Alessandro Atanes
O bonde pelas ruas e pela literatura
do porto de Santos

Lançamento do início de 2007, A “Moscouzinha” brasileira: cenários e personagens do cotidiano operário de Santos (1930-1954), do historiador Rodrigo Rodrigues Tavares, avança a pesquisa do autor sobre as atividades da polícia política e de trabalhadores e entidades comunistas que se formam em torno do binômio repressão e resistência, estudo iniciado em O porto vermelho: a maré revolucionária (1930-1951), seu livro anterior, de 2001 (1).

Um dos mais interessantes capítulos da obra, Rebeldes em cena, descreve os usos políticos do bonde, meio de transporte predominante em Santos até a década de 50 utilizado pelos trabalhadores da cidade para se locomover entre a casa e o trabalho, que, de acordo com o historiador, refletia também a transição entre duas identidades – a ligada ao bairro, geralmente nacional, e a do trabalho, operária. Esta transição se dá no momento da tomada do bonde, quando o trabalhador apanha o transporte em seu bairro, envolvido pela identificação com seu país de origem.

O censo de 1934 mostrava que 26,4% da população santista, em torno de 150 mil pessoas, eram formados por estrangeiros. Boa parte deles se distribuía pelos bairros de acordo com a nacionalidade: espanhóis e italianos no Campo Grande, portugueses no morro do São Bento (onde aplicavam soluções de moradia da Ilha da Madeira) e japoneses na Ponta da Praia são os exemplos levantados pelo autor.

Mas a identidade nacional fica para trás ao longo do percurso do bonde, lugar em que a identidade proletária assume o seu lugar. Rodrigo Tavares trata o transporte, formado por uma frota de 200 veículos que percorriam 67 quilômetros de trilhos, por “bonde-operário”:

Ao cruzar os mais diversos bairros da cidade, o bonde aproximava todas as nacionalidades, raças e culturas; deixava para trás o bairro, o reduto da família, da casa e dos vizinhos. Enfim, unia os passageiros na condição de operário. Esse caráter classista deve ser ressaltado, visto que nesse meio de transporte as classes sociais tendiam a não se misturarem. As pessoas mais abastadas utilizavam automóveis ou então linhas e horários específicos do bonde.

Como primeiro espaço social da cultura operária no dia-a-dia, o bonde era considerado pelos militantes comunistas um “local-alvo de propaganda”. O próprio deslizar do veículo pelos trilhos permitia que os trabalhadores pudessem ler panfletos e jornais entregues pelos militantes durante o percurso. Tavares resgata um relatório de 1936 da Delegacia de Polícia de Santos em que o investigador acompanha o espanhol Pedro Higueira. O texto abaixo transcreve um trecho do relatório copiado pelo pesquisador (3):

No dia 21 viajava num bonde 17 com destino ao dentro da cidade e, no percurso, falava sobre o comunismo expondo a sua conformidade com os legalistas de Madri [referência à Guerra Civil Espanhola]. Tudo não seria muito ao chegar à Praça José Bonifácio, ao avistar uma casa vendedora de capas, Higueira [não] concitasse os passageiros do bonde a que se apoderassem cada um de uma capa pois todos eram operários e necessitavam. [Em outro dia] Higueira viajava num bonde da Companhia City, vindo do bairro do Campo Grande para o centro. Esse veículo, na hora do meio-dia, transporta, preferencialmente, operários que procuram o trabalho, após o almoço. O indiciado, consciente do meio em que se encontrava, entrou a propagar o comunismo, propaganda em que se empregou até que o bonde chegou à praça José Bonifácio.    

Além da militância dentro do bonde, o próprio serviço, administrado pela concessionária de capital estrangeiro (“imperialista”) Cia. City of Santos Improvments, era alvo da preocupação dos trabalhadores comunistas, que criticavam o preço da passagem. Destas duas formas, o bonde se transformava num espaço da luta de classes. O imaginário do bonde era tão forte que, lembra o historiador, o veículo está na abertura de Parque Industrial, romance de Patrícia Galvão que, lançado em 1932, é um dos inauguradores da literatura proletária no Brasil.

