ABREU PAXE

Entrevista com o escritor angolano Roderick Nehone

Roderick Nehone, estreia-se na literatura angolana, vencendo o prémio literário António Jacinto com o livro de poesia intitulado Génese, além de ter mais duas premiações no concurso Sonangol de Literatura, em conversa fala sobre o seu processo criativo, e de aspetos indispensáveis para o ambiente artístico, como a necessidade da arte se abrir para se desenvolver o que deve também ser pressuposto indispensável para a construção da angolanidade. Bastante crítico ao expor a sua visão dos fenómenos, retivemos deste escritor e político o princípio de que o país necessita de consolidar o processo de institucionalização dos aspetos importantes da sua vida pelo facto de os seus grandes desafios serem tratados pela arte. E como esta só se materializa com a leitura, daí a importância desta última para o desenvolvimento. Acompanha este interessante diálogo feito via internet com uma voz, dentre as mais importantes, que se ergue e se consolida no nosso cenário literário.

RODERICK NEHONE, pseudónimo literário de Frederico Manuel dos Santos e Silva Cardoso, nasceu em Luanda, Angola, a 26 de Março de 1965. Em 1989 concluiu a Licenciatura em Direito na Universidad Central de Las Villas, Cuba, e foi docente da Universidade Agostinho Neto, em Luanda, de 1991 a 2004. É membro da Ordem dos Advogados de Angola e Vice-Presidente da União dos Escritores Angolanos.
Tem publicadas as seguintes obras:

        Génese (Poesia) - Prémio António Jacinto de Literatura, 1996.
        Estórias Dispersas da Vida de Um Reino (Contos) - Prémio SONANGOL de Literatura, 1996.
·         O Ano do Cão (Romance) – Prémio SONANGOL de Literatura, 1998.
·         Peugadas de Musa (Poesia), 2001.
·         Tempos sem Véu (Romance), 2003.
·         Uma Bóia na Tormenta (Contos), 2008.
Roderick Nehone vive em Luanda, capital da República de Angola.
Email: roderick.nehone@gmail.com

1.   Como é, que é, o seu processo criativo. No sentido em que tem de haver entusiasmo, no sentido em que a palavra é embriaguez ou possessão, no mínimo de inspiração, ou no sentido em que tem de moldar comportamentos ou atitudes que se estruturam na evasão, no caos?

Roderick Nehone: Felizmente, muito cedo aprendi as leis da dialéctica. Aprendi que atrás de cada fenómeno que se manifesta como efeito, visível, perceptível, há sempre uma causa. Do nada, apenas o nada se pode esperar. Por conseguinte, mesmo no processo criativo na literatura, tem de haver uma razão para contar algo, tem de haver algo com mérito para ser contado, com significado social para ser partilhado com os demais, que lerão o que escrevemos, ainda que seja no domínio do abstracto e imaginativo mundo da poesia, na sua perspectiva, sempre redutora, de puro trabalho com a fonética, a morfologia e a semântica das palavras. Em quaisquer circunstâncias estará sempre alguém no fim da linha, para quem, o que escrevamos seja perceptível, inteligível. É ao serviço deste interlocutor potencial que existirá sempre um estímulo muito forte para desencadear o processo criativo, formular novas ideias que podem assumir a forma de poesia ou de prosa, sempre que o que escrevamos reúna os requisitos que antes mencionamos.

A inspiração é um acontecimento de circunstância, que tem como premissa básica exactamente o ter ou não algo para contar, dizer, partilhar, pressupostos que constituem a essência de todo o meu processo criativo. 
 
2.  O seu texto literário, é sem dúvida bem urdido artisticamente, representa os títulos da contínua sombra do homem em génese, nas peugadas de musa, nas estórias dispersas da vida de um reino, no ano do cão, nos tempos sem véu e numa bóia na tormenta. De certeza que não nos pede que nos ceguemos. E também sabemos que as palavras na literatura nunca cobriram a realidade, elas inventam outra, ou outras. O que tem a nos dizer sobre o seu tecido literário, entrecortado num primeiro plano entre poesia e prosa e, num segundo plano, contagiados?
 
