VINCENT
Eu
era esse nascido da raiva
Escondida no centro da terra
Feito de lume e lama inocentes
Entre o solene silêncio
Do
Céu e do Inferno.
Esse era eu mas
Já
nem reconhecia
O
sol que ceifara o trigo
Da
roda
Da
vida.
Esse era eu mas
Os
imensos dedos do silêncio
De
que brotavam línguas
De
fogo e mirra
Tapavam-me os lábios.
Eu
era esse feno bêbado
Em
que se deitava a cabeça da noite.
Eu
era esse entre candeias
De
gratidão e bondade
Uma
foice negra cortando-lhe
O
girassol
Do
cérebro.
Esse era eu mas
O
turbilhão azul
Angustiava-me ainda mais que as águas
E
as catedrais:
Por
ele eu perdera a minha orelha esquerda.
Eu
era esse que só
Se
submetia às marés
Do
amor
E
teria de morrer no regaço
Da
mãe de infinitas cores.
|