São Paulo é o maior centro industrial do mundo da América do Sul: O pessoal da tecelagem soletra no cocoruto imperialista do “camarão” [modelo de bonde] que passa. A italianinha matinal dá uma banana pro bonde. Defende a pátria.

A pesquisa ressalta também que mesmo sendo funcionários da City, os condutores e cobradores da companhia eram considerados pela militância comunista “proletários explorados pelos seus patrões”. E aqui lembro um personagem de uma história curta do dramaturgo santista Plínio Marcos, Bacalhau, um português condutor da linha 19 que não tinha pudores em “expropriar” parte do faturamento do dia da empresa:

Seu lance era faturar. Pegava o batente de condutor do bonde. Linha dezenove. No reboque, que era mais fácil de engrupir [enganar] fiscal. O bondão saía da estrada de ferro, atravessava o cais do porto de Santos e ia até o loló do [bairro do] Macuco. E o Bacalhau estava ali, fazendo chover na sua horta. Na velha base do agrião. Dois por um, sem babado. Dois pra companhia, um pra adiantar seu lado. E tudo que enfurnava não saía mais. Seu sonho era, um dia, voltar para Portugal bem calçado.

Na ficção que tem a cidade e o porto de Santos como cenário, o bonde está presente também em Indiferença, episódio de Cais de Santos, romance de Alberto Leal publicado em 1939 em que o veículo, também da linha 19, atropela e mata uma criança na altura da ponte de outro bairro portuário, o Paquetá.

De repente, lá para trás, junto à linha do 19, subiu um grito, que um clamor de vozes logo abafou.
O moleque virou-se: corria gente de todos os lados, cercando o bonde. Em pouco tempo, estava ali uma multidão, vociferando, gritando, os de trás querendo passar para a frente, na ânsia de olhar.

A indiferença do título é a do protagonista da história, José Praxedes, um adolescente do bairro portuário que pescava à beira do cais à procura de sustento: “era um guri de treze anos, e já sabia que cada um vive por si e Deus para ninguém quando se é pobre e se tem um pai bêbado e uma mãe doente do peito”. Essa história vale pela descrição que o autor faz do local do acidente, próximo a um dos portões da Companhia Docas de Santos (CDS), como um ambiente intermediário entre o cais e a cidade, onde o grito da mãe do menino atropelado se confunde com o guincho do guindaste:

Um grito estridente de mulher veio da ponte, tão agudo e metálico como se fosse um grito de dor soltado por um daqueles guindastes, subitamente humanizado.
(...)
Ouviu-se um guincho forte que arranhava o ouvido, mas o moleque não pode saber se era uivo de guindaste ou grito da mãe da criança que o bonde matara.

Já no romance Navios Iluminados (1937), de Ranulpho Prata, o bonde surge na narrativa para marcar as diferenças sociais. Um exemplo é a passagem em que homens amontoados em frente à sede da CDS atrapalham o tráfego da linha 5. O protagonista, José Severino de Jesus, por sua vez, só anda de bonde, e também na linha 19, quando, acompanhado pelo amigo Felício, vai do bairro em que morava, o mesmo Macuco da história de Plínio Marcos, até à casa de um comendador na distante Ponta da Praia para ser apadrinhado e conseguir um emprego na companhia. A descrição, de quando os amigos deixavam já a casa de Constantino, mostra a inadaptabilidade de Severino ao meio de transporte:

Quando os dois amigos chegaram à rua, um grande vapor saía do canal. Estava bem perto deles, e as luzes eram tantas que se derramavam por todos os lados, escorrendo para o mar, alastrando-se como um óleo dourado pela superfície das águas. Severino parou encantado e sem se conter:
- Mas que boniteza, minha Nossa Senhora!
Felício gritou-lhe, correndo para o ponto.
- Olhe o bonde, seu besta!

Dias depois, para economizar, ele prefere, mesmo com o emprego garantido, caminhar do bairro portuário até a Praça Mauá, no Centro, para tirar um retrato para o documento de identificação da empresa.

