terceiro forno e de outra pequena estrutura de combustão. A produção pontual de lucernas é também indiciada pela recolha de moldes em argila.

Duas grandes fossas estavam repletas de peças partidas ou rejeitadas durante o processo de fabrico. Este abundante e diversificado espólio ilustra bem o papel que a olaria desempenhou no abastecimento das populações locais e de Olisipo (Lisboa), satisfazendo ao mesmo tempo as necessidades de vasilhame dos centros conserveiros da região.

A presente exposição visa divulgar o sítio e contextualizá-lo nos mecanismos da economia regional e imperial da Época Romana.” (Museu Nacional Arqueologia)

É desta exposição as fotografias que se seguem e que fazem parte do meu arquivo pessoal, aquando da minha visita à dita em Junho de 2012.

O programa museológico desta exposição foi apoiado pela Rede Portuguesa de Museus / Instituto dos Museus e da Conservação e para além das componentes gráfica, audiovisual e artefactual, teve como principal atracão da exposição, um forno à escala natural, e que foi preenchido, parcialmente, com réplicas de cerâmicas de produção local.

Para o construir tiveram que fazer, investigação arqueológica e antropológica, comparações entre a olaria romana e a tradicional portuguesa e foi “ (…) criado a partir da digitalização da estrutura original com tecnologia laser 3D e fotogrametria digital incorporada, o modelo digital tridimensional gerado em interacção com a investigação multidisciplinar apoiou a construção física do forno em contexto expositivo, e a criação de uma animação 3D explicativa da sua arquitectura e modo de funcionamento.”

Um segundo forno foi construído no própria olaria em Corroios (capa) e contou com o apoio de mestres oleiros que produziram artesanalmente algumas peças, entre as quais, ânforas e foram os responsáveis pelo funcionamento do forno a lenha. A primeira fornada foi analisada, tendo sido o seu desempenho (forno) monitorizado analiticamente por uma equipa do Departamento de Arte, Conservação e Restauro do Instituto Politécnico de Tomar, tanto no que respeita ao ambiente da câmara de cozedura, como na posterior análise da variação das fases cristalinas formadas nas peças cozidas. (Ecomuseu Municipal do Seixal)

Este evento pode ser consultado através das actas que estão disponíveis no Centro de Documentação e Informação do Ecomuseu Municipal do Seixal.

O ESPÓLIO

Sobre este importante achado arqueológico, o destaque vai para os dois fornos e vestígios de um eventual terceiro, que foram usados na produção, entre outros, de materiais de construção, como tijolos, telhas planas e de meia-cana, da chamada loiça comum, como os pratos, tigelas, bilhas, lucernas, jarros, malgas, potes, panelas, tachos, taças e principalmente de ânforas destinadas ao transporte de preparados de peixe e de vinho.

Depois dos esquemas elucidativos e das fotografias da exposição do M.N.A., temos a oportunidade de ver as imagens que se seguem e que documentam exemplarmente o que até aqui foi descrito.

Estas fotografias – que fazem parte do meu arquivo pessoal – foram registadas numa visita à olaria de Corroios em Maio de 2016.

Forno maior
Vista geral do complexo arqueológico (com destaque, no lado direito da imagem, de um eventual terceiro forno de pequenas dimensões)
Forno menor

LOCALIZAÇÃO

 

Esta olaria romana localiza-se no concelho do Seixal, mais propriamente na Quinta do Rouxinol, que pertence à freguesia de Corroios.

Está classificada como Monumento Nacional (Decreto n.º 26-A/92, de 1 de Junho).

Neste mapa, que a Câmara Municipal do Seixal disponibiliza a que aceda ao seu site, podemos ver a localização exata da olaria – no centro do mapa – e perto desta está mais um ex libris do concelho, o moinho de maré de Corroios, mandado construir por D. Nuno Álvares Pereira em 1403 e que é dos poucos que ainda se encontram em atividade.

A exposição da cerâmica de produção local encontra-se no Ecomuseu Municipal do Seixal – Serviços Centrais.

 

COMO CHEGAR (15)

De carro:

Através da A-2 (Auto-Estrada do Sul), saída do Almada (sentido Norte-Sul) ou Almada (área comercial) (sentido Sul-Norte), seguindo as indicações para Corroios; na rotunda da entrada Sul desta povoação, tomar a direcção da Quinta do Rouxinol.

De comboio [Fertagus]

Saída na estação de Corroios, fazendo o resto do percurso a pé ou em autocarro SulFertagus.

