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MARIA ESTELA GUEDES


«Chão de Papel»

INDEX

GLOSSÁRIO
De expressões em crioulo e outras menos conhecidas no Português atual.

A

Agama - Lagarto do género Agama, de belas cores ao pescoço, muitas vezes mantido em casa, não só pela beleza, mas por se alimentar de insectos. Outrora era conhecido como Agama-dos-colonos (Agama colonorum).

Ambulância - Autocarro, ônibus.
Azedinhas - Frutos pequenos, translúcidos, sumarentos, mas muito azedos.
 
B
Bagabaga - Formiga branca, térmita.
Bajuda - Moça, mulher jovem.
Balaio - Cesto de vime.
Balanta - Os Balantas são uma das etnias da Guiné-Bissau.

Bô ca misti partir, bô tem manga de sôdade - _ tu, você; ca é a negação; manga de - muitos ou muitas. Traduzindo: Não queres partir, tens muitas saudades.

Bombolom - Tambor feito de um tronco de árvore, usado para transmitir informações a muitos quilómetros de distância. Conhecido dos antropólogos pelo nome de talking drum, o tambor falante.

Bolanha - Terreno encharcado no litoral, usado em geral para cultivar o arroz.
 
C

Ca tem patacão - Ca é a negação, patacão ou pataca é uma moeda portuguesa antiga. Traduzindo: Não têm dinheiro, pobres.

Cacimba - Humidade noturna.

Chabéu - Óleo grosso e amarelo que se obtém dos frutos da palmeira do dendém, Elaeis guineensis, e se utiliza no mais típico prato da África ocidental, conhecido por diversos nomes, entre eles, na Guiné-Bissau, o de chabéu.

Chão - Terra, no sentido de terra natal. No caso, Chão de Papel ou Bissau, como região, uma ilha na qual existe a cidade do mesmo nome. Bissau não é uma ilha oceânica, sim continental, com costa atlântica, mas recortada no continente pelo curso dos rios Geba e Mansoa.

Chão de Papel - Nome da ilha de Bissau. Os Papéis são uma das cerca de trinta etnias que existem na Guiné-Bissau, e o seu chão (a sua terra natal) é a ilha de Bissau.

Choro - Enterro, cerimónia funerária entre tribos feiticistas.

Correcção - Formiga-preta, que avança em busca de comida formando cordões, e devora tudo o que encontra pelo caminho, incluídos animais de grande porte, se, adormecidos, não se apercebem do ataque.

Cuma di corpo? E bo papé? E bo mamé? - Nas conversas de saudações, os guineenses não fazem perguntas sobre a saúde, sim sobre o estado do corpo. Traduzindo: Como tens passado? E o teu pai? E a tua mãe?

 
F
Fiju di terra - Filho da terra, nativo.
Fole - Fruto muito ácido.
 
G
Geba - O mais importante rio da Guiné-Bissau. Nasce no Futa-Djalon e desagua em Bissau. Com o rio Mansoa isola a região de Bissau, fazendo dela uma ilha.
 
H
Homem de muitas chuvas - Nos trópicos só há duas estações, a seca e a das chuvas. Os guineenses contam os seus anos de idade pelas chuvas. Traduzindo: Velho.
Homem grande - Patriarca, chefe de família, pessoa importante.
 
I
Irã - A divindade, para as tribos feiticistas.

Irã-cego - Outro nome da jibóia. A jibóia, Python sebae, é um animal sagrado em toda a costa ocidental africana, especialmente no Benim, de onde foi transportada para a América, para os ritos vudu.

 
J

Jagudi - Abutre muito familiar, que ronda as casas, na esperança de restos de comida, e limpa a savana por ser necrófago.

 
L
Linguana - Grande lagarto, Varanus exanthematicus, o monitor ou varano savanícola da África Ocidental (Reptilia: Varanidae).

Lojas de varejo - Expressão caída em desuso no português de Portugal, mas que se mantém no Brasil. No Ceará, por exemplo, as lojas de retalho, em que se vendem produtos muito variados, ainda exibem tabuletas a dizer «Loja de varejo».

 
M
Mancarra - Amendoim.
Manga de - Muitos, muitas. Ex.: manga de soldado: muitos soldados.
Mango - Manga, O nome do fruto é masculino, na Guiné-Bissau.

Mangos-da-terra - Frutos dos mangueiros usados na arborização das ruas. Os mais vulgares em toda a parte, mato e cidade.

Mangueiro - Mangueira. Substantivo masculino na Guiné-Bissau-
Mantenhas - Cumprimentos. Fórmula de saudação.
Moringa - Jarro, pequeno recipiente de barro para manter a água fresca.
 
