HELENA FIGUEIREDO:
AO SABOR DA PELE

PROSAS

Renascer
Doce infância
A menina de negro
Êxodo
Cegueira

POEMAS

Atípico
Liberdade
Leva-me contigo, pastor
Enleio
Tentação
Ninguém
Tabu
Poema sentido
Um dia sem ti
Vendaval

ENLEIO

Amarrotado no tapete brilha um papel,
E a música balança-o no acordeão:
“Tudo pára quando a gente faz amor”.
Imagino o teu quarto,
Decorado com lembranças,
Os artistas vivendo o teu rosto.
E eu, aqui, com teus olhos nos meus,
Aumento o vazio que sofro.
A colcha ainda mexida,
Um museu de poeira com teu cheiro.
Respiro fundo numa fífia do artista,
E simplesmente aí.
Queria que as traves ecoassem lágrimas
Num castanho derretido,
E que a palavra saudade surgisse na madeira crua,
Palavra gasta de um povo.
Mas transpira nos poros,
Na mais pura evidência.
O doirado do fogo hoje mais aceso,
Um poema.
Dei-te muito,
Dei-te o que sou.
Obrigada por seres tu,
Quem me espera no portão.

Helena Figueiredo nasceu em 9 de Março de 1959, numa pequena aldeia do concelho de Carregal do Sal, distrito de Viseu. É licenciada em Educação de Infância, e desde os 21 anos que trabalha com crianças entre os 3 e os 6 anos. Entre 2003 e 2006 prestou assessoria ao Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal.
Entrada no TriploV: Abril de 2008