REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências

ISSN 2182-147X
NOVA SÉRIE

 

 

 

 


 

 

EDUARDO AROSO

Autoflagelação

Não é o céu que a terra castiga.

São os vermes que se tornaram

Erectos,

Sapiens

Para delimitar o chão

E aplicar o imposto de circular.

Nunca eles acenderam a candeia

Da chama hiperconsciente

E há muito abandonaram

A observação melancólica das estrelas

Por nunca as poderem contabilizar.

 

Quando a chuva cai

É sinal

Para ensaio transgénico.

Ninguém a recebe como hóstia

Incluída que está nos compêndios

Como sendo caudal.

 

Saberemos um dia

Se a água continua

A espargir o seu perdão

Ou se fica prolongamento

Da estrutura molecular do pó…

 

Eduardo Aroso

(Primavera de 2016)

 

Eduardo Aroso nasceu em 1952, em Coimbra. Professor de Educação Musical, em cuja actividade se reparte pela didáctica da música e da composição, tendo feito, durante alguns anos, formação de professores do 1º ciclo do ensino básico. Foi regente do Coro de Professores de Coimbra e co-fundador da Academia Monteverdi e da Tertúlia do Fado de Coimbra.

Na sua actividade literária contam-se as publicações: A Poesia vai à Escola (obra adquirida pela Fundação Calouste Gulbenkian), Poemas do Arquétipo, O Olhar da Serra, Habitante Sensível, A Quinta Nau e A Guitarra Portuguesa – Aproximações Histórico-Musicais à sua Génese e Fixação em Portugal (ensaio). Incluído em: Antologia Ibero-Americana de Homenagem a Rosalía de Castro, Antologia da Bienal de Poesia de Madrid (25 nações), Homenagem a Gerardo Diego, Homenagem a Claudio Rodríguez, Álamo (Salamanca 2002 – Ciudad Europea de la Cultura) e A Jeito de Homenagem a Eugénio de Andrade (antologia incluindo mais de 200 poetas do mundo hispânico). Colaborações: Revista de Poesia Álamo (Salamanca), EL Pregonero (Madrid), S. Paulo Destaque (S. Paulo), Artes & Artes (Lisboa), Teoremas de Filosofa (Porto). Co-fundador do Gresfoz - Grupo de Estudos Figueira da Foz – 1983, Co-subscritor para a Fundação da Academia Ibero-Americana de Letras (Madrid); 1987.

Na esfera da filosofia e do pensamento português, reconhece na chamada Escola Portuense, e nos diversos círculos de discípulos ao longo do tempo, a via para uma autêntica Tradição Portuguesa que é a de ser universal. De Agostinho da Silva - com quem partilhou um intenso convívio epistolar - à companhia actual dos pensadores António Telmo, Pinharanda Gomes, Carlos Aurélio, Joaquim Domingues, até às gerações mais novas, onde se destaca Pedro Sinde, vem participando em vários encontros e publicações. Cultiva o autodidactismo como a mais salutar actividade quotidiana.