HOMENAGEM DO TRIPLOV A ERNESTO DE SOUSA 

REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências
nova Série . número 66 . agosto-setembro . 2017 . ÍNDICE

Julião Bernardes viu-se tomar forma em 4 de Julho de 1944, na freguesia de Lapas, concelho de Torres Novas, distrito de Santarém. O seu autor, nascido em 5 de Março de 1939 na mesma aldeia, reside desde 1975 em Monte Abraão, Queluz.  Fez o curso dos liceus pelo Colégio Andrade Corvo, de Torres Novas, tendo ingressado na Escola do Exército (hoje Academia Militar) em1957, onde frequentou o Curso de Infantaria.  Fez quatro comissões de serviço no Ultramar, de 1961 a 1974: Angola (1961/63 e 1964/66); Moçambique (1968/70) e Guiné (1972/74), tendo sido condecorado, entre outras medalhas, com duas Cruzes de Guerra. Fez parte desde o início do Movimento dos Capitães.  Encontra-se reformado, no posto de Coronel.  Publicou 12 livros de poesia e dois de prosa (um deles em colaboração com Rui Cacho). Está representado em diversas colectâneas.

 

JULIÃO BERNARDES

Canto e poemas
Participação no 3º Encontro Triplov na Quinta do Frade. Mosteiro de Santa Maria, Lisboa, junho de 2017

A HARMONIA DO ESPELHO 

 

 

A verdade – o grande desafio –

existe em tudo

com o número por dentro.

 

Subindo os nove degraus

 

– vazio de intenções,

de coração dobrado à Fé,

transportando a sombra

de quem aceita a cruz,

de quem acredita no Amor –

 

abre-se a porta certa.

 

Aceitar é a chave.

     Acreditar é sentir.

 

Só quem sente se acende

na Verdade:-

     frio e calor a mesma substância.

 

Cada imagem é símbolo

até no espelho virado do avesso:-

     guerra, morte, perigo…

vida e dor / coração infiel.

 

O Homem é alegria

se for Templo da Alma,

uma imagem do Mundo,

doze signos a percorrer

em cinco chagas sangrando.

 

 

Julião Bernardes

Monte Abraão, 21MAR17

CANTO

https://soundcloud.com/user-862422160/a-guitarra-e-a-cidade

AÍ É QUE BATE O PONTO

Ninguém dá ponto sem nó

– sobretudo os gabirus –;

só talvez o ponto cruz

que fazia a minha avó

fosse apenas ele só.

 

Ao pôr-se os pontos nos ii

há nisso um ponto de acordo                            

sempre que o assunto abordo

em Lisboa ou em Paris.

 

Há quem seja um bom ponto

há quem faça ponto aberto

e há quem estando ou não certo

acrescente a qualquer conto

um qualquer ponto incerto.

 

Há quem dê ponto na boca

mostrando o seu ponto forte

e há quem mereça a sorte

de fazer orelha mouca

sem que isso nada lhe importe.

 

Há quem tenha o ponto fraco

de ter seu ponto de vista;

dizem logo: - “Não tem caco!”

ou que é um comunista

um ateu ou anarquista.

 

Mesmo que o ponto de encontro

se transforme em ponto de honra

hão-de inventar a desonra

pra instalar o confronto.

 

Em ponto de rebuçado

atinge-se o ponto crítico.

Nem sempre o mais ponderado

será o mais pontuado

– isto é ponto pacífico.

 

Quem anda de ponto em branco

pode ou não pagar a conta;

deve ter dinheiro no banco

e mais franco menos franco

não se lhe fará afronta.

 

Coitado do Zé Pagode,

senhor de pouco escudo:-

dão-lhe só se pagar pode,

ele todo se sacode

mas vive... em ponto agudo.

 

Qual o ponto de partida

(ponto de interrogação)

pra esta luta suicida

(ponto de admiração).

 

 

Qual é o ponto de apoio

de tamanha confusão

que troca o trigo plo joio

(ponto de exclamação).

 

Só os pontos cardiais

– é ponto assente –

indicam a toda a gente

onde as direcções reais.

 

Um pontapé bem assente

em quem por mal pontifica

faria tornar consciente

a cambada que se estica

pra parecer que é gente?

 

Pra minha consolação

tens por meta um pontinho

tema de meditação

de que se admira o tonto.

Estou contigo, Agostinho,

sem condição,

na força que adivinho

no Ponto Sem Dimensão.

 

Aí é que bate o ponto.

 

20.01.1988

 

DIREÇÃO  
Maria Estela Guedes  
EDITOR | TRIPLOV  
ISSN 2182-147X  
Contacto: revista@triplov.com  
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