Assassinato

Mas a interpretação do bonde enquanto espaço da luta de classes é tratada na literatura de forma extrema em Barcelona Brasileira(2003), de Adelto Gonçalves, romance histórico escrito na década de 1980 cujos personagens se movem por uma cidade envolvida pelo clima anarquista do movimento operário de 1917. O protagonista deste romance histórico, ao contrário daqueles das ficções acima, não é um morador dos bairros portuários: é o Poeta – figura baseada em Martins Fontes –, médico, escritor e orador anarquista que circula em diversos ambientes da cidade, dando ao narrador a oportunidade de registrar um panorama bem completo da urbe portuária por meio da mobilidade do personagem, que dirige um Ford pelas ruas de Santos.

Essa diferença de perspectiva faz de toda a cidade um cenário da luta de classes no qual os personagens se enfrentam em salões, nas redações dos jornais, nos palácios do governo e da burguesia e nos espaços públicos. Outro símbolo dessa mobilidade é o bonde, meio de transporte que, como vimos acima, é o lugar em que o trabalhador se reconhece como classe social. E é justamente o bonde, espaço político por excelência, que é escolhido por um grupo de grevistas para assassinar um feitor fura-greve. A cena em que os conspiradores se encontram revela um pouco desta mobilidade dentro da cidade:

Parados na calçada da Praça Mauá, em frente ao Café Elite, o Espanhol [Angel Blanco] e Augusto Alves olhavam os cartazes afixados em suportes de madeira colocados em ambos os lados da entrada do cinematógrafo: William S. Hart em O Homem Tigre–, no Coliseu, Rosa de Estambul. Olhavam com desatenção, sem a preocupação de reconhecer os rostos dos artistas. Estavam mais atentos em acompanhar disfarçadamente os movimentos dos companheiros junto ao balcão que ficava em sentido oposto à bilheteria e à entrada para a sala de projeção.

Blanco e Alves buscavam Pedro Saavedra e Miguel de Sousa. Os quatro haviam vindo do Café da Leoneza, onde estavam reunidos. E, naquele momento, estavam aguardando o momento de agir. Esperavam por Antonio Dias, feitor da estiva que com violência e ameaças havia impedido a turma de estivadores que comandava de entrar em greve. Jurado de morte no cais, Dias andava armado e se sentia seguro até para levar o filho de seis anos ao cinema. O Espanhol e Alves acompanham pai e filho na sessão, enquanto os outros dois vigiam a saída fazendo hora no bar. Dias e o filho chegaram à praça no bonde 11, depois de ter cruzado o Paquetá. Na volta, na mesma linha, eles ganham a companhia dos quatro operários. A ação se desenrola da seguinte maneira:

Eram 22 horas quando o motorneiro deu o sinal que avisava a partida do bonde para a sua última viagem naquela noite. O bonde contornou a Praça Mauá e se foi pela Rua General Câmara em direção ao Paquetá. Ao longo do trajeto, os demais passageiros foram desembarcando, de modo que, quando o bonde chegou na esquina das ruas João Otávio e General Câmara, só se achavam no veículo Antonio Dias, a criança e os quatro homens. Foi nesse momento que Antonio Dias ergueu-se para tocar o tímpano e fazer parar o bonde. Atrás dele, Miguel de Sousa estava tenso: a mão apoiada na coronha do revólver junto à cintura revelava a mesma tensão do olhar. Mais atrás, o rosto pálido de Pedro Saavedra havia adquirido uma dureza metálica. Ouviu-se, então, o primeiro tiro. E, logo em seguida, outro. Antonio Dias deu um passo para trás e desabou no banco. De sua têmpora esquerda, escorria um filete de sangue.

