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LIVRE PENSAR
Do ponto mais Oriental das Américas
- João Pessoa - Paraíba - Brasil
Número 632 - 09 de abril de 2005

 

Para que possamos entender melhor os dias de hoje, vamos ter mesmo que recorrer ao bom e velho Sócrates. O Livre Pensar de hoje propõe uma volta e quem sabe uma reviravolta nessa forma maniqueísta e acomodada da sociedade atual. Entre perplexa e sem visão de futuro, estamos nós a contemplar a mesmice, a desfaçatez e a idiotização social, com a manipulação dos discursos, que apesar do esforço de se parecer evolucionários, só nos mostra que 'muda-se' para ficar do mesmo jeito. O controle é o mesmo. Os beneficiados também.

O que não precisaria acontecer é aceitar isso de forma tão pacífica e até cínica, com aquela postura de que isso não é comigo... É como se dissesse "se eu resolver o meu problema, que tudo mais vá pro inferno".

Investir verdadeiramente em educação talvez seja a única saída para que a vida da gente, do jeito que vai, não se transforme num verdadeiro inferno coletivo. Já que não dá para socializar a riqueza, com certeza a violência será distribuída à todos. É uma espécie de 'socialismo' ao contrário, onde a riqueza de tanto se concentrar, terminará por alicerçar a violência coletiva. É nisso que vai dar tanta omissão social, política, econômica e cultural. Plantamos tempestades. E nós lendo Sócrates. Ivg
 
S Ó C R A T E S
 

Sócrates dizia que todo o Ser Humano vivente na Terra teria o “devir” (sina, caminho traçado, dever natural da essência) que é a busca do Pote de Ouro Interno, “O Carro da Felicidade”, a Roda da Fortuna Interior. Que o ponto da Felicidade estava ligado em nós, enquanto na Terra, dentro de nosso coração, no mais profundo de nós mesmos, e este é exatamente a vontade da alma de criar e fazer dentro do Todo Manifestado.

Ele dizia que o outro é que sempre pode nos ver, a despeito de não podermos ver a nós mesmos, enquanto na condição de mortais. Por isto, para lograr atingir sua essência, ou aproximar-se da real natureza de si mesmo, o Homem tem quatro caminhos.

Os Quatro Caminhos Socráticos para atingir o Nous (O Numinoso) dentro de nós mesmos, nos tira da caverna que nós mesmos criamos em nosso passado. São eles:

1) Agir ( buscando o justo);

2) Sentir-se como ser inteiro ligado apenas a Humanidade e ao Criador desta Humanidade e que a circunda;

3) Saber, aceitar, e utilizar da melhor forma para o Todo, as diferenças espirituais, culturais, sociais, etc; e

4) Ajudar os próximos a trazerem de dentro de si e verem: suas luzes e seus raios (virtudes), bem como suas sombras - também trazerem seus potenciais universais - para a consciência, na vida cotidiana.

Sócrates é fundamental na História da Filosofia, pois sua existência constitui em rejuvenescer o espírito grego, cogitar pontos que fizeram com que os que estavam adormecidos pelo processo dos Sofistas, voltassem a despertar outra vez.

Nasceu no séc. V a.C., supondo-se que morreu em 399 A.C; foi excelente cidadão, grande sentido de honra, orgulho e coragem. Franco, não sabia do medo de enfrentar correntes opostas, mesmo que significasse salvar sua “vida” (corpórea). Sempre fora vitimado por opositores intrigueiros, ciumentos, e ainda interpretações errôneas, parciais ou mesmo fraudulentas que deram às suas palavras.

Inteligências Superiores que regiam o seu destino, ou sua própria vida, acabaram logrando o Derradeiro Ataque ao Sofismo egrégora dominante das pessoas dos “Filósofos” contemporâneos. Os sofistas também nutriam medo de enfrentar a Sócrates. Os ataques de Sócrates foram, na verdade, sobre a ignorância que paira sobre a condição humana, e, em razão disto, destruía as pseudo-estruturas mentais de supra-intelecto que os Sofistas possuíam.

“Não digo que sei mais - mas constato que muito sabem menos - triste é a ignorância de não saberem-se ignorando as coisas - aqueles que constatam que não sabem, estão, ao menos, apreciando, verificando...” - Chegou a esta conclusão, perguntado sobre a Justiça. A resposta para os sofistas foi que é impossível conjecturarmos sobre Ela, apenas pelo físico - sujeitamo-nos às Leis fora de nós. A Justiça está sempre fora do nosso alcance intelectual - logo reside na raiz, na essência. Dizia ele: “A Essência não vos interessa - logo que me respondem pois sobre a Justiça? Pode o Homem buscar sua felicidade apenas no mundo material se a Justiça reside na essência e não a conhecemos? Como chegaremos à Justiça, com suas virtudes, seus Deuses, ou seus Reis?

