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"Pintei um jardim, escondi-me lá dentro" - eis o título de uma exposição de pintura inaugurada a 14 de Abril no Museu Joaquim Vermelho, em Estremoz. Uma dezena de quadros de tom impressionista e pontilhista, |
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Pintei um jardim, escondi-me lá dentro, Jorge Guimarães |
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Jorge Guimarães entre amigos, o vereador do pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Estremoz e o director do Museu Joaquim Vermelho, Hugo Guerreiro, à esquerda. |
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Maria Estela Guedes; Nicolau Saião e a neta, Mariana |
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Noémia Cruz, directora artística do Museu Jorge Vieira, apresenta a exposição |
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"A arte é o sonho acordado do homem. Dá-Ihe a beleza que lhe mingua, representa-Ihe
a vida que ele não tem, testemunha-Ihe um tempo que não lhe pertence, e promete-lhe
o consolo de não se sentir só, perdido na sua época, entre um passado que sem ela
não teria rosto e um futuro que ninguém conhece" |
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"Pintei um jardim, escondi-me lá dentro." Quem se esconde? O pintor ou o poeta? Os dois, num só. Uma simbiose perfeita. Jorge Guimarães, o poeta da cor, apresenta-nos aqui um conjunto de pinturas que são elas mesmas belos poemas cromáticos. No primeiro contacto com estas pinturas, disse-Ihe, a medo, que sentia nelas uma atmosfera impressionista. A medo, porque Jorge Guimarães é um Homem Grande, e eu sentia-me ofuscada e com todos os meus sentidos tentava apreender o seu saber, a sua imensa sensibilidade. Recordo um fragmento dum texto seu, dos mais belos que se escreveram sobre o Monumento ao Prisioneiro Político Desconhecido, de Jorge Vieira: "... uma figura volátil, quase suspensa, a tentar libertar-se da sua condição newtoniana, quase também como uma imensa fiâmula, ou chama, de ascendência vertical." No seu largo currículo temo-lo poeta, dramaturgo, romancista, ensaísta, crítico, pintor, mas sempre poeta. Estas suas pinturas são poemas de cor e formas. É outro modo de dizer a natureza, apesar de, aparentemente, abstracta. Num primeiro olhar vemos pontos coloridos, cheios de luz. Um olhar mais atento leva-nos à forma: a "floresta", o "mar", a "montanha de cristal"... aparecem, como por magia. Percorrer com o olhar estas pinturas e procurar sair do abstracto, para uma qualquer realidade, torna-se um jogo aliciante, que nos pode fazer entrar dentro dessa realidade, povoando essas representações da natureza, dando saltos no tempo e no espaço. A série Giverny convida-nos a fazer essa viagem sensorial pelo mundo dos pincéis de Claude Monet, e mergulhar, inebriados, num mundo de cor, luz, e formas, para voltarmos de novo ao tempo/espaço de Jorge Guimarães, à sua pintura que nos incita a desfrutar a vida em liberdade. Noémia Cruz I Direcção Artística do Museu Jorge Vieira |
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