Na introdução de Barcelona Brasileira, lemos que o autor pesquisou os episódios que descreve no romance nas notícias dos jornais de época, inclusive o assassinato no bonde. Outro historiador, Fernando Teixeira da Silva, optou por uma fonte diferente para resgatar do passado o mesmo evento: no Tribunal do Júri da Comarca de Santos, ele encontrou os processos em que um tal de Miguel de Souza e mais três homens, inclusive um espanhol, são réus, acusados de matar Acelino Dantas, um feitor:

Conforme descrição do sumário de culpa, na noite de 29 de julho de 1919 os denunciados Miguel de Souza, Santiago Monteiro, José Joaquim Alves e Antonio Braga haviam resolvido matar Acelino Dantas. Após sair do cinema com seu filho de 6 anos, Dantas entrou no bonde da linha 11, mas, sem o saber, estava em companhia dos seus perseguidores. Durante o trajeto, os passageiros foram todos desembarcando até que os criminosos se acharam sozinhos com a vítima. Escolhido pelos seus companheiros para executar o crime, Miguel de Souza aproximou-se de Acelino e detonou alguns tiros em sua cabeça, matando-o imediatamente, enquanto seu filho chorava em desespero. Em seguida, todos fugiram.

O registro ficcional de Adelto Gonçalves é bem próximo do descrito no processo judicial, apesar das mudanças em alguns nomes e no ano do evento. Mas o capítulo em que Fernando Teixeira da Silva lembra o episódio – “Covarde assassinato”: (des)montagem de um processo – tem exatamente a função de apontar o que tinha de ficcional toda a trama policial que se seguiu à investigação, costurada pelo delegado Ibrahim Nobre, que teve até seu “folhetinesco” relatório publicado no jornal A Tribuna, de linha conservadora, em 02 de agosto, poucos dias após o ocorrido. O documento, registra o historiador, é “eivado de veleidades filosóficas e literárias (...) sobre sua própria sagacidade policial no deslindamento do crime” (4).

O objetivo da peça era mostrar a ação policial como regeneradora da ordem social após o assassinato motivado por ideologias estrangeiras espalhadas entre o operariado por um “forasteiro anarquista”. Miguel de Souza, que havia admitido ter atirado no feitor, muda seu depoimento para se adequar ao roteiro das idéias importadas e, dias depois, declara ao delegado que só havia atirado porque estava bêbado e sob influência dos companheiros. A investigação encontra até um bilhete escrito por sua companheira, no qual notava que ele “já não era o mesmo chefe de família” e que trabalhava “sem ordenado” para o sindicato. Mais tarde, porém, um advogado de defesa aponta que Izabel havia recebido dinheiro de Nobre para quitar despesas com uma mudança.

Mas o que desmonta a versão policial é um novo depoimento do autor dos disparos: Miguel de Souza admite que o motivo foi na verdade um desentendimento com o feitor em 8 de julho, quando este o havia expulsado do cais “a socos e pontapés”. Ao encontrá-lo novamente no bonde, percebe que Acelino Dantas o olhava com “arrogância” e, assim, “perdeu a cabeça e desfeçou-lhe um tiro”. A partir daí, os outros réus passaram a ostentar que haviam admitido ter participado do crime por causa de torturas e coações sofridas após a prisão.

Mesmo assim, o promotor público não considerou a nova versão e levou em conta apenas “testemunhas idôneas” (jornalistas de A Tribuna e inspetores de segurança) que acompanharam as primeiras declarações. Após o júri e recurso, eles são condenados a 30 anos de prisão. Culpados de fato ou envolvidos pela trama tecida pelo delegado, desses homens fica para o conhecimento histórico um exemplo de como os documentos devem ser lidos a “contrapelo”. Ao final da seção, o historiador conclui que o caso tinha mais a ver com “questões de serviço” do que com crime ideológico.
Resta, como conclusão, a reflexão sobre as ficções, não como invenções literárias, mas como construções da argumentação e das ideologias. Enquanto a autoridade policial, com o apoio de parte da imprensa, utiliza sua ascendência sobre a sociedade para fazer valer sua versão; o romancista aproveita essa mesma versão, mais dramática e por isso mesmo mais adequada ao tratamento literário. Numa simples operação de mudança de data, o escritor traz os eventos do assassinato do feitor de 1919 para 1917, ano das greves anarquistas, o que garante ainda mais verossimilhança à ação. Dentro dos padrões de imaginação e desobrigação da literatura com os fatos reais, esta é uma operação bem mais honesta. Isso, o delegado nunca pôde fazer.