Pois eu lhes digo que sendo justos no mundo material (manifestado], por referencial interno podemos atingí-los. As essências se ligam por semelhanças e sua evolução cíclica se dá no ralar dos contrários da manifestação, nos atritos dos quaternários*”. (* personalidades com seus 4 elementos). [Obs.: teoria da física até o período socrático, de Parmênides, por exemplo.]

Não é anormal - porém automático, que a Sabedoria de Sócrates teria, ao longo de seu trajeto, que quebrar cascas, couraças, conservadorismo mental, astral e físico, que estavam a serviço da Inércia Mental Astral e Física do Homem daquela época.

 
Sobre Sócrates:
 

Quem valorizou a descoberta do homem feita pelos sofistas, orientando-a para os valores universais, segundo a via real do pensamento grego, foi Sócrates. Nasceu Sócrates em 470 ou 469 a.C., em Atenas, filho de Sofrônico, escultor, e de Fenáreta, parteira. Aprendeu a arte paterna, mas dedicou-se inteiramente à meditação e ao ensino filosófico, sem recompensa alguma, não obstante sua pobreza. Desempenhou alguns cargos políticos e foi sempre modelo irrepreensível de bom cidadão. Combateu a Potidéia, onde salvou a vida de Alcebíades e em Delium, onde carregou aos ombros a Xenofonte, gravemente ferido. Formou a sua instrução sobretudo através da reflexão pessoal, na moldura da alta cultura ateniense da época, em contato com o que de mais ilustre houve na cidade de Péricles.

Inteiramente absorvido pela sua vocação, não se deixou distrair pelas preocupações domésticas nem pelos interesses políticos. Quanto à família, podemos dizer que Sócrates não teve, por certo, uma mulher ideal na quérula Xantipa; mas também ela não teve um marido ideal no filósofo, ocupado com outros cuidados que não os domésticos.

Quanto à política, foi ele valoroso soldado e rígido magistrado. Mas, em geral, conservou-se afastado da vida pública e da política contemporânea, que contrastavam com o seu temperamento crítico e com o seu reto juízo. Julgava que devia servir a pátria conforme suas atitudes, vivendo justamente e formando cidadãos sábios, honestos, temperados - diversamente dos sofistas, que agiam para o próprio proveito e formavam grandes egoístas, capazes unicamente de se acometerem uns contra os outros e escravizar o próximo.

Entretanto, a liberdade de seus discursos, a feição austera de seu caráter, a sua atitude crítica, irônica e a conseqüente educação por ele ministrada, criaram descontentamento geral, hostilidade popular, inimizades pessoais, apesar de sua probidade. Diante da tirania popular, bem como de certos elementos reacionários, aparecia Sócrates como chefe de uma aristocracia intelectual. Esse estado de ânimo hostil a Sócrates concretizou-se, tomou forma jurídica, na acusação movida contra ele por Mileto, Anito e Licon: de corromper a mocidade e negar os deuses da pátria introduzindo outros. Sócrates desdenhou defender-se diante dos juizes e da justiça humana, humilhando-se e desculpando-se mais ou menos. Tinha ele diante dos olhos da alma não uma solução empírica para a vida terrena, e sim o juízo eterno da razão, para a imortalidade. E preferiu a morte. Declarado culpado por uma pequena minoria, assentou-se com indômita fortaleza de ânimo diante do tribunal, que o condenou à pena capital com o voto da maioria.

Tendo que esperar mais de um mês a morte no cárcere - pois uma lei vedava as execuções capitais durante a viagem votiva de um navio a Delos - o discípulo Criton preparou e propôs a fuga ao Mestre. Sócrates, porém, recusou, declarando não querer absolutamente desobedecer às leis da pátria. E passou o tempo preparando-se para o passo extremo em palestras espirituais com os amigos. Especialmente famoso é o diálogo sobre a imortalidade da alma - que se teria realizado pouco antes da morte e foi descrito por Platão no Fédon com arte incomparável.

Suas últimas palavras dirigidas aos discípulos, depois de ter sorvido tranqüilamente a cicuta, foram: "Devemos um galo a Esculápio". É que o deus da medicina tinha-o livrado do mal da vida com o dom da morte. Morreu Sócrates em 399 a.C. com 71 anos de idade.

http://www.mundodosfilosofos.com.br/socrates.htm

Essa coluna é editada por Ivaldo Gomes e colaboradores. ivg@terra.com.br

Ditado chinês:
"Se você quer educar uma criança,
comece pelos avós dela".