DISCURSO DE CORVO

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(Palmas. O Rei levanta-se e toma a palavra)

Sua Majestade, El-Rei D. Luiz - À festa que hoje celebra a Escola Politécnica de Lisboa, não permitiam que eu faltasse ao meu imperioso dever de Chefe Supremo de Estado, a minha constante solicitude pelo engrandecimento e prosperidade dos institutos nacionais de ensino, a minha especial consideração pelo zêlo e proficiência dos corpos docentes, e o vivo prazer que me causa o aproveitamento e distinção da juventude estudiosa.

A Escola Politécnica, como expôs o seu muito ilustrado e digno director no luminoso discurso que há pouco pronunciou, tem sempre diligenciado acompanhar os progressos da ciência, e realizar o fim da sua alta e civilizadora missão.

Neste acto solene, tão grato ao meu espírito por muitos títulos, apraz-me dar-lhe testemunho do elevado conceito em que tenho os serviços por ela prestados, não como incitamento a que prossiga no caminho já encetado, que não pôde ela ter necessidade de tal estímulo, mas por deferência aos direitos do mérito, os quais o ânimo justo folga de reconhecer. Apraz-me também assegurar-lhe que os seus dedicados esforços para melhorar os numerosos e importantes estabelecimentos que lhe estão incumbidos, e aperfeiçoar os instrumentos e processos de estudo nos variados ramos da ciência, que ministra, não deixarão de ser secundados com o auxílio dos poderes públicos, que jamais se têm negado a atender às justificadas representações das faculdades e escolas científicas, quando as circunstâncias do tesouro o consentem. Apraz-me ainda louvar os brios da flor da mocidade portuguesa, que frequenta este instituto, e se consagra com esmero e perseverança à cultura das ciências nele professadas, buscando assim os verdadeiros elementos para mais tarde se tornar útil a si e à pátria.

Que os diplomas que neste dia festivo exulto de entregar aos alunos que no último ano lectivo se mostraram beneméritos pela sua provada capacidade e efectivo aproveitamento, sirvam de merecido galardão para uns, de nobre ambição para outros, e de glória para todos que se empenham nas afadigosas, mas brilhantes lides, do saber humano!

(O secretário da escola vai chamando, pela ordem numérica das cadeiras, os alunos laureados, os quais tiveram a honra de receber das próprias mãos do soberano os seus diplomas de Prémio. )