Referências:

Rodrigo Rodrigues Tavares. A “Moscouzinha” brasileira: cenários e personagens do cotidiano operário de Santos (1930-1954). São Paulo: Associação Editorial Humanitas e Fapesp, 2007.
__________. O porto vermelho: a maré revolucionária (1930-1951). Módulo VI – Comunistas. Coleção Inventário DEOPS. São Paulo: Arquivo do Estado e Imprensa Oficial, 2001
Fernando Teixeira da Silva. Operários sem patrões. Os trabalhadores da cidade de Santos no entreguerras. Campinas: Editora da Unicamp, 2003.

Obras literárias: 
Adelto Gonçalves. Barcelona Brasileira. São Paulo: Publisher Brasil, 2003.
 Alberto Leal. Cais de Santos. Rio de Janeiro: Edição da Cooperativa Cultural Guanabara, 1939.
Ranulpho Prata. Navios Iluminados. Rio de Janeiro: José Olympio, 1937.
Plínio Marcos. Amor e ódio de Bacalhau e Negrinha Marion. Nas quebradas do mundaréu. São Paulo: Mirian Paglia Editora de Cultura, 2004 (1ª edição de 1973).

A primeira versão desse artigo, com o título O bonde-operário da Moscouzinha Brasileira, foi publicada em 29/05/2007, no site PortoGente, no endereço < http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=9224>

 

(1) Além do título de Moscouzinha Brasileira, referência à ascensão do Partido Comunista entre os trabalhadores portuários de Santos na década de 30, a cidade ainda recebeu as alcunhas de Barcelona Brasileira, Cidade de Prestes (referência ao líder Luís Carlos Prestes), Cidade Vermelha e, numa chave política mais conservadora, Cidade da Liberdade e da Caridade, fenômeno que descrevi certa vez como toponímia ideológica.

(2) A “Moscouzinha” Brasileira : cenários e personagens do cotidiano operário de Santos (1930-1954) é fruto da dissertação de mestrado de Rodrigo Tavares e foi publicado como o sexto volume da coleção Histórias da repressão e da resistência. A coleção é fruto do mergulho de pesquisadores no Arquivo Público do Estado de São Paulo, que guarda os documentos históricos produzidos pelo Departamento Estadual de Ordem Política e Social do Estado de São Paulo, o DEOPS, material que há 10 anos é inventariado pela Universidade de São Paulo. A coleção é composta também por O risco das idéias – Intelectuais e a Polícia Política, de Álvaro Gonçalves Antunes Andreucci; Caça às Suásticas – O Partido Nazista em São Paulo sob a Mira da Polícia Política, de Ana Maria Dietrich; Etnicidade, nacionalismo e autoritarismo – a comunidade alemã sob vigilância do DEOPS, de Eliane Bisan Alves; O Suspeito através das lentes – O DEOPS e a Imagem da Subversão (1930-1945), de Fernanda Torres Magalhães; e Prisioneiros da Guerra – os “Súditos do Eixo” nos campos de concentração brasileiros (1942-1945), de Priscila Ferreira Perazzo.

(3) No romance, o delegado ganha o nome de Parsifal Abud, personagem que mantém também alguma pretensão literária. Sua ascensão sobre a sociedade burguesa santista do período pode ser constatada quando, em uma manifestação pública no Teatro Coliseu, recebe de presente um automóvel Hudson de 70 cavalos, dado em nome das 108 pessoas presentes no evento, entre deputados, vereadores, promotores e empresários. Esse evento também foi transformado em ficção por Adelto Gonçalves.







Alessandro Alberto Atanes Pereira, 34 anos, jornalista, é especialista em História e Historiografia e prepara dissertação de mestrado em História Social na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).
Directório aberto a 21 de Janeiro de 2007