NICOLAU SAIÃO

Poesia e Sociedade – dois aspectos complementares*

O homem é perecível; pode ser. Mas pereçamos resistindo
e se, ao fim, o que nos está reservado é o vazio e o nada,
façamos com que isso seja uma injustiça.”
Étienne de Senancour

INDEX

I - Introdução
II. O artista e a fascinação do mundo
III. A recriação da natureza

POEMAS LIDOS NA OCASIÃO

- Encontro em Paris
- Variações para um amigo que me endereçou um repto
- Fala do pastor no dia seguinte 
-
Genealogia
- Primeiro poema de Samyaza

VARIAÇÕES PARA UM AMIGO
QUE ME ENDEREÇOU UM REPTO

“D.Quixote é o Cristo deste tempo” - MT

 
D.Quixote e o burro que são Cristo por ora

Ou o Sancho cavalo andando junto dos quatro

Moinho que Rocinante foi antes de todos eles

Mais a voz de Dona Aldonsa que por seu valor se ergueu

Seja manhã ou tarde ou muito depois de isso

Que vai ou fica no século que se gerou de trás

 

Cristo que por Rocinante se conhece com seu imenso

Tempo de burro como peregrino semi-morto e tenaz

Em frente suas andanças com a póstuma piedade

De ser cavalo no tempo de ser não mais que miragem.

 

Mas agora Quixote e Sancho e Rocinante

E D.Aldonsa e o burro sobre as suas figuras todas

E os gigantes que olham seu testemunho de séculos

Seja nos campos de Espanha seja nos outros lugares

Da erma melancolia para um burro ou um cavalo

Só Quixote só Cristo só Sancho ou só Aldonsa

 

Que param junto a moinhos no depois de essas vozes

Que se geram de frente como no tempo de outros tantos

Gigantes sempre de antes como miragens valorosas

Peregrinos todos eles como muitos junto de isso.

 

E por Sancho ou por Cristo Quixote se faz tarde

Na manhã do cavalo seu testemunho dos tempos

 

Bem cedo por seus campos no depois do seu burro

Seja em lugares de Espanha ou nos séculos de piedade.

 

*(Intervenção de NS na sessão levada a efeito no “Ateneo Cultural” de Badajoz)