Roderick Nehone: Procuro recriar a realidade desde a minha perspectiva de observação e de juízo sobre a mesma. Procuro construir um mundo fictício com os pedaços da realidade que melhor percebo, que mais me tocam, que mais profundamente provocam o meu sentimento e desafiam a minha noção racional e ética das coisas e da vida mesma. Arranco (ainda vivos) da realidade aqueles factos quentes da vida, que fotografam as nossas congruências e incongruências, ambições e angústias, sucessos e fracassos, chegadas e partidas, sonhos e desejos, e torno-os peças ou agentes animados dos meus contos e romances, e também da minha poesia, dando-lhes significado próprio nos diversos contextos em que a minha construção literária os enquadre. Como a ficção não é um antónimo da verdade, há sempre um espaço para a verosimilhança que provoca no leitor uma satisfação muito próxima a de quem se alegra com o semblante do seu próprio rosto reflectido pelo espelho. É este diálogo mudo e distante que mantém próximo de mim quem gosta do que escrevo. Aqui estriba também, sem subterfúgio algum, uma das muitas e fortes razões para que continue escrevendo por prazer. 
 
3.  Será válida a noção de que as artes precisam de 'abertura' e de 'contactos' para se desenvolverem e de se ter a ideia de que a partir do material original ou genuíno pode-se perfeitamente fazer-se outro material, igualmente original (enquanto criação) e genuíno (mantendo a essência da fonte). Para si o que isso representa para a “angolanidade” e “para uma geração de incertezas”, ou será que isto não lhe diz nada?
 
Roderick Nehone: A arte necessita de ar para prosperar. A “quadratura” de qualquer círculo asfixia a arte. A arte não prospera num ambiente de “círculos quadrados”ocupados e frequentados por actores envaidecidos com a suposta beleza extrema dos seus respectivos umbigos. Num mundo cada vez mais pequeno devido a rapidez como as pessoas se contactam e partilham ideias, tornando os acontecimentos locais cada vez mais passíveis de apropriação global, quem não se “abre”, quem não “contacta”, sucumbe ou se deixa sepultar pela poeira do esquecimento e da indiferença.

O perigo para a “angolanidade” não está na maior ou menor abertura com que esta se exponha ao mundo, mas na cegueira de se pretender catalogar como genuíno, como “puramente angolano”, apenas aquilo que pertença ao passado, e que com muito mérito, sublinho, representa apenas o génio e as conquistas das gerações que nos precederam. Não podemos, nem devemos ancorar a “angolanidade” tão só nas proezas do passado, apenas pelo facto de constituírem obras de quem já não está, permanecendo portanto intocáveis e quase inatacáveis. É preciso dar vida à “angolanidade” no presente, nos dias de hoje e para tal urge que a nossa obra esteja à altura dos desafios que nos coloque a convivência entre nós e com os demais povos do mundo. Tal como acontece relativamente às coisas e também às pessoas, onde o homem só tende a dar valor àquilo que julgue que lhe seja útil, na relação entre povos e culturas diferentes, o respeito ou a consideração estão numa dimensão directamente proporcional à utilidade que o interlocutor tenha para a vida de quem o observa, analisa e julga.

Em conclusão, é preciso não esquecer que a nossa utilidade para os demais situa-se na justa medida em que possamos satisfazer parte das suas necessidades, sejam elas materiais ou espirituais. Será então fácil compreender por que razão nos dias de hoje, o sucesso da nossa “angolanidade” depende muito do modo frontal e descomplexado como saibamos lidar com as demais culturas do mundo.