Carreira 2C Corroios (Estação) / Laranjeiro (mercado)

De barco [Transtejo]

Através da ligação Cais do Sodré – Seixal (Terminal Fluvial) ou Cais do Sodré – Cacilhas, fazendo o resto do percurso em autocarro TST (sentido Seixal – Miratejo ou Cacilhas – Quinta do Brasileiro).

Carreira 170 Miratejo / Seixal (Terminal Fluvial)

Carreira 107 Cacilhas / Quinta do Brasileiro

Pode ainda optar por:

Carreira 162 Lisboa (Praça de Espanha) / Quinta do Brasileiro

Para mais informações:

http://www.fertagus.pt/
http://www.tsuldotejo.pt/
http://www.mts.pt/
http://www.transtejo.pt/


[1] Fonte: C.A.A./SEM – 1986

[2] Tem origem no latim e significa no local.

[3] Cuja missão é hoje assegurada pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico – IGESPAR.

4] A arqueometria é uma disciplina científica que emprega métodos físicos ou químicos que visam o estudo da arqueologia. O seu objetivo é a datação dos objetos que se encontram nos achamentos arqueológicos, a caracterização dos materiais, determinar as suas propriedades físicas e químicas, o tipo de tecnologia utilizada no seu fabrico, a origem dos materiais, entre outras.

[5] Fonte: Ecomuseu Municipal do Seixal

[6] Ecomuseu Municipal Seixal – Quinta do Rouxinol: uma olaria romana no estuário do Tejo (Corroios / Seixal), 2009, Coordenação: Graça Filipe; Jorge Raposo; Luís Raposo. Acedido através de Academia.edu

[7] Idem

[8] Ecomuseu Municipal Seixal – Quinta do Rouxinol: uma olaria romana no estuário do Tejo (Corroios / Seixal), 2009, Coordenação: Graça Filipe; Jorge Raposo; Luís Raposo. Acedido através de Academia.edu. Esquema segundo: J. Tremoleda i Trilla, 2000

[9] Ecomuseu Municipal Seixal – Quinta do Rouxinol: uma olaria romana no estuário do Tejo (Corroios / Seixal), 2009, Coordenação: Graça Filipe; Jorge Raposo; Luís Raposo. Acedido através de Academia.edu. Esquema segundo: N. Coumo di Caprio, 1971-1972

[10] Ecomuseu Municipal Seixal – Quinta do Rouxinol: uma olaria romana no estuário do Tejo (Corroios / Seixal), 2009, Coordenação: Graça Filipe; Jorge Raposo; Luís Raposo. Acedido através de Academia.edu

[11] Idem

[12] Idem

[13] Idem

[14] Idem

[15] Idem

[16] Fonte: site do Museu Nacional de Arqueologia

[17] Fonte: site da Câmara Municipal do Seixal

WEBGRAFIA

http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70371

(consultado a 15 Janeiro 2016 às 19h20)

http://www.cm-seixal.pt/equipamento/ecomuseu-municipal-do-seixal-nucleo-da-olaria-romana-da-quinta-do-rouxinol

(consultado a 18 janeiro 2016 às 16h36)

http://www2.cm-seixal.pt/ecomuseu/nucleos_e_extensoes/nucleos/nucleo_olaria.html

(consultado a 18 Janeiro 2016 às 16h40)

http://www.dicionariodelatim.com.br/in-situ/

(consultado a 19 Janeiro 2016 às 19h39)

https://es.wikipedia.org/wiki/Arqueometr%C3%ADa

(consultado a 19 Janeiro 2016 às 19h53)

http://www.museuarqueologia.pt/default.asp?a=2&x=3&i=78

(consultado a 19 Janeiro 2016 às 22h30)

http://www.jf-corroios.pt/patrimonio-historico/olaria-romana

(consultado a 19 Janeiro 2016 às 23h35)

http://www.patrimoniocultural.pt/pt/museus-e-monumentos/rede-portuguesa/m/ecomuseu-municipal-do-seixal/

(consultado a 19 Janeiro 2016 às 23h42)

http://www.museuarqueologia.pt/documentos/rouxinol/main.html

(consultado a 19 Janeiro 2016 às 23h45)

http://www.academia.edu/5185193/Quinta_do_Rouxinol_uma_olaria_romana_no_estu%C3%A1rio_do_Tejo_Corroios_Seixal_Roman_Kilns_in_the_Tagus_Estuary_Corroios_Seixal_

(consultado a 19 Janeiro 2016 às 23h57)