N
'N ca misti partir - Não quero dizer adeus, não quero ir embora.

Nha cretcheu ta papiando - Nha: meu; cretcheu (quero-te cheio): querido, amor, namorado; ta: está; papiar : falar. Traduzindo: O meu namorado está a falar.

Noz de cola - Fruto amargo, que dá resistência física, usado sobretudo pelos djilas, mercadores ambulantes islamizados. Ver a Wikipédia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Noz-de-cola

 
P
Papel, papéis - Nativo (s) da ilha de Bissau.

Papéis, manjacos, balantas, nalus e beafadas - Algumas das etnias que habitam a Guiné-Bissau.

Pb - Símbolo químico do Chumbo.
Pomar de espinho - Pomar de citrinos.

Ponta - Propriedade agrícola, em geral destinada ao cultivo da cana sacarina. O seu destino era o fabrico de aguardente de cana.

 
S

Si bo misti papia criolo, bo papia na bo casa - Se tu quiseres falar crioulo, fala em tua casa.

 
T
Tabanca - Aldeamento de palhotas.
Tuga - Portuga, pejorativo.
Turra - Terrorista, pejorativo.



 



LISBOA, APENAS LIVROS EDITORA


Chão de Papel
LISBOA, 2009
Autor: Maria Estela Guedes
ISBN: 978-989-618-233-5
Edição: 48 páginas

Estado: disponível
Preço: 3,80 € Poesia

http://apenas-livros.com/pagina/apenas_de_cordel/7?id=337

Maria Estela Guedes (1947, Britiande / Portugal). Diretora do Triplov

Membro da Associação Portuguesa de Escritores, do Centro Interdisciplinar da Universidade de Lisboa e do Instituto São Tomás de Aquino. Directora do TriploV.

LIVROS

“Herberto Helder, Poeta Obscuro”. Moraes Editores, Lisboa, 1979;  “SO2” . Guimarães Editores, Lisboa, 1980; “Eco, Pedras Rolantes”, Ler Editora, Lisboa, 1983; “Crime no Museu de Philosophia Natural”, Guimarães Editores, Lisboa, 1984; “Mário de Sá Carneiro”. Editorial Presença, Lisboa, 1985; “O Lagarto do Âmbar”. Rolim Editora, Lisboa, 1987; “Ernesto de Sousa – Itinerário dos Itinerários”. Galeria Almada Negreiros, Lisboa, 1987 (colaboração e co-organização); “À Sombra de Orpheu”. Guimarães Editores e Associação Portuguesa de Escritores, Lisboa, 1990; “Prof. G. F. Sacarrão”. Lisboa. Museu Nacional de História Natural-Museu Bocage, 1993; “Carbonários : Operação Salamandra: Chioglossa lusitanica Bocage, 1864”. Em colaboração com Nuno Marques Peiriço. Palmela, Contraponto Editora, 1998; “Lápis de Carvão”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2005; “A_maar_gato”. Lisboa, Editorial Minerva, 2005; “À la Carbonara”. Lisboa, Apenas Livros Lda, 2007. Em co-autoria com J.-C. Cabanel & Silvio Luis Benítez Lopez; “A Boba”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2007; “Tríptico a solo”. São Paulo, Editora Escrituras, 2007; “A poesia na Óptica da Óptica”. Lisboa, Apenas Livros Lda, 2008; “Chão de papel”. Apenas Livros Editora, Lisboa. 2009; “Géisers”. Bembibre, Ed. Incomunidade, 2009; “Quem, às portas de Tebas? – Três artistas modernos portugueses”. Editora Arte-Livros, São Paulo, 2010.

ALGUNS COLECTIVOS

"Poem'arte - nas margens da poesia". III Bienal de Poesia de Silves, 2008, Câmara Municipal de Silves. Inclui CDRom homónimo, com poemas ditos pelos elementos do grupo Experiment'arte. “O reverso do olhar”, Exposição Internacional de Surrealismo Actual. Coimbra, 2008; “Os dias do amor - Um poema para cada dia do ano”. Parede, Ministério dos Livros Editores, 2009.

TEATRO

Multimedia “O Lagarto do Âmbar, levado à cena em 1987, no ACARTE, Fundação Calouste Gulbenkian, com direcção de Alberto Lopes e interpretação de João Grosso, Ângela Pinto e Maria José Camecelha, e cenografia de Xana; “A Boba”, levado à cena em 2008 no Teatro Experimental de Cascais, com encenação de Carlos Avilez, cenografia de Fernando Alvarez  e interpretação de Maria Vieira. 

E-mail: estela@triplov.com

Curriculum vitae

Curriculo abreviado