A própria sobrevivência da “angolanidade” depende da sua capacidade de mutação e adaptação no tempo à pressão que sofre e sofrerá cada vez mais, num ambiente de intercâmbio crescente com outras culturas, muitas das quais reflectem e traduzem realidades materiais tecnologicamente mais avançadas e mais sofisticadas. 
 
4.   Sabemos que é um dos escritores angolanos mais premiados, embora pouco estudado, por um lado, o que representa para si, entre nós, a leitura e, por outro, o que representam os prémios literários, por outro ainda, a média, por outro também, as instituições literárias e de ensino entre nós?
Roderick Nehone: A leitura é o caminho mais fácil para a constante consolidação da organização das ideias, do pensamento. Quanto mais se lê mais se “vê”, tanto o interior da mente, no modo como se arrumam as palavras, conceitos e categorias que utilizamos para exprimir o que pensamos, como o mundo que nos rodeia, o homem na complexa teia das suas relações, a natureza na sua perpétua apresentação de surpresas. A leitura é o caminho menos oneroso para a liberdade do pensamento de um indivíduo. Lamentavelmente, entre nós há um grande défice de leitura, passível de conduzir a longo prazo a um índice perigoso de cegueira intelectual.

Os prémios literários constituem um estímulo à criação literária, um incentivo a boa escrita, um apelo discreto à necessidade de se fomentar a leitura. Por esta razão devem continuar. Há espaço para mais iniciativas neste domínio e estas deveriam estar directamente associadas a acções pensadas e eficazes de fomento da leitura.

Os mass media têm contribuído para o fomento da literatura e, tal como acontece com outras áreas da nossa vida, reflectem o estágio de aprendizagem em que estamos relativamente às noções de liberdade e responsabilidade e ao respeito pela diferença, o bom nome e a privacidade de cada. É claramente um processo em progresso.

Há ainda um caminho longo por percorrer e melhorias a fazer na organização e na performance das nossas instituições, sejam elas literárias, de ensino, administrativas e da cultura, em sentido amplo. O país necessita de consolidar o processo de institucionalização de aspectos importantíssimos da sua vida. São as instituições, quando fortes, as entidades que asseguram a continuidade no tempo da obra dos homens, quando estes são “vergados” pela efemeridade da sua existência. Instituições fortes afastam as sociedades do caos, da anarquia e da desordem, e asseguram uma passagem pacífica do legado, do testemunho, de uma geração para outra.  
 
5.   Há problemas, pensamos, com a recuperação e preservação do nosso património (i) material, temos o caso do espólio de José da Silva Maia Ferreira, uma parte, repousa nas mãos de uma família americana e, a outra parte, as crónicas que ele publicou num jornal brasileiro, enquanto vivia na América, encontra-se na biblioteca do Rio de Janeiro, temos ainda o caso de O paquete do ultramar de Joaquim António de Carvalho e Menezes, fundador da imprensa angolana, para poucos exemplos. Sendo político e homem de cultura, como avalia este tipo de situações em que ficamos privados de muito do nosso património, até recuperável, e aquilo que se deve ter como pauta nas preocupações do governo, virados ao sector da cultura?
 
Roderick Nehone: Os problemas que uma sociedade vive são hierarquizados em função da sua gravidade, ou da profundidade como eles colocam em risco a existência da própria sociedade, caso não sejam atendidos ou resolvidos em tempo útil. Durante muito tempo o que esteve em risco chegou a ser a própria existência de muitos de nós, de quase todos ou mesmo de todos nós, independentemente do lado da barricada em que nos encontrássemos. Hoje os nossos desafios colocam-se num outro plano e certamente quem deve e quem pode, no domínio público, saberá equacionar a maneira que melhor se ajuste ao momento, para cuidarmos do resgate possível do nosso património levado para fora pelas mais diversas razões e circunstâncias. Creio que a abordagem deste problema, outrora protelada pelas razões antes genericamente enunciadas, ganha a cada dia que passa um estatuto de cada vez maior actualidade na agenda de quem governa. 
 
