NATURAL?! O QUE É ISSO?
ABERTO O COLÓQUIO
De 2.11.2003 a 21.05 2004
INICIATIVA DO PROJECTO LUSO-ESPANHOL
"NATURALISMO E CONHECIMENTO
DA HERPETOLOGIA INSULAR"
Subsidiado pelo CSIC (Madrid) e ICCTI (Lisboa)


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Sobre espécies endémicas
e outras introduzidas nos Açores (1)
LUÍS M. ARRUDA
Introdução

Seguramente, não há qualquer avaliação da fauna e da flora encontradas aquando da descoberta das ilhas dos Açores, mas são descritas como muito arborizadas por escritores do século XVI. Por exemplo, com Frutuoso conhecem-se muitas das plantas ali encontradas pelos descobridores e que fazem parte « da flora indígena destas ilhas e muitas das aves que então as povoavam e visitavam, algumas das quais desapareceram, mas que, por certos caracteres, que se não esqueceu de notar, se podem identificar ainda hoje » (Ferreira, 1937).

Mais, a tarefa de determinar a origem e a constituição dos povoamentos faunísticos e florísticos originais dos Açores tem sido difícil porque desde a sua descoberta até que tiveram lugar as primeiras expedições científicas, no século XVIII, foram introduzidas muitas espécies de animais e plantas, de muitas partes do mundo, por causa da posição que ocupam, no meio do Atlântico Norte. Situados na margem da Corrente do Golfo, os Açores não estão em local particularmente favorável em relação às correntes oceânicas para receber migradores da Europa, pelo que as características, predominantemente europeias ou lusitanianas, das espécies animais e vegetais podem dever-se, em grande medida, à influência que o homem tem tido na História Natural.

Neste artigo abordam-se as origens das espécies endémicas dos Açores, numa perspectiva histórica, e as alterações produzidas pelo homem, nomeadamente na paisagem, graças à introdução de espécies estranhas. Aborda-se ainda o papel pioneiro de Francisco de Arruda Furtado (1854-1887) no estudo da origem e da evolução das espécies nesta região insular por meio da interpretação de diferenças morfológicas entre populações.

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