TITO IGLESIAS

POEMAS . INDEX

Enigma com mãos enluvadas de sangue
(poema dedicado a duas sábias mãos que dirigem o timão do sobrerrealismo
lusófono em ambas as margens do Atlântico: Cruzeiro Seixos, em Lisboa,
e Sérgio Lima, em São Paulo).

Quando o estrangeiro sotaque de rangidos
premiu o teclado dos últimos degraus,
nem um só retrato pintado
deixou de ficar lívido...
(E todos trocaram de moldura...)

O espelho ofereceu a Face Baça,
temeroso dos fragmentos,
ao ímpeto da Bofetada Escura.

A Porta de Bruma escancarou-se
sem que a mão enluvada de sangue
sequer tocasse a fechadura...

E o chão tornou-se ondulado,
subindo até, em certos pontos,
a mais de um metro de altura.

Mesinhas e jarras de flores,
devido à forte vibração,
com Terrível Estrondo caíam!

E ao longo de Três Fachadas,
janelas passaram a Frestas
com Milímetros de largura.

Era o Irrespirável Vestido de Fumaça.
Chegara o Homem sem Tronco
com sua Curtíssima Túnica.

(Poema publicado, pela vez primeira, na Revista literária Sol XXI, em Março/Junho de 2000, sendo directores da mesma, Luisa de Andrade Leite e Vítor Wladimiro Ferreira).










Tito Iglesias. Poeta em Português de nacionalidade espanhola, residente em Paço d'Arcos (Lisboa), de teor surrealista, com larga vivência no Brasil. Membro da Academia Brasiliense de Letras.