6.   Literatura e ideologia política, literatura e antecipação política. O que é, que pulsa em si, sendo escritor e político. Que memória guarda da nossa literatura nessa matéria ou acha que isso representa o nada que é apenas o peso da história que pesa mais do que o nosso corpo que nos permite escapar dela?
 
Roderick Nehone: A literatura é o que sabe que é, e o que tem de comum com a ideologia está exactamente no facto de constituir também um veículo para a transmissão de ideias, a partilha de perspectivas e de abordagens da vida. Quem escreve tem a sua perspectiva de vida e da vida e esta última perpassa inevitavelmente toda a sua obra literária. Não vamos aqui nem agora pesar quantidades nem medir qualidades. Não se trata de uma questão de proporções. É muito mais do que isso! Trata-se dos problemas a que tem de fazer face um homem que vive a sua época, que tem consciência da efemeridade da sua existência, da inevitável natureza contingente de cada momento desta e também da sua inabalável vontade de vencer, apesar das contingências. Cabe agora a cada um escolher os meios de afirmação social que melhor se ajustem à leitura que faz do contexto que lhe corresponda viver e aos desafios que se disponha a enfrentar. 
 
7.   Num país que sai de longos anos de guerras fratricidas, mas também que vai saindo do autêntico caos mental, envolvido pela queda brusca de valores, dos hábitos e costumes do passado fossem eles urbanos ou rurais. O kandongueiro, o kangulo, o miúdo de rua, no seu texto organiza neste caos estruturas artísticas. Em sua opinião qual é o sentido de escrever (fazer arte), não será isso inútil para os desafios que o país nos coloca?
 
Roderick Nehone: A nossa vida seria pior, seria mesmo insossa e vazia sem arte, sem literatura, sem música, sem cultura, numa perspectiva mais lata. A arte sintetiza a superioridade do bicho-homem relativamente ao resto do mundo animal. Os grandes desafios do país serão tratados pela arte, em cada uma das suas vertentes e retratados de uma maneira singular que pulse o sentimento e a interpretação dos diversos agentes, dos fazedores da cultura. Não há e nunca houve “caos mental”. Há crise de valores, porque foram por muito tempo violentos os choques da mudança e, agora, com a globalização, apesar de menos traumáticos, continuam sendo igualmente radicais os vectores de pressão externa portadores de outras referências culturais, que simbolizam outros estágios de desenvolvimento tecnológico, conseguidos com base noutros padrões culturais. Estamos pois dentro de uma casa que se reorganiza e tenta sustentar-se em pilares endógenos, infelizmente, demasiado frágeis. É então elevado o risco de que o tecto nos caia em cima, ou teremos de agregar ao lado dos nossos, alguns pilares exógenos. Se assim for, não se tratará certamente de uma operação cosmética. Estaremos diante de um processo que não pode deixar de ser doloroso e que, por conseguinte, exigir-nos-á pagar um preço. E aí está, para mim, o maior desafio, maior ainda porque ninguém pode vaticinar como é que sairemos dele, ou melhor, em quê que nos teremos convertido quando sairmos dele. 
 
8.   O português é sem dúvida parte da nossa cultura e do nosso imaginário a par das outras línguas. No plano linguístico alimenta uma realidade exoglótica que se pode definir como fronteira entre semiosferas. Numa visão de língua cultura, história, literatura, pluralismo e identidade nacional, que prioridades, acha que se deve ter para estruturar e desenvolver o nosso tecido linguístico nacional e cultural refuncionalizado e integrado nos textos das tradições orais numa realidade global?
 
