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JOSÉ DO CARMO
FRANCISCO (Santa Catarina, Caldas da Rainha,1951). Prémio
Revelação da Associação Portuguesa de Escritores. Colaborou no
Dicionário Cronológico de Autores Portugueses do Instituto Português do
Livro. Poeta. Possui uma antologia da sua poesia publicada no Brasil.
Jornalista, colaborou entre outros em "A Bola", "Jornal do Sporting",
"Remate", "Atlantico Expresso"... Autor de "Universário",
"Jogos Olímpicos", "Iniciais", "Os guarda-redes morrem ao domingo",
etc., bem como de antologias como "O trabalho", "O desporto na poesia
portuguesa e "As palavras em jogo", entre outras.
É secretário
da Associação Portuguesa de Críticos Literários. Contacto: jcfrancisco@mail.pt
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Esta frase retirada
de uma exposição de 1994 na Oficina da Cultura
da Câmara Municipal de Almada pode parecer algo
inesperada mas de facto José Afonso (José Manuel
Cerqueira Afonso dos Santos) sempre foi ao longo
da sua vida (1929-1987) um apaixonado pelo
desporto. Nos seus tempos de Coimbra nos anos
quarenta Coimbra não é uma Coimbra, «Coimbra são
duas – a dos estudantes e a dos
futricas.
Nos anos cinquenta «Coimbra permanece dividida:
a Porta Férrea e a Portagem estão longe uma da
outra.» A citação é do livro de José A. Salvador
«Livra-te do medo – Estórias e andanças do Zeca
Afonso» (A Regrado Jogo Edições).
Já em Belmonte, em
criança, Zeca Afonso olhava de lado o Urbano,
«um tipo que jogava bem futebol e por quem eu
nutria uma certa inveja, talvez porque jogasse
menos do que ele». Depois em Coimbra, outras
memórias: «Andava nas cantorias, cenas de
pancadaria com os chamados
futricas,
vivi o meu apoio incondicional à Académica que
era quase um partido. Idas nos comboios
pendurado nos estribos, leituras múltiplas
apesar de ser um aluno medíocre, inquietações,
vivências que já não lembro. E paixonetas». Uma
paixão a sério foi o seu primeiro casamento.
Segundo o poeta Luís Andrade (Pignatelli) «A
Amália era órfã. Praticamente ele raptou-a da
casa da família. Ela era mais nova do que ele e
excepcionalmente bonita. Foram grandes amores,
julgo, e o casamento desfez-se por grandes
dificuldades económicas.» Nasceram dois filhos –
José Manuel e Maria Helena – no mesmo ano. Um em
Janeiro, outro em Dezembro.
A paixão pelo futebol
concretiza-se no tempo do Liceu no Campo de
Santa Cruz onde as equipas formavam a partir das
turmas do Liceu no meio de grandes «sarrafadas»
Mais tarde Zeca Afonso joga na Académica onde
era conhecido por «Cerqueira». Começou nos
juniores e chegou a jogar nas reservas ou equipa
B - como agora se diz. Jogava por norma a
extremo-direito mas só aguentava a sério vinte
minutos de jogo. Foi seu treinador o húngaro
Peics que através das olheiras dos jogadores
controlava as suas fantasias extra-desportivas.
Mais tarde foi treinado por Micael e por Alberto
Gomes, seu ídolo. Tal como ídolos foram o Zé
Maria Antunes, o Lomba, o «Faísca» e o Bentes, o
irrequieto extremo-esquerdo que «metia a maior
parte dos golos da Académica».
Por causa da
Académica Zeca Afonso chegou a andar à
porrada quando a equipa dos estudantes
jogava fora de casa: «entendia que desse
modo cumpria condignamente o meu papel,
era uma obrigação, um dever, um
juramento, uma profissão de fé defender
a Briosa.»
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