NATURAL?! O QUE É ISSO?
ABERTO O COLÓQUIO
De 2.11.2003 a 21.05 2004
INICIATIVA DO PROJECTO LUSO-ESPANHOL
"NATURALISMO E CONHECIMENTO
DA HERPETOLOGIA INSULAR"
Subsidiado pelo CSIC (Madrid) e ICCTI (Lisboa)


powered by FreeFind

O natural é cultural? - José Gama

Resumo

Quanto mais se afirma o cultural, tanto maior é a necessidade de reafirmação e/ou de regresso ao natural. Movimento pendular, natural no ser cultural que é o homem razoável! Jogo de palavras e de posições teótico-práticas, que correspondem a orientações fundamentais do saber e do agir humanos, historicamente datadas e globalmente propostas como prioridade na resposta aos desafios civilizacionais. A tensão dialéctica entre naturalismo e culturalismo reclama uma atitude de convergência e de equilíbrio. Para o futuro: realismo responsável duma cultura em desmesura, perante uma natureza ferida de morte ou ainda fonte de vida e regaço de abrigo?

Sugestão de textos :

"A monadologia de Leibniz, convenientemente reformada, presta-se perfeitamente a esta interpretação do mundo, ao mesmo tempo naturalista e espiritualista. O espírito é que é o tipo da realidade: a Natureza não é mais do que uma longínqua imitação, um vago arremedo, um símbolo obscuro e imperfeito do espírito. O Universo tem pois como lei suprema o bem, essência do espírito. A liberdade, em despeito do determinismo inflexível da Natureza, não é uma palavra vã: ela é possível e realiza-se na santidade. Para o santo, o mundo cessou de ser um cárcere: ele é pelo contrário o senhor do mundo, porque é o seu supremo intérprete. Só por ele é que o Universo sabe para que existe: só ele realiza o fim do Universo."

Antero de Quental - Carta a Wilhelm Storck , 1887.

"Je ne sais pas ce qui se passe en moi. Cette pesanteur me lie au sol quand tant d'étoiles sont aimantées. Une autre pesanteur me ramène à moi-même. Je sens mon poids qui me tire vers tant de choses! Mes songes sont plus réels que ces dunes, que cette lune, que ces présences. Ah! le merveilleux d'une maison n'est point qu'elle vous abrite ou vous réchauffe, ni qu'on en possède les murs. Mais bien qu'elle ait lentement déposé en nous ces provisions de douceur. Qu'elle forme, dans le fond du coeur, ce massif obscur dont naissent, comme des eaux de source, les songes..."

Antoine de Saint-Exupéry - Terre des Hommes . Paris : Gallimard, 1939, pp. 87-88.

"Indeed, there is perhaps something inherently mistaken in the attempt to define what nature is, independently of how it is thought about, talked about and culturally represented. There can be no adequate attempt, that is, to explore "what nature is" that is not centrally concerned with what it has been said to be, however much we might want to challenge that discourse in the light of our theoretical rulings."

Kate Soper - What is Nature? Oxfotd: Blackwell, 1995, p. 21.

.
..
José Gonçalves Gama: Licenciatura (1971) e doutoramento (1991) em Filosofia - Braga. Licenciatura em Teologia (1976) - Frankfurt. Professor na UFPE - Recife (1985-1994). Professor Associado na Faculdade de Filosofia de Braga da UCP. Lecciona: Filosofia em Portugal e Cultura Portuguesa. Principais áreas de interesse e de investigação: Pensamento português - filosofia e cultura.