JULIA VALESCA PAIS:
"A noite é dos pássaros"

E OS PÁSSAROS POUSARAM SOBRE O MEU PAPEL - REFLEXÕES CRÍTICAS SOBRE O ROMANCE “A NOITE É DOS PÁSSAROS”

INDEX
Objetivo
Resumo
Sumário
INTRODUÇÃO
1 – Nicodemos Sena e sua fortuna crítica
2 – Hans Staden e Duas viagens ao Brasil
3 – Nicodemos Sena e A noite é dos pássaros
4 – Uma leitura comparada
         4.1 – O elemento religioso
         4.2 – O caráter de Alexandre Rodrigo Ferreira X Hans Staden
         4.3 – O relato dos costumes tribais
         4.4 – A diferença de gênero entre as obras
5 – A noite é dos pássaros e a Pós-Modernidade
         5.1 – O ecletismo estilístico em A noite é dos pássaros
         5.2 – A intertextualidade em A noite é dos pássaros
         5.3 – O  hibridismo em A noite é dos pássaros
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ANEXO: ENTREVISTA COM NICODEMOS SENA

INTRODUÇÃO

             A literatura brasileira com o Romantismo evoluiu e criou a sua própria identidade, conseguindo assim, desvincular-se do modelo europeu que foi a sua base inicial. De lá pra cá, o mundo mudou. Hoje, tudo acontece muito rápido, passamos por várias experiências ao mesmo tempo e passamos a viver na era da informação. A literatura, portanto, teve de acompanhar essa evolução, o que gerou um novo estilo, ao qual chamamos Pós-modernismo. Estilo este contaminado pela velocidade com que o mundo evoluiu, com textos eloqüentes e personagens que são o retrato do homem atual, com temores, angústias, alegrias, certezas e contradições. 
         O objetivo deste trabalho é fazer uma reflexão crítica do romance A noite é dos pássaros, do escritor Nicodemos Sena, discutindo algumas das principais características do contexto pós-moderno presentes na obra e, em meio a isso, mostrar algumas informações sobre o autor e apontar as questões mais interessantes abordadas ao longo da narrativa. Para tal, é necessário contar um pouco sobre o relato de viagem do alemão Hans Staden, Duas viagens ao Brasil, uma vez que este escrito serve de material para a construção do romance de Nicodemos Sena.
         Devido a essa aceleração da sociedade moderna, a narrativa brasileira há tempos se esqueceu um pouco da questão sobre a relação do índio com o homem branco colonizador da época do descobrimento. O que Nicodemos faz em seu romance é resgatar esse assunto pouco discutido, construindo uma narrativa de ficção instigante, galgada em fatos históricos que, aliados a um mundo de sonhos, fantasias e mistérios, relata a vida indígena, seus valores, crenças, mitos e costumes, além de demonstrar, através do personagem principal de sua trama, os defeitos, as qualidades e os medos de todo ser-humano. Mesmo sendo uma obra de ficção, o que o autor faz, através de sua narrativa, é dar a possibilidade aos leitores de conhecer um pouco mais sobre a cultura indígena.
         O romance aqui estudado possui uma riqueza de temas que podem ser discutidos. Fica claro para o leitor que para escrevê-lo o autor dedicou-se a um intenso processo de pesquisa, aderindo uma intertextualidade a seu texto, além de uma mistura de estilos e da presença do hibridismo, principais características do pós-modernismo. Assim, baseado nessas questões, demos início ao nosso estudo.