…ou teatro sobre a sombra. A sombra da história, a sombra do poder, a sombra do sexo, a sombra do prazer, a sombra do corpo, a sombra do amor, a sombra do riso, a sombra do siso…
É a Boba. A sombra do siso. Poderia chamar-se A Sombra, esta peça de teatro. Talvez por isso o palco esteja sempre tão profusamente iluminado. Sempre. Sem descanso, sem pausa. Porque não há luz do mundo que chegue para iluminar a sombra do lado mais escuro da humanidade.
Para tornar ao espectador (à actriz? ao encenador?) mais suportável, a dor. Porque é uma peça dura sob a máscara do riso. Máscara que às vezes momentaneamente cai. Mas que a actriz segura habilmente um segundo antes de atingir o chão.
O espectador ri. Para não chorar.
A Boba é a sombra de D. Inês. Mas também de D. Pedro e de D. Constança e de D. Afonso e de… todos nós.
Ao fundo, o túmulo de Inês. Iluminado como para uma festa. Na boca de cena gigantes peças de teclado entre as quais se destacam as teclas Ctrl. A dor sai do teclado sob o controle do esgar. A pequena Boba senta-se sobre as teclas gigantes e assim domina a dor. Senta-se sob os gigantes que aparentemente a dominam. E mata. Talvez aquela que mais ama. A provar que da maior infelicidade pode nascer a maior maldade. Escondida na sombra, a maior bondade. A Boba, que é uma parte da humanidade tal como a conhecemos, escolheu a primeira.
Aprender com a sombra é escolher o segundo caminho.
O teatro pode ser uma via. Como diz Robert Lepage, actor, encenador e dramaturgo canadiano no texto lido ontem, dia Mundial do Teatro, em todos os palcos do mundo:
“Uma noite, na alvorada dos tempos, um grupo de homens juntou-se numa pedreira para se aquecer em volta de uma fogueira e para contar histórias. De repente, um deles teve a ideia de se levantar e usar a sua sombra para ilustrar o seu conto. Usando a luz das chamas ele fez aparecer nas paredes da pedreira, personagens maiores que o natural. Deslumbrados, os outros reconheceram por sua vez o forte e o débil, o opressor e o oprimido, o deus e o mortal.”
A Boba é um monólogo (não tenho a certeza disto, poderá ser visto também como um diálogo entre a iluminada actriz e a … iluminada sombra) escrito por Estela Guedes, encenado por Carlos Avilez e representado por Maria Vieira no Teatro Mirita Casimiro, em Cascais. |
Publicou os seguintes livros: - A Criança Suspensa, Prémio Ferreira de Castro, de ficção narrativa, da Câmara de Sintra, edição da Câmara Municipal de Sintra, Dezembro de 1996 - O Corpo e a Tela, Hugin Editores, Lisboa, Julho de 1997 - O Aniversário, Prémio Revelação APE/IPBL 1994, Ficção, Difel – Difusão Editorial, Lisboa, Maio de 1998 - A Compreensão da Lua, Hugin Editores, Lisboa, Abril de 1999 - O Arquitecto, Hugin Editores, Lisboa, Março de 2002 - Venite In Silentio, Unicepe, Porto, Setembro de 2004 - Contos de Azul e Terra, romance, em co-autoria com Raquel Gonçalves, Hugin, Lisboa, Novembro de 2004 Participou ainda nas seguintes publicações: - “O Teatro é como as Cerejas”, in Uma questão de Tempo, de Jaime Salazar Sampaio, Hugin Editores, Lisboa, Setembro de 1999 - “Um Pai Natal de Sonho”, in Contos Eróticos de Natal, Hugin Editores, Lisboa, Dezembro de 2000 - “O Pintor sem Rosto”, in O Homem em Trânsito, Histórias de Intimidade e de Mistério, col. Minimezas, Indícios de Oiro – Edições Ld.ª, Lisboa, Dezembro de 2002. - “O Homem da Minha Vida...”, in MARGENS outros de nós, Padrões Culturais Editora, Col. Paixões Mundanas nº 13, Lisboa, Novembro 2004 - O Achamento do Brasil, uma Ópera em Banda Desenhada, (libreto), Foco Musical- Educação e Cultura Lda, Lisboa, 2004 - “Conquista-me” in Dez Anos de Inquietação, CD dos Negros de Luz, concebido e produzido por Jorge Salgueiro, compositor e director do mesmo. Ed. Tradisom, 2005
Foram-lhe atribuídos dois prémios de poesia e no drama escreveu O Deserto, o Mar e o Tempo, peça representada pelo TE-ATO de Leiria; a convite deste mesmo grupo, escreveu Um Olhar Azul, também representada por esse mesmo grupo.
