Simbolismo e cor nos bordados de Castelo Branco:
Alquimias de um Jardim para a cama dos noivos
M. Fátima Paixão*

INDEX

Introdução
Sobre o bordado de Castelo Branco : Origem, estrutura e pontos
Simbolismo
De tarefa individual a ex libris da cidade
Cores e corantes no bordado de Castelo Branco
Plantas e animais tintureiros
As fibras
Actividades experimentais
Breve apontamento histórico, recente de pouco mais de um século, dos corantes sintéticos, que fizeram secar os jardins das plantas tintureiras
O Jardim semeado na cidade
Bibliografia

A cama dos noivos em imagens

Simbolismo

As colchas são a expressão máxima do bordado de Castelo Branco. Belas peças que a rapariga bordava para colocar no seu leito de núpcias. Ao longo dos tempos foram sendo copiadas, na totalidade ou em parte e, neste caso, por certo que os motivos seriam adaptados simbolicamente a quem as bordava. Mas constituíam sempre um belo Jardim para estender sobre a cama e exibir depois, em dias de festa, nas janelas ou nas sacadas.

Na simbologia abundam muitos motivos, principalmente vegetalistas, mas também animalistas. Os símbolos surgem principalmente associados à vida sentimental.

A rapariga semeia nesse seu Jardim, que a mãe lhe ensina a cuidar, o cravo e o lírio, que representam o amor do homem e o amor da mulher. Aliás, o cravo (dianthus caryophyllus) está associado ao planeta Sol e ao elemento fogo e é tido como fonte de grandes energias em rituais, quando usado como incenso; Já o lírio (Íris) está associado a Vénus e ao elemento água, e é usado em feitiços de amor, banhos e incensos.

Depois, o Jardim vai sendo minuciosamente cultivado, conforme a idade e o estado amoroso da rapariga que o borda e também a abertura que tem com a mãe, que já esteve enamorada como a filha. Mas há sempre segredos que se escondem no Jardim: Se o namoro ainda não é autorizado, um pássaro pode simbolizar o namorado. A alcachofra simboliza a certeza do amor, os miosótis são beijos, as gavinhas são abraços, a hera significa a saudade do amor ausente. Se o namoro já vai avançado, já se pode cultivar no jardim a albarrada, ramos de flores que partem de um único pé e que podem estar contidos num vaso, para representar a família, o cacho de uvas simboliza a sua unidade e a romã a fertilidade desejada. O galo representa a autoridade, que então, a rapariga reconhecia ao homem, como chefe da família; a ave bicéfala representa a união pelo amor; algumas vezes tem um coração que as une.

A árvore da vida é, em si mesma, um símbolo completo, associado ao cosmos em toda a sua extensão. Nas colchas de Castelo Branco é um hino à exuberância da vida, vegetal e animal, exibindo as suas raízes que suportam todos os abundantes símbolos distribuídos harmoniosamente pela árvore, sempre numa policromia exuberante. Conjuga a fertilidade e a abundância, na unidade do amor.

Aliás, na Bíblia aparece com frequência a árvore como símbolo da vida, do crescimento, da prosperidade e do ressurgimento.

 
(*) Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico de Castelo Branco.
E-mail: fatimapaixao@ese.ipcb.pt

 

Apenas

"Naturarte" e "Lápis de Carvão"
Comunicações aos colóquios em livros de cordel, publicados pela
Apenas Livros Lda.

Outros espaços da ciência no sítio:

Jardins

Naturalismo

Naturarte

Outros espaços da espiritualidade no sítio:

ISTA - site do Instituto S. Tomás de Aquino

Espirituais

Alquimia em Portugal - António Amorim da Costa

La Langue des Oiseaux - Richard Khaitzine

Associação de Socorros Mútuos Artística Vimaranense (ASMAV) - Guimarães
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Última Actualização:
17-Mar-2007