Roderick Nehone: Em poucas palavras, a primeiríssima tarefa é da incumbência dos nossos linguistas. Os nossos linguistas devem fazer o seu trabalho de casa. E o seu trabalho de casa é, através do estudo científico, criar, inventar, descobrir os vocábulos nas nossas línguas nacionais que exprimam a realidade material e espiritual de hoje, que não é, nem de longe, a que foi deixada pelos nossos bisavôs. Eu, que sou quimbundo, quando souber como se diz proteína, fusão nuclear, astronauta, biotecnologia, física quântica, nanotecnologia, dermopa-piloscopia, etc, em quimbundo, sem necessidade de recorrer ao “ji-rádio”, “ji-televisão”, e outros “jis” sem graça que aparecem como falsos prefixos, olharei com maior circunspecção para todos os demais argumentos, ainda que não estejam baseados na realidade objectiva e estejam apenas ancorados no perigoso voluntarismo. Quando este trabalho de casa estiver feito, (e se alguém tiver dúvidas de que pode ser feito, recomendo que compre um electrodoméstico feito na Indonésia e verá que além do inglês e do francês, estará também no manual a língua local a exprimir toda a complexidade tecnológica do aparelho) poderemos sair a rua de mangas arregaçadas e ensinar a todos todas as nossas línguas, além do português. 
 
9.   A era dos Shopping center’s, a das tecnologias de informação, a da comunicação de massa, a da união dos escritores angolanos, a da crítica literária e da literatura angolana, que argumentos de razão guarda sobre a sua qualidade e a sua promoção. Acha que há autores de peças artísticas e de peças críticas que devem ser recuperados de um injusto esquecimento?
 
Roderick Nehone: Acho apenas que ao existir uma União dos Escritores Angolanos, ao existirem editoras angolanas, o esforço de divulgação da literatura angolana, dentro e fora de Angola, com essas entidades colectivas, deve produzir resultados maiores, que estejam bem acima das iniciativas individuais e dos lobbies elitistas baseados em critérios muito questionáveis ou pouco sustentáveis. Cabe à crítica literária identificar a qualidade do que foi feito ontem e do que está a ser feito hoje e sugerir a sua maior divulgação. Porém, tenho consciência de que esta crítica literária também convive com o eterno problema da maturidade ou da maioridade. Não obstante, é fazendo que se aprende a fazer e temos de aceitar o que se faz, tal como se faz, ainda que não lhe poupemos de uma crítica construtiva. 
 
10. De que modo compreende e define o espaço das novas propostas artísticas, na nossa memória literária. Ou acha que devemos todos ir nos ajustando nas formas artísticas anteriores, na lógica duma fábrica de tijolos em detrimento dum jardim, ou seja, a ideia de quem chegar primeiro ser a medida para todas as coisas?

Roderick Nehone: Seria inadmissível aceitar que se espartilhasse a liberdade de criar. Deixai o homem criar com a mesma liberdade e satisfação que sentimos ao vermos um pássaro voar sem amarras. Reservemos ao escritor, ao criador, a responsabilidade pela escolha dos estilos, das formas e dos conteúdos da sua obra. Deixemos aos leitores, aos destinatários da produção literária e cultural, a nós mesmos, em última instância, o direito de opção por aquilo que melhor satisfaça a nossa educação estética e artística. Creio que estas são algumas das premissas para que a criação cultural não se converta numa reprodução invertida, monstruosa ou raquítica, da realidade material que sustenta ou inspira as ideias que lhe dão forma e conteúdo.
 
Muito Obrigado.

Abreu Castelo Vieira dos Paxe, nasceu em 1969, no Colonato do Vale do Loge, Província do Uíge, filho de operário e de mãe doméstica. Venceu o concurso Um Poema para África em 2000, e foi animador do Cacimbo do Poeta na sua 3ª. edição, atividade organizada pela Alliance Francisco por ocasião da dia da África. Figura na Revista Internacional de Poesia “Dimensão n. 30 de 2000, na antologia dedicada à poesia contemporânea de Angola, editada em Uberaba, Brasil. Professor no Departamento de Língua Portuguesa ISCED de Luanda. Universidade Agostinho Neto UAN.