EM 2001, no Solar dos Zagalos em Almada, realizou-se um concerto com música do compositor Paulo Brandão para vozes, celesta, clarinete baixo e tímpanos, com poemas seus sobre o 25 de Abril, também por convite. No mesmo ano, um seu libreto, para a cantata Conquistador, sobre D. Afonso Henriques, com música do compositor Jorge Salgueiro, teve, durante os meses de Maio e Junho, espectáculos em Lisboa, Fátima e Coliseu do Porto. Em Maio, no Teatro Maria Matos, em Lisboa, realizou-se um espectáculo de bailado, Viagens de Luar, com base em poema de sua autoria, Sensualua. Participou ainda no Júri do prémio de poesia José Régio, da Câmara Municipal de Celorico da Beira, onde também apresentou uma comunicação sobre a poesia de Mário Máximo. Em 2002, a participação no 3º número da revista temática de poesia Saudade, de Amarante. Estreou, também, um espectáculo de bailado pela AMALGAMA – Companhia de Dança de Mafra, a partir de texto seu (A LUZ E O DESEJO), encomendado por essa companhia.
Participação, com o poema “Conquista-me”, num projecto de Canções Eróticas Portuguesas de vários autores, com música de Jorge Salgueiro, interpretado pelo grupo Negros de Luz.
Assinou uma crónica semanal, Quarta-Crescente, transmitida às quartas-feiras na rubrica O Sentido das Palavras, do Programa “Despertar dos Músicos”, da RDP – Antena 2, entre Janeiro e Setembro de 2003. Escreveu quinzenalmente crónicas para os jornais Cidade de Tomar e Despertar do Zêzere, mantendo-se a colaboração com este último. A partir de Outubro de 2003, iniciou a colaboração regular com a revista O Professor, da Editorial Caminho, que mantém. Regista também participações ocasionais na revista História com crítica de teatro e literatura. Estreou em Outubro de 2003, no Convento de São Paulo, na Serra D’Ossa, o espectáculo Mutações, com base em textos seus, pela Amalgama – Companhia de Dança de Mafra. Espectáculos ainda em Novembro, no Convento de Mafra.
Uma ópera infantil em dois actos com libreto seu e música de Jorge Salgueiro, O Achamento do Brasil, com espectáculos realizados em Abril de 2004 no Fórum Lisboa, e Maio do mesmo ano em Fátima, Barreiro, Sintra e Teatro Rivoli do Porto. Foi publicada na altura uma Banda Desenhada com texto extraído do libreto de sua autoria. Ainda para este compositor escreveu o musical Kate e o Skate (uma encomenda do Coro Infantil de Setúbal) que será apresentado ainda este ano, em Julho.
Tem participado com textos seus em catálogos de pintura e escultura dos artistas plásticos Alcariota e Fernando Sarmento e apresentou vários livros de poesia, nomeadamente de Ana Viana, Daniel Domingos Dias, Mário Máximo, Ana Cristina Peres, Manuel Amaral, Orfeu B., Maria Virgínia Monteiro e Isabel Millet.
Também escreveu para a fotografia de Renato Monteiro, cujo livro sobre a Arte da Xávega apresentou. Estreado a 1 de Outubro no Convento de S. Paulo o espectáculo multicultural Venite in Silentio (dança, representação, música, artes plásticas) para o qual contribuiu com a criação de uma narrativa que acompanhou a criação do mesmo e vice-versa. A estreia coincidiu com o lançamento do livro de sua autoria com o mesmo título: Venite in Silentio . Este espectáculo tem realizações previstas para este verão, na Quinta da Regaleira, em Sintra, e em Mafra. Escreveu poemas e textos para os espectáculos e catálogos de À Flor do Caos e De Olisipo a Lisboa, produzidos pela Escola Secundária Artística António Arroio, assim como para o projecto “Espaço Habitado”, uma colaboração desta escola com o CCB, no mês de Maio de 2005, numa performance onde colabora com textos e voz off. Na Escola Secundária Artística António Arroio estreou em Junho de 2005 uma peça de teatro para marionetas de sua autoria Adeus, inspirada em poema de Eugénio de Andrade.
Também a cantata O Conquistador foi reposta no passado mês de Maio em Lisboa (Coliseu dos Recreios), Sintra (Centro Cultural Olga Cadaval) e Fátima (Pavilhão Paulo VI). Tem sido convidada pela Associação Fernando Pessoa e Agostinho da Silva, a convite das quais, como oradora, fez conferências e participou em colóquios sobre estas duas personalidades. Pela Fundação Cultur Sintra foi convidada para a Quinta da Regaleira, como escritora, no dia Mundial da Poesia de 2005, a fim de ler poemas seus. Foi igualmente convidada, recentemente, a realizar na SPA, um colóquio sobre a sua experiência no âmbito da escrita para música (canção, libreto, musical e cantata), o que fez conjuntamente com o compositor Jorge Salgueiro. Em Julho de 2005 estreou, em Setúbal, no teatro Luísa Toddi, o musical Kate e o Skate, com libretto de sua autoria e música de Jorge Salgueiro. Uma encomenda do Coro infantil de Setúbal.
É cronista regular (“Quarta-Crescente”) de uma página da editora Unicepe, no Porto, de O Despertar do Zêzere e de O Progresso de Gondomar Mantém o seu próprio blogue, com o seguinte endereço: http://risocordetejo.blogspot.com/
